quarta-feira, 2 de março de 2011

A praia

Percorro um pouco mais de 100 metros, chego a uma praia no litoral catarinense e estou diante de um mar maravilhoso. Mais exatamente me situo na praia da Pinheira vizinha a Guarda do Embaú, local de natureza exuberante e intocado, e isso se explica ao fato da região estar dentro do Parque Estadual da Serra Tabuleiro, área ambiental por lei estadual. Vou desfrutar de todo esse privilegiado ambiente natural.
Finco o guarda-sol na faixa de areia fina e alva. Acomodo-me preguiçosamente numa cadeira de alumínio com assento de lona. Aprecio deslumbrado aquele conjunto das leis que regem as existências das coisas, ali de forma magnífica.
Levanto-me, chego à beira-mar. Água de temperatura amena, límpida e transparente. O olhar se perde no horizonte, na vastidão do mar imenso. Se não sentisse ou visse toda aquela resplandecente realidade tudo poderia passar por um devaneio.
Volto a me acomodar na cadeira. Passo a observar outro aspecto da generosa natureza, essa humana, em algumas mulheres. Nem todas são perfeitas. Há aquelas que não foram aquinhoadas ou foram esquecidas pela mãe natureza. Umas gordinhas, outras baixinhas e entre elas as feinhas e essas me desculpe parafraseando Vinicius de Moraes: “que elas me perdoem, mas beleza é fundamental”.
Mulheres e mulheres, as lindas, as rainhas, todas. Entre todas, passa na minha frente na improvisada passarela na areia, aquele monumento em homenagem a beleza e a graça da mulher. Linda, demasiadamente formosa. Caminha lentamente de forma malemolente, de andar provocativamente reboliço. O biquíni, com a tendência da moda atual - colorido, tomara que caia, lacinhos unindo a parte da frente com a de traz – emoldura aquele corpo de deusa. Imponente como uma rainha deixa os súditos boquiabertos, claro os homens. Alguns estão acompanhados de suas mulheres. Cada um, de esguelha, para não dar bandeira e consequentemente bobeira, aprecia o maravilhoso momento. Aquela visão permite na mente de alguns surgir a maledicência em razão da sexualidade. A libido provoca o id, o inconsciente, os impulsos instintivos que deseja ardentemente que um dos lacinhos do pequeno biquíni se desate e a imaginação fique à solta. Em contraposição, por uma questão de pudor, funciona o ego, parte organizada do sistema, mediador e integrado, ponto de equilíbrio, para que a indefesa jovem não fique a mercê do ímpeto sexual, se livre de um constrangimento, não passe vergonha pelos maus pensamentos no simples desamarrar de um laçinho.
Indiferente a tudo, imune a qualquer desejo, prossegue em seu caminhar monárquico, digno de uma rainha. Os outros que pense o que pensarem.

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