quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Praxedes,o exemplo


Alguém por certo já ouviu falar do Praxedes. Quem nunca escutou nada sobre o nosso personagem, novamente aqui retratado, alguns detalhes sobre seu perfil são informados. Trata-se de um funcionário público!!! Opa desculpe. Retificação para o politicamente correto: servidor público de carreira, aprovado em concurso.
Praxedes é exemplar no desempenho da função pública. Idôneo, fiel cumpridor de suas obrigações funcionais. Tem o inato pendor da responsabilidade do unicamente certo. Cidadão de personalidade ilibada, figura impoluta de caráter sem jaça, probo, de indiscutível retidão, intocável em sua honestidade, um ser incorruptível e ao que parece no mundo dos espertos, preguiçosos, enganadores, velhacos, sem-vergonhas, cretinos, canalhas e espertalhões, espécime em extinção.
A repartição em que trabalha tem acumulo de serviço algo que não o assusta justamente porque ali trabalha com eficiência, competência, desvelo e carinho.
Trabalho é seu desígnio determinado, seu firme propósito, a realização pessoal, por isso não se importa com as obrigações em demasia. Nunca reclama. Vive do trabalho e pelo trabalho. Por suas virtudes profissionais, toda e qualquer enrolação administrativa, os mais difíceis rolos, desordem na organização, confusão com papéis, sempre tem alguém que recomenda: “Entrega lá para o Praxedes”.
Um barnabé diferente, modesto, simplista, de salário mensal de um pouco mais de três mínimos, profundamente cônscio de seus deveres, de integração total ao serviço. Desenvolve sua rotina funcional - o expediente de seis horas - numa pequena sala, acanhada, mas enorme para suas aptidões.
Às vezes ultrapassa em uma ou duas horas o horário estabelecido, o expediente normal. Horas extras a que tem justamente direito bem que poderiam ser cobradas sem qualquer constrangimento. Não o faz. De moral límpida jamais alguém poderia desconfiar da seriedade da cobrança, duvidar do trabalho realizado extraordinariamente.
Porém Praxedes não permitiria que houvesse o mínimo de um pensamento negativo, a dúvida do deslize, de ser confundido com falcatruas, com o comércio das horas extras.  Decididamente não quer saber de horas extras. Talvez por simples capricho.
Praxedes é um servidor público de muitos anos. Não falta muito tempo para se aposentar. Nesse passar de anos no serviço público, a cada eleição vê a troca nos cargos de confiança. São dezenas, em certas ocasiões até centenas de pessoas, ocupando os chamados Ccs gente de que por alguma maneira se faz por merecer uma “boquinha”, companheiros apaniguados, cabos eleitorais, militantes, parentes, conhecidos, vizinhos, amantes porque não, sempre tem uma vaguinha junto ao poder público.
A maioria estão ali para passar tempo, sim aqueles que comparecem. Tem gente que nem aparece ao local de trabalho que usufruem das benesses literalmente, sanguessugas do erário público, aproveitadores do dinheiro do contribuinte.
Praxedes se esfalfa com o trabalho. No salão contíguo lá estão os Ccs com o computador ligado. Puro fingimento se alguém pensar que se trata de trabalho. Não.
Na tela de alguns computadores se observa que malfadados Ccs buscam jogos. Há aqueles de massa cinzenta com parcos neurônios que se divertem com o joguinho de paciência. Aqueles beneficiados um pouco mais inteligentemente se aventuram com o freecell ou campo minado. Tem gente que não joga nada, prefere ver mulher pelada ou homem pelado. Afinal entre os Ccs há mulheres ou homens de dúbias opções sexuais.
E o Praxedes trabalhando.



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