Foi assim. Bem assim. Não faz muito tempo, passado recente.
Na época, a partir do governo federal, com o presidente Lula à frente de um
séquito formado por governadores estaduais, prefeitos de capitais e mais a
sociedade civil organizada, queriam porque queriam trazer para o Brasil a Copa
do Mundo.
Todos queriam. Unidos em seus firmes propósitos estavam os governos,
a coletividade brasileira através das elites dominantes e mais os órgãos
representativos específicos e de classe, instituições e entidades, como a CBF. Além
dos esforços de toda essa diversificada gama social representativa brasileira,
políticos e personalidades, não poderia ficar fora do contexto, do desejo em
patrocinar a mais importante competição de futebol do mundo, a força poderosa e
ostensiva da mídia, principalmente por parte da Rede Globo. Poucas foram as
vozes contrárias, uma ínfima minoria mostrou seu descontentamento com a
realização do evento. Enfim, pelo desejo dos grupos dominantes, pela pressão exercida,
delineada e determinada de forma poderosa e eficaz, a Copa do Mundo, no próximo
ano, terão como sedes 12 capitais brasileiras.
Quiseram por que quiseram e assim será realizada a Copa do
Mundo em bravas terras brasileiras, no berço esplendido da pátria amada Brasil.
Naquela ocasião o povão, as classes menos influentes, pobres
proletários, não fora consultado, nem tinha como exprimir suas idéias pela
ausência de algum porta-voz, de uma liderança qualquer, não havia protestos nas
ruas.
Talvez, quem sabe, até mesmo essa população em seu íntimo
desejaria uma Copa do Mundo no Brasil, tempo em que estava tudo bem
politicamente, presidente Lula com altos índices de aceitação e prestigio
popular, a economia em processo redentor e acelerado. Países pelo mundo
sofrendo efeitos profundos e negativos de um tsunami econômico e financeiro
enquanto por aqui se sentia apenas uma marola.
Afinal se trata de um país, belo, forte, de impávido
colosso.
Por tudo isso o povo estava alegre e feliz com as suas
bolsas famílias, Copa do Mundo em casa. Nunca, jamais a necessidade da
população ir para as ruas em passeatas reclamar, agitar, brigar contra tudo e contra todos. Besteira,
bobagem mesmo. Até as passagens de ônibus estavam baratas. O tempo passou do sonho, a realidade. O
passado ficou com aquele momento de vibrante de euforia. Sim, o Brasil tinha
vontade, condição, determinação, mostrar ao mundo sua capacidade de organização
para realizar grandioso, portentoso e suntuoso espetáculo esportivo. A megalomania,
para a brava gente brasileira não se trata de um delírio ou de uma fantasia.
O tempo passou em sua marcha inexorável, a ordem natural das
coisas seguiu seu roteiro. Tempo atual, a realidade é outra. Fora Copa do
Mundo. Os protestos estão pelas ruas regurgitadas de pessoas indignadas. O povo
clama por hospitais. Nada de estádios edificantes. A população deseja escolas.
Nada de arenas monumentais. Bilhões gastos para um mês de jogos de futebol.
Nada, nenhuma micharia a mais para a construção de um hospital de eterna
validade e benemerência ou escola para ensinar ao menos uma geração de alunos. Copa
do Mundo, tempo de euforia de Lula. Copa do Mundo tempo real e difícil de
Dilma. Lá, antes, tempo passado, uma coisa. Hoje, aqui e agora, tempo presente,
outra coisa. A casa caiu, desmoronou a utopia, o país mudou. Sobrou para a
Dilma. Ela foi vítima principal
(Datafolha por pesquisa mostrou a vertiginosa queda de seu prestígio), sofreu o
maior desgaste político com a onda de protestos.
A realidade é outra, não é de Copa do Mundo. O povo está nas
ruas porque ele sabe:
“Se ergues da justiça a clava forte, verás que filho teu não
foge a luta”.
Ou seja: contra a injustiça ninguém foge a luta com a clava
forte na mão, jamais o povo desistirá dos protestos nas ruas.
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