O grande sucesso musical da década dos
anos 50, foi Autumn Leaves (Folhas de Outono) cantada por Nat King Cole. Dezenas
de outras gravações ocorreram desde aquele tempo, destacando-se Frank Sinatra e
recentemente Bob Dylan. Autumn Leaves, trata-se de uma composição musical
talentosa, de inspiração romântica e sentimental. A poesia é de amorosa sensibilidade.
Na tradução, o primeiro verso:
“As folhas que caem no chão em direção a
minha janela/As folhas de outono de vermelho e ouro”
Folhas de outono, secas ou mortas.
Outono estação espremida na transição entre o calorento verão e o friolento
inverno, duas estações contrapostas evidentemente. O agora outono austral,
iniciado em março, modifica o mundo natural, fenômeno físico que se caracteriza
com a diminuição da luz solar. O escurecer da noite chega cedo, diminuindo o
espaço da tarde e consequentemente o dia. O crepúsculo vespertino, tempo
macambuzio, oportuniza para refletir, meditar, analisar, as circunstâncias
entre tantas, comportamentos, fatos e conceitos. Outono, a estação que causa
melancolia, observando-se as folhas dos arvoredos, que já foram verdes, cheias
de vida, agora tristonhamente empalecidas, amareladas, folhas secas. O tempo de
outono determina que elas abandonem os galhos das árvores. São folhas de
outono, impelidas inexoravelmente a cair. Tentam evitar esse malogrado destino
para não serem estupidamente pisoteadas e inclementemente varridas, causando o
pungente som da folhas secas pisadas. Assim esvoaçam demoradamente ao sabor do vento
frio, na tentativa de não chegar ao indefectível destino. Folhas ao léu, que
deveriam proteger árvores as deixam indefesas, desnudas, pelo castigo da
intempérie. Folhas no chão. Nenhum empecilho ocorreu para aquilo que estava fadado.
Mesmo assim, são predestinadas a promover outra beleza natural. No chão,
espalhadas colorem com diversos matizes, do amarelo ao vermelho, tons
indefinidos de beleza. Parecem ainda cheias de vida. Passantes comuns não observam aquele encanto
disperso. Já as pessoas, amantes da natureza, caminhando em parques, ficam
deslumbradas, têm a simples, cativante e agradável sensação de ouvir aquele som,
quase silencioso, do vento movendo as folhas secas. O vento pode levá-las a lugares
incertos e desconhecidos. Atiradas no chão uma varredura acontece para deixar o
local limpo. Varridas, algumas ainda têm utilidade, tornando-se lixo orgânico. Outras
não têm serventia alguma por ignorância das pessoas, são atiradas em lugar fétido
num lixão, misturando-se com toda espécie de excrementos. Folhas que viram
lixão atiradas em covas simples, preparadas para as folhas mortas, ou cadáveres,
sem qualquer respeito, piedade, consolação, ali enterrados como se fossem
indigentes.
O texto pode ser interpretado como
metáfora, pode ser interpretado como mera coincidência
Enfim, folhas de outono, folhas secas,
folhas mortas.
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