quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Cadê o governador? Onde foi? A sauna?

Tudo começou algum tempo atrás como boato, mais parecendo ser apenas uma medida intimadora, uma ameaça aos funcionários públicos gaúchos com o parcelamento dos salários, providência desrespeitosa e injusta de cunho social.
Mais. Iniciativa iníqua que revela uma desigualdade funcional. O parcelamento dos salários atinge tão somente o pessoal do poder executivo. Os servidores do poder judiciário e legislativo estão eximidos da retaliação financeira do governo, injustiça que parece ser contrária ao princípio constitucional da igualdade. Enfim, o que parecia ser balela tornou-se verdade; a boataria uma realidade; aquilo que todos os servidores desconfiavam aconteceu: o salário de parte dos funcionários seria parcelado em três vezes. A confirmação dessa apreensiva situação aos funcionários ocorreu de maneira informal numa declaração do vice-governador gaúcho. E o governador? Cadê o governador? Estaria numa festa do Dia do Colono? No dia seguinte a informação oficiosa do vice, foi a vez do secretário da fazenda oficialmente declarar que os funcionários do executivo que percebessem acima de CR$ 2.150,00 teriam seus ordenados decididamente, por irremediável medida, parcelados.
Vice, secretário, anunciando essenciais e consideráveis decisões de intensidade envolvente na vida social, no cotidiano de parcela importante da população gaúcha.
Cadê o governador? Esteve passeando pelo Paraná ou foi à sauna? Num momento político tão relevante negativamente, numa significativa aflita situação de governança, de administração pública de intensa dificuldade, o governante se omitiu. Deveria pessoalmente e necessariamente se pronunciar. Preferiu de certa forma ocultar-se, manifestando-se aos anseios do funcionalismo por redes sociais.
Dito isso, nota-se que o parcelamento dos salários revela outra situação difícil, perto da humilhação: o arrocho salarial do funcionalismo. 47% dos funcionários não receberam os salários do mês de julho no período aprazado. Razão disso, o parcelamento. O motivo - conforme foi dito - eles ganham acima de R$ 2.150,00. Assim configura-se outra conjuntura, lógica dedução: a outra maior parte, mais da metade dos funcionários públicos receberam em dia os salários, ou seja, mais exatamente 53% ganham menos dos valores estipulados de R$ 2.150,00, vencimentos concernentes em maioria ao pessoal de serviços gerais, soldados da Brigada Militar e professores. Comprova-se. Há uma defasagem salarial imensa na comparação dos gaúchos com outros estados. O Rio Grande do Sul é o segundo estado que tem o pior salário pago ao soldado da policia militar. Inferior aos gaúchos, só mesmo a corporação do estado de Roraima. O estado gaúcho paga mal ao magistério. O seu piso salarial está entre piores do país. Pelo parcelamento observa-se: um total de 62% dos professores recebeu em dia seus salários. Não atrasou o pagamento. Beleza! Qual nada !!!
O percentual é prova irrefutável, de forma deprimente, que entre 10 professores da rede estadual de ensino, somente quatro tem salários superiores a R$ 2.150,00. Conjeturas quanto aos próximos pagamentos se fazem importantes e necessárias através de um cálculo futurista salarial. A última parcela dos salários de julho será paga em 25 de agosto. Provavelmente salários de agosto pagos em setembro? De setembro em outubro? Outubro sabe-se lá quando. Novembro, dezembro, 13º, certamente ano que vem, em que mês, mistério.
O pior está para acontecer. Cogita o governo parcelar salários, desta feita, a partir de  R$ 1.000,00. Assim, alguns “privilegiados” receberão em dia: serventes em escolas, professores de 20 horas semanais com salários de um pouco mais de R$ 800,00.

Em tempo: aqueles assessores de deputados – alguns que nem comparecem ao trabalho – de salários que variam de R$ 2.700,00 a R$ 14.000,00 não terão parcelamento: poder legislativo.             

domingo, 2 de agosto de 2015

Otário...bobo...panaca

O golpe é conhecidíssimo, manjado por longos anos. O sujeito se mostra com aquela aparência tímida, meio boboca, expressando plena humilde, com jeito de alguém desorientado, parecendo sem instrução. Com um bilhete da loteria federal, evidentemente falsificado, depois de uma espreita, se aproxima de uma pessoa previamente escolhida como personagem de uma trama (sempre um idoso) na saída de um banco depois da retirada de determinada quantia. O encontro e inicia-se a lenga-lenga como isca (não sabe como receber o dinheiro, não conhece ninguém), a conversa fiada, o engodo; a promessa de um bilhete premiado de interessante valor e a possível troca por um interessante valor maior, sempre quantia superior àquela que a vítima retirou da agência bancária. A ganância, a ambição exagerada, facilita a ação criminosa dos meliantes. Tenho meu dinheiro, mas é fácil ter mais. O bilhete falso é trocado por dinheiro verdadeiro.
Essa fraude, a adulação astuciosa, esta na cultura transgressora, também chamada popularmente conto do vigário. Não sou pessoa gananciosa, nem ambiciosa, nem um tolo para ser iludido por uma farsa repetida, batida.
No entanto passei por otário, bobo, pateta, pois fui iludido ingenuamente por um golpe desconhecido completamente por mim.
Um domingo desse qualquer. Almoço em família. Em determinado momento, o som intrometido e inconveniente da campainha acionada lá fora no portão interrompe a refeição. Incomodado, mesmo assim vou verificar do que se trata. A principio acreditei trata-se de pessoa ligada a alguma seita – como vez por outra acontece – doando revistas e a tentativa de me evangelizar. Não foi o caso.
Deparei-me com um sujeito razoavelmente vestido, de razoável aparência.
Antes, porém do fato propriamente dito a ser relatado, é imprescindível dizer que moro por mais de 30 anos no mesmo local e com isso o conhecimento de todos os vizinhos. Algum tempo atrás na esquina da rua onde moro (aproximadamente 100 metros) foi construído um prédio de apartamentos - desvirtuando todo o panorama local em que as residências são casas -, cujos moradores desconheço.
Pois bem, dito isso, vamos ao fato. Indago ao individuo o que deseja. Esbaforido, se mostrando inquieto e ansioso, com aquela fisionomia de “pelo amor de deus, me ajude”, com voz tremula, quase gaguejando, suplica:
- Moro ali naquele prédio. Perdi a chave do apartamento e tenho que chamar um chaveiro e não tenho nenhum tostão. Eu preciso de 35 reais. Poderia me emprestar? 
Meu coração caridoso pronto a cooperar, o meu ser altruísta com intuito de colaborar, o espírito filantrópico de amor ao próximo, prontamente prestou a ajuda e com isso mais um panaca, um imbecil na crônica do cotidiano cômico, idiota e hilário.
Mais. Mais bobeira feita. Não dei somente os 35 reais necessários. Como tinha somente duas notas de 20, doei 40 reais. O individuo vigarista deve ter ficado alegre de felicidade com a minha bondade boba e a estúpida ingenuidade.
Quando forneci a grana ao falso individuo, ficou a promessa de que naquele mesmo dia ele devolveria o valor e até mesmo como garantia ofereceu seu celular (provavelmente roubado).
Por tudo isso, o epilogo do cômico acontecimento, o final da bestial ocorrência não é difícil adivinhar. O sujeito nunca mais voltou, desapareceu como fantasma e deve morar no quintos do inferno