terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Flamengo Flamengo Flamengo

Rio de Janeiro, capital do Brasil, Distrito Federal. O Palácio Monroe era o Senado Federal, imponente prédio, limítrofe com a avenida Rio Branco, perto da Cinelândia, Foi demolido. Não há nenhum vestígio de toda aquela magnificência do poder. A Cinelândia era lado cultural da região, com seus cinemas e teatros. Havia o lado boêmio como o bar Amarelinho (assim chamado pela cor), onde figuras proeminentes da época, celebridades e famosos se encontravam. Um dos símbolos da era de ouro da Cinelândia era o Hotel Serrador, monumental e luxuoso, com seus 23 andares, considerado na época o maior da América Latina, hoje tombado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). O tombamento inclui tudo, desde a cobertura até gradis e escadarias. Hoje, o edifício está vazio. Seu último inquilino foi o empresário Eike Batista. Os negócios de Eike ocuparam o prédio durante dois anos. Dizem mais. O hotel era conhecido de outra maneira: políticos de outros estados ali se hospedavam, com a oportunidade para programas   extraconjugais.
Seguimos para a zonal sul, até o bairro Flamengo. Antes bairro Glória, onde se encontra o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra, popularmente conhecido como Monumento aos Pracinhas. Perto dali, logradouro majestoso, Praça Paris. Ainda encontra-se a igreja Nossa Senhora da Glória do Outeiro. Também na região o internacional Hotel Glória, hoje desabitado.
Adiante o Parque (aterro) Flamengo, o maior do mundo.
O bairro Flamengo, tem nome de origem dos Países Baixos. Um aventureiro neerlandês tentou invadir o Rio pela praia. Os Países Baixos historicamente são conhecidos como flamengo. Depois dessa dissertação histórica vamos ao assunto propriamente.
Surgiu então o Clube Regatas Flamengo, que nada tem a ver com o bairro, destinado tão somente a prática do remo, mais tarde surgiu o futebol.
O Flamengo é um excepcional time de futebol, sem dúvida o melhor em todos os tempos. Campeão no Brasil, campeão da Libertadores da América, e vai em busca do título mundial de clubes diante do Liverpool. Melhor do Brasil, na América do Sul, quiçá campeão do mundo. Ainda mais. Conseguiu a proeza de ser campeão numa competição (Libertadores da América) e 24 horas depois, o campeonato brasileiro.
O único time a obter essa façanha foi em 1963, Santos F.C
Somente com a conquista da Libertadores ganhou 85 milhões de reais. Local de treinamento e alojamento do clube denomina-se Ninho do Urubu. Urubu, que poderia ser uma ofensa ao Flamengo, passou a ser mascote. O Flamengo era chamado com epiteto de urubu, por ser a maioria dos torcedores formada por negros, O preconceito racista não abalou seus torcedores. Num jogo Flamengo X Botafogo certo torcedor levou um urubu para o Maracanã. Soltou ao ar e pousou no gramado. Flamengo venceu por 2x1, dizem que a causa da vitória foi o urubu. A imensa torcida rubro-negra merece depois de 38 anos as conquistas. Além da imensa torcida ela aumentou por gremistas e colorados, afinal mais uma vaga na Libertadores.
Uma vez Flamengo sempre Flamengo, campeão de terra e 

CRIME HEDIONDO


Faz tempo. Tempo em que algumas pessoas deslocavam-se de Caxias do Sul para Farroupilha e vice-versa, pessoas que aqui trabalhavam na indústria ou comércio, ou como professor, sempre utilizando ônibus da empresa Ozelame, realizando aquele percurso usual. Entre tantos horários havia um, especificamente, 18hs 20min..Pela assiduidade daquele horário um grupo foi formado, aproximadamente entre seis passageiros... eu junto.  Percorrendo o itinerário habitual, em torno de 40 minutos, tempo suficiente para se fazer amizade, jogar conversa fora, contar fatos corriqueiros decorridos durante o dia, principalmente aqueles espirituosos, engraçados. Assim o tempo passava rápido, num trajeto enfadonho, coletivo lotado, sem conforto e ainda a apoquentar o aborrecido pinga-pinga. Nas sextas-feiras o ambiente era bem mais animado, a turma se esbaldava na euforia, afinal, sábado e domingo em casa. Hoje em dia se diria “sextou”. Vida que segue, a fila que anda, não se sabe para onde, talvez para um lugar incerto e desconhecido. Na segunda-feira tivemos conhecimento de um trágico desfecho da vida. Entre aquela turma conheci Ivana – jamais esqueci seu nome pelo trágico destino – moça simples, de fácil relacionamento, comunicativa, com tendência instintiva pela empatia, a inclinação plena para o sorriso, a felicidade aberta em claros olhos, a vontade intensa de viver, certamente com uma infinidade de propósitos, projetos, esperança de um auspicioso futuro. Não chegou ao futuro, o presente terminou, tudo ficou num horrendo passado. As aspirações de Ivana abruptamente foram encerradas, o palco de sua vida desmanchou-se, encerrou-se, as cortinas fecharam-se, decididamente tudo acabado. A peça do teatro de sua vida acabou típica das tragédias gregas, forma trágica, horripilante, dantesca, uma vida horrivelmente findada. Ivana assassinada, seviciada, estuprada, truculência escancarada. Não merecia aquela atrocidade, ninguém. Foi um ato animalesco, protagonizado pela irracionalidade, por um, ou mais psicopatas, tresloucados, ato de aterradora bestialidade. Quem conviveu com Ivana, até desconhecidos, fica entorpecido num sentimento de revolta, de repulsa.  
Vítima de cruel crime, o corpo de Ivana foi literalmente dilacerado, há quem afirme algo nunca visto como registro de necropsia no (IML). Um cadáver despedaçado, trucidado, um corpo inerte mutilado por furiosa raiva. A vida de Ivana não seguiu, ficou parada, foi para um lugar certo, mas ainda desconhecido. Pela decomposição do corpo, pelas machucaduras no rosto, o velório foi em esquife fechado. Melhor assim ao invés de dilacerante momento com o ataúde aberto. O último instante, a derradeira despedida foi negada aos parentes e amigos. Na lembrança fica somente o profundo olhar num rosto jovial, vivaz, de beleza para a vida que a esperava. Morte cruel chegou antes. Violenta abjeção, uma monstruosidade praticada por um alguém ou, por outros alguéns. Vida interrompida, vítima da crueldade, o desenlace inesperado e precoce, a breve interrupção definitiva da vida. Ivana, vida que se foi, que causou dor cruente para todos nós.
Continuamos a usar o ônibus das 18hs 20 min. Sem mais aquela alegria, a afetuosidade inerente. O coletivo parecia andar mais devagar. Ao invés de 40 minutos, o trajeto parecia ser de 60. Não chegava nunca. Não mais importava o desconforto, muito menos o incessante pinga-pinga. Ambiente de melancolia. Faltava alguém naquele ônibus, faltava Ivana.