sábado, 21 de maio de 2011

Grenal

Rádio ligado. O narrador com sua voz impostada e empolgante – parece até candidato num comício em campanha política – transfere ânimo e júbilo ao público incentivando o ouvinte para o Grenal prestes a iniciar-se. Aguarda-se tão somente que se abram as cortinas para o espetáculo, bordão de um antigo locutor radiofônico.
Depois do uso de toda verborragia, enaltecendo a qualidade dos dois times, a presença do público e claro uma série de inserções comerciais (é necessário faturar), o narrador convida o comentarista a dar sua opinião. Entra em detalhes táticos do jogo. Parece um professor de matemática lidando com números. Trata dos possíveis esquemas a ser utilizados: 4.4.3.,4.4.2, 3.4.1 ou algumas outras variações numéricas. Na verdade parecem mais indicações de linhas de ônibus.
Outro comentarista parece mais afeito às questões geométricas. A tática é baseada na posição dos jogadores na superfície no campo formando um quadrado ou um losango.
Chega à vez dos repórteres. Devaneiam sobre possíveis escalações das equipes (a escalação oficial ainda não foi fornecida). Imaginam quem joga ou não joga quem. Buscam mínimos detalhes, subsídios para obterem alguma informação ou uma entrevista a ser feita. De repente, como se fosse possível, sem encontrar manifestação premente, algo mais importante, até mesmo o quero-quero esvoaçando em campo tem algo a dizer. Nas cogitações do sensacionalismo, na busca da noticia, até isso pode acontecer. Nas arquibancadas a plebe ignara se manifesta ruidosamente com suas canções de incentivo, protesto, xingamento e por ai afora.
A moça de repente chama a atenção, grita:
- Tira a mão daí seu abusado, sem-vergonha. Bota a mão na mãe.
Nada é com ela, diretamente. A moça está de mão dada com o namorado. Ao lado dele um torcedor desconfiável por sua opção sexual, atrevido tenta segurar a outra mão. Escândalo? Deixa pra lá. Em tempos de união estável, pode.
Num canto do estádio um fumacê. Parece fumaça de combate ao mosquito da dengue. Não é. Queima-se ali uma conhecida erva de propriedades entorpecentes. Num exame antidoping certamente os torcedores daquele grupo seriam reprovados.
O jogo começa, Grêmio campeão (0x0); Grêmio 1x0, mais campeão; Empate 1x1. Ainda da Grêmio. Inter 2x1. Grêmio continua com as faixas. Inter 3x1, campeão.
Quase encerrando o jogo. Para os torcedores do colorado uma apreensão, para os gremistas uma esperança. Será que acontecerá o “frango” do Renan? Aconteceu.
Placard de 3x2 para o Inter. Na soma dos dois jogos tudo igual 5x5. Pelo regulamento decisão por pênaltis. A partir daí foi o que se viu. Internacional campeão. Graças a quem? Ao goleiro frangueiro que defendeu três pênaltis.

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