terça-feira, 14 de outubro de 2014

Sartori ganha no jantar

Foi assim, bem assim. Jantar no sábado, véspera de um domingo de eleições. Eram nove pessoas adultas - cinco homens e quatro mulheres - para um encontro de confraternização e saborear comida preparada a partir de um cardápio trivial, mas que não deixou de ser gostosa.
Numa ocasião dessas as pessoas falam de tudo, joga-se conversa fora comentando qualquer coisa não muito significativa Há muito tró-ló-ló, lero-lero e se faz divagações pela chamada cultura inútil.
Comentários sobre a vida dos outros: comadres, vizinhas e conhecidos. Daquele casal que surpreendentemente separou-se. Da vida e da morte se fala. Diz-se sempre alguma coisa sobre o passado, o presente e se faz vaticinações para o futuro. Os filhos sempre são lembrados pelo comportamento, por suas proezas.  Até mesmo os “caninis familiaris”, ou seja, a cachorrada, ora mal falados, ora elogiados.
De repente a conversa se torna séria e desagradável. São quatro casais, como são nove pessoas, uma está desacompanhada.
A indagação feita naquele momento por alguém é impertinente:
- E aí Henrique Carlos como está a vida de solteiro, digo separado.
- Mais ou menos. Enfrenta-se a situação, responde HC com uma fisionomia mostrando total decepção, intensa infelicidade.
Nesse tipo de conversa sempre tem gente mais curiosa, saber de detalhes.
- Afinal o que houve, o motivo da separação, incompatibilidade de gênios?
Henrique Carlos fica ruborizado, com a voz trêmula, falseada, responde:
- Não, nada disso. Liana Margarida, me deixou porque fugiu com um pastor de uma dessas igrejas de crentes.
A resposta motivou total constrangimento no ambiente. Para superar o momento inoportuno num relance alguém sugere:
- Chegou a hora da sobremesa. Adivinhem? Pudim com leite condensado.
Superado o importuno, existe a manifestação de outra pessoa:
- Gente, amanhã tem eleição. Já escolheram os candidatos?
A resposta vem unicamente quanto ao governo do estado.
Peremptoriamente um dos presentes afirma votar em Tarso.
Outro, decisivo em seu voto, diz votar em Sartori.
O dialogo prossegue. Alguém diz ter uma certeza: não vota em Tarso.
Outro alguém diz: não vota em Ana. Um quinto dialogante radicalmente afirma em não votar em ninguém. Quatro não se manifestaram, não claramente, com aquela aparência de indecisos.
Sem solução eleitoral pelos circunstantes, o pudim de leite condensado foi saboreado.
                                                        *** ***
Comentários sobre um jantar e o momento eleitoral.
Erram os institutos de pesquisas por não esperarem o inesperado de uma noite de sábado para o dia seguinte da eleição. A opinião das pessoas à volta do jantar se resume ao seguinte:
Tarso um voto, o mesmo para Sartori. Um eleitor do jantar não votaria no Tarso, o que poderia significar voto para Ana ou Sartori. Quem disse que não votaria em Ana poderia ter votado em Tarso ou Sartori. Observem que nas duas situações surge o nome de Sartori.       
Pelo resultado das pesquisas se deduz que os quatro que não se manifestaram votaram em Sartori. Como sempre quando se trata de pesquisas sempre há controvérsias.   




  




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