Foi assim,
bem assim. Jantar no sábado, véspera de um domingo de eleições. Eram nove
pessoas adultas - cinco homens e quatro mulheres - para um encontro de
confraternização e saborear comida preparada a partir de um cardápio trivial,
mas que não deixou de ser gostosa.
Numa ocasião
dessas as pessoas falam de tudo, joga-se conversa fora comentando qualquer
coisa não muito significativa Há muito tró-ló-ló, lero-lero e se faz divagações
pela chamada cultura inútil.
Comentários sobre
a vida dos outros: comadres, vizinhas e conhecidos. Daquele casal que
surpreendentemente separou-se. Da vida e da morte se fala. Diz-se sempre alguma
coisa sobre o passado, o presente e se faz vaticinações para o futuro. Os
filhos sempre são lembrados pelo comportamento, por suas proezas. Até mesmo os “caninis familiaris”, ou seja, a
cachorrada, ora mal falados, ora elogiados.
De repente a
conversa se torna séria e desagradável. São quatro casais, como são nove
pessoas, uma está desacompanhada.
A indagação
feita naquele momento por alguém é impertinente:
- E aí
Henrique Carlos como está a vida de solteiro, digo separado.
- Mais ou
menos. Enfrenta-se a situação, responde HC com uma fisionomia mostrando total
decepção, intensa infelicidade.
Nesse tipo
de conversa sempre tem gente mais curiosa, saber de detalhes.
- Afinal o
que houve, o motivo da separação, incompatibilidade de gênios?
Henrique
Carlos fica ruborizado, com a voz trêmula, falseada, responde:
- Não, nada
disso. Liana Margarida, me deixou porque fugiu com um pastor de uma dessas
igrejas de crentes.
A resposta
motivou total constrangimento no ambiente. Para superar o momento inoportuno
num relance alguém sugere:
- Chegou a
hora da sobremesa. Adivinhem? Pudim com leite condensado.
Superado o
importuno, existe a manifestação de outra pessoa:
- Gente,
amanhã tem eleição. Já escolheram os candidatos?
A resposta
vem unicamente quanto ao governo do estado.
Peremptoriamente
um dos presentes afirma votar em Tarso.
Outro,
decisivo em seu voto, diz votar em Sartori.
O dialogo
prossegue. Alguém diz ter uma certeza: não vota em Tarso.
Outro alguém
diz: não vota em Ana. Um quinto dialogante radicalmente afirma em não votar em
ninguém. Quatro não se manifestaram, não claramente, com aquela aparência de
indecisos.
Sem solução
eleitoral pelos circunstantes, o pudim de leite condensado foi saboreado.
*** ***
Comentários
sobre um jantar e o momento eleitoral.
Erram os
institutos de pesquisas por não esperarem o inesperado de uma noite de sábado
para o dia seguinte da eleição. A opinião das pessoas à volta do jantar se
resume ao seguinte:
Tarso um
voto, o mesmo para Sartori. Um eleitor do jantar não votaria no Tarso, o que
poderia significar voto para Ana ou Sartori. Quem disse que não votaria em Ana
poderia ter votado em Tarso ou Sartori. Observem que nas duas situações surge o
nome de Sartori.
Pelo
resultado das pesquisas se deduz que os quatro que não se manifestaram votaram
em Sartori. Como sempre quando se trata de pesquisas sempre há controvérsias.
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