Domingo, dia de eleição. Caminho em direção à seção eleitoral
onde irei cumprir o dever cívico de votar.
Num cruzamento de ruas, aguardo na calçada, junto ao meio-fio,
o sinal verde luminoso, para atravessar com segurança. Ao meu lado duas
mulheres conversam e me permitem assistir uma cena inusitada, até mesmo paradoxal,
pois ela envolve um caso sério e ao mesmo tempo hilariante. O dialogo engraçado,
mas com muita razão e proposital ao fato acontecido, começa com a primeira
mulher fazendo uma indagação à segunda.
- Vizinha já foi votar?
- Fui, mas não consegui votar
- Mas como? O que aconteceu?
Foi nesse momento, que a vizinha não votante, da explicação
ao acontecido tim-tim por tim-tim.
- Fui até ao local para votar com o título de eleitor.
Chegando lá um dos mesários me disse que para votar precisava de um documento com
fotografia. Pensei. Deram-me o título eleitor para votar e agora não serve para
nada. Fiquei indignada e revoltada. Pequei o título, mostrei e sacudi na frente
dos mesários e perguntei: então para serve essa merda?
Apesar do lado cômico, desrespeitoso é verdade, o ímpeto da
votante foi racional e sensato, resultado da incoerência eleitoral.
Sinal verde e atravesso a rua. Sigo em frente para votar,
claro com o meu título de eleitor – que também não sei qual a serventia – e evidentemente
com a cédula de identidade.
*** ***
Ana Amélia tinha plena convicção de vencer a eleição em 2014
para o governo estadual. A certeza em ganhar foi motivada pelas pesquisas.
Acabou não chegando ao segundo turno em detrimento de baixa votação em relação
a Sartori e Tarso Genro que foram para o turno final. Um dos motivos da
surpreendente votação de Satori, que se encontrava na terceira posição nas
pesquisas – já foi mencionado nesse espaço – pela escolha dos indecisos, 24
horas antes da eleição. Mas existe outro fato anterior que pode explicar a
surpreendente votação de Sartori. Na eleição de 2006, Germano Rigotto buscava a
reeleição e aparecia nas pesquisas em primeiro lugar com 29% dos votos. Em
segundo quase empatados Olívio Dutra e Yeda Crusius em torno de 22%. Surgiu
então o fenômeno denominado “voto útil”. Para evitar que Olívio chegasse ao
segundo turno o eleitorado conservador dirigiu sua votação para Yeda com a
convicção de que Rigotto estava garantido. Assim, o segundo turno da eleição seria disputado
entre os conservadores do PMDB e PSDB, ficando de fora o PT. Nessa conta de
chegar quem se deu mal foi Rigotto, que ficou fora do segundo turno prejudicado
pelo famigerado “voto útil”. A chegada de Sartori ao segundo turno pode também
ter revivido o “voto útil”. Acredito nisso pela afirmação de um cidadão.
Problema na rede hidráulica na minha casa. Chamo um
profissional para resolver. Ele verifica o que precisa fazer, me dá explicação
e tem o consentimento de realizar o trabalho. Esses profissionais, são aqueles
do tipo que gostam de entabular qualquer conversação. Entre tantos assuntos não
poderia deixar de falar, pelo momento, no processo eleitoral. Em sua fala me chamou
atenção sua escolha para votar e mais uma vez acredita-se no “voto útil”. Ele
disse: “Voto no Sartori desde o tempo em que ele era candidato a vereador, mas
desta feita, votei em Ana Amélia para prejudicar o PT”.
No fim, tal e qual a Rigotto, Ana Amélia perdeu para o “voto
útil”
*** ***
Tempo de eleição. Meu sobrinho, Rodrigo de Aguiar Gomes,
escreveu o livro “ 1989: A maior eleição da História”. O livro encontra-se à
venda na Livraria do Maneco em Caxias do Sul. Trata-se de boa leitura.
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