Tinha um
encontro com ela toda a semana, mais especificamente domingo à noite. Linda
mulher, maravilhosa modelo. Mulher de epiderme negra, de pele luzidia, espécime
étnico da formosura negritude. Apresentava-se com uma calça longa preta,
inflada e folgada. A blusa também preta, com detalhes em listras de cor cinza.
As mangas longas e bufantes. O decote redondo permitia que se deslumbrasse no
seu colo um colar branco. A palma de suas mãos com toda a brancura é o
contraste profundo com a epiderme escura.
No cenário
elaborado para a modelo, além do predomínio das cores neutras, misturam-se diversas
dobras coloridas de papel.
A moça
dança. Os movimentos marcantes de técnica apurada, a harmonia envolvida por
gestos estudados, esquematizados, determinados, sem perder a leveza e a
graciosidade. A sucessão rítmica dos movimentos tem originalidade. Baseia-se na
arte marcial, especificamente no caratê. Postura ereta, passos firmes, precisos
e acrobáticos. A postura corporal é expressiva. Gira o corpo, gira de novo,
tudo simetricamente encantador. A coreografia de passos cadenciados com a
música numa sequência de movimentos bem definidos. Os braços movimentam as mãos
que tentam alcançar origamis que a envolvem. Os papeizinhos de diferentes
estampas coloridas parecem fugir do seu domínio. Não se sabe se a dançarina
conseguiu pegá-los e nem se irá saber, em razão de que a excitante programação
findou. A modelo francesa não está mais na abertura do Fantástico. Assim
acabaram os meus encontros aos domingos. A relação platônica, a afeição virtual
dominical, não mais existe.
***
Outra protagonista
televisiva a vejo quase diariamente. Pertence também a etnia negra. Exuberante
em sua graciosidade, encantadora na sua brejeirice. A aparência física delgada,
seu aspecto anatômico mostra a silueta esguia, fisiologicamente um tipo
longilíneo. Esse conjunto exibe significativa expressão corporal. Elegante e
distinta apresenta-se com um figurino da moda sem exagero. A voz dócil, serena
e segura. A palavra fácil, a informação com clareza, a comunicação sem
restrição. Dá sua mensagem com absoluta confiança. Tempo bom, ruim, calor, frio,
pouco importa. Sempre imperturbável. A jovem jornalista é a novidade do Jornal
Nacional. A moça do tempo. Cativante, simpática, com enlevo, Maria Julia
Coutinho, na intimidade Maju, agrada ao telespectador, a mim especialmente.
***
Outra, mais uma
que vejo a noite. Loira, de feições harmoniosas, qualidade da formosura. Cabelo
ondulado, longo, solto, espalhado pelos ombros, ou puxado e amarrado na nuca.
Não importa o jeito. Bonito de qualquer forma. Os olhos: a cor não são se
distingue. A certeza: são claros e brilhantes. Esse conjunto que tem a
qualidade do que é belo, a magia do fascínio, aparece na tela televisiva. A
moça de cabelos dourados surge sentada atrás de uma banca. Postura impecável,
ereta e aprumada pela expressão corporal. Pose de rainha, majestade. Fala, as
silabas pronunciadas sem hesitação, sem jamais tartamudear. Dicção perfeita. As
palavras são ditas de forma melodiosa como o solfejar de notas musicais. Como
tudo, bela voz. Trabalha no início da noite e pensar que ela trabalhou às seis
horas da manhã. Insensibilidade de um diretor em esconder a bela na madrugada.
Acordar cedo com o perigo de criar rugas. A beleza de um rosto assim não merece
o sacrifício. Finalmente, não há Patrícia Poeta. O que existe é Carla Fachin,
fascinação para o nosso deleite.
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