Eu!!! Eu também sou...
Sou caucasiano, de pele clara a morena, cabelos castanhos
finos e lisos.
Sou brasileiro de descendência diversa. Por parte de avô
paterno pertenço a um grupo étnico europeu de fala castelhana. Pelo lado de
minha avó, também paterno, há uma porção de nacionalidade belga, da família dos
Debelauprez, fronteiriços a França.
Na descendência materna predomina a raça germânica, de
alguns alemães disciplinados, rígidos e arrogantes, mas de muita gente alegre das
festas do oktoberfest.
Sou de coração multifacetado em
termos de raça, diversificado em origens étnicas.
Já fui um rapaz,
latino-americano, sem dinheiro no banco...caminhando meu caminho, como cantaria
Belchior.
Sou do leste brasileiro, do Rio
de Janeiro e naturalmente carioca. Faz parte da minha fala o sotaque dos
“erres” carregados, ou os “esses” chiados.
Tenho saudade das praias, do por
do sol entre as montanhas, pertinho da cidade.
Saudade da cidade maravilhosa.
Saudade transformada em nostalgia, sem queixas, um simples de estado de
espírito provocado em alguns momentos pelas reminiscências.
Recordações. Tardes de domingo no
velho Maracanã para ver o Botafogo
jogar. Quem nasce na praia do Botafogo, não poderia torcer para outro time.
Na música, sem querer ser um
esnobe intelectual, um sofisticado musicista, simplesmente sou um apreciador da
música erudita, dos compositores clássicos e por isso, vez por outra frequentava
um lugar no mezanino do glorioso e tradicional Teatro Municipal, na avenida Rio
Branco, pertinho da Cinelândia, defronte a estupenda Biblioteca Nacional.
Avenida Rio Branco, perto da
Praça Mauá, onde trabalhei alguns anos.
De lá vim embora. Aqui também,
como agora, nessa época há um verão de dias longos, intensos, claríssimos,
maravilhosos.
Em contraposição, com estoicismo,
resignado, mas intrépido, no inverno enfrento a adversidade das baixas
temperaturas, as maldosas e insuportáveis intempéries hibernais deixando-me entorpecido,
quase em estado letárgico.
Faz parte. Da alegria do verão a
tristeza vaga, o sombrio do inverno.
Saí da cidade grande, de sua
intensa movimentação passei a viver adequadamente e tranquilamente na cidade
pequena. Sem magoas.
Sou filho dos anos... não sei,
esquece. Mas não me esqueço que sou do período analógico e na convivência da
modernidade me acostumei ao digital.
Fui um filho, criado no
provincianismo, mas como pai de filhos, estou globalizado.
Sintético, não sou. Nada
resumido, em síntese, nunca. Sou expansivo, às vezes exagero no prolixo, mas
assim eu sou.
Tenho orgulho da coragem, do
denodo dos meus ancestrais vindos da velha Europa em busca de uma vida melhor.
Admiro profundamente esse espírito aventureiro.
De aventuras é também minha vida.
Dos caminhos e descaminhos andados, das peripécias da infância, das vicissitudes
da juventude, dos momentos periclitantes, das perdas, das vitórias obtidas
entre eventuais fracassos.
Continuo lutando, buscando
vencer, até um dia inapelavelmente ser vencido pelo destino certo de todos nós:
a morte. Sou assim corajoso, frio,
realista.
Porém, mais do nunca, sou alegre
e feliz com a vida.
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