sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A primeira eleição em 1532

Nos anais da história dos processos eleitorais, no registro de livros e compêndios escolares, estuda-se que a primeira eleição brasileira ocorreu 32 anos após o descobrimento do Brasil, portanto no ano de 1532, há 482 anos.
Martin Afonso de Sousa, nobre e militar português, donatário, o que significa dizer que recebia terras ou capitanias hereditárias adquiridas por herança, fundou em 1532, no litoral paulista a vila de São Vicente e naquele mesmo ano foram feitas as primeiras eleições do país, para a instalação de um Conselho, na verdade a primeira Câmara de Vereadores no continente.
O exercício do voto em terras brasileiras, com os primeiros núcleos de povoadores, logo depois da chegada dos enviados da Coroa Lusitana ocorre porque era tradição portuguesa eleger os administradores dos povoados sob seu domínio.
 As autoridades estabeleciam eleições em dois escrutínios para a escolha dos Conselhos (Câmara de Vereadores) das vilas, composto por um juiz ordinário; dois ou três vereadores e por um procurador (executivo). Os mandatos eram de apenas um ano e as eleições deveriam acontecer de três em três anos, sendo eleitos três Conselhos, simultaneamente, a cada pleito.
As eleições eram divididas em duas etapas. Na primeira etapa o povo que apenas tinha o direto de votar, indicava os nobres que iriam escolher os membros dos Conselhos. Na segunda etapa os representantes da nobreza indicados pelo povo, por voto secreto, escolhiam outros nobres, chamados de “homens bons“, expressão ampla a ambígua que designava de fato gente qualificada pela linhagem familiar, pela renda e propriedades, bem como pela participação na burocracia civil e militar. Todos os predicados para ser um “um homem bom”, melhor “um político bom”.
Muito se diz da herança maléfica da colonização portuguesa. Do domínio da elite política, a interferência da nobreza no processo eleitoral, os maus hábitos políticos que envolvem o poder econômico, fisiologismo, corrupção, advindos dos portugueses.
Não é difícil, passados quase 500 anos, se fazer graus comparativos com a realidade política de hoje. Observa-se então que desde aqueles tempos de antanho até agora continuam os vícios na deformidade moral, corrupção, nepotismo, fisiologismo, conluios, as relações políticas caracterizadas por alguma vantagem a ser recebida.
Podemos estabelecer semelhanças entre outrora e o moderno. Martim Afonso de Sousa herdou capitanias hereditárias no Brasil por ser um português que descendia por linha bastarda do rei Afonso III de Portugal, o que parece tratar-se de nepotismo a antiga. Naquele tempo o povo não tinha o direito de ser votado, mas votava nos nobres, nobres que escolhiam outros nobres para os Conselhos. Domínio da nobreza no processo eleitoral.
Nos dias de hoje troca-se somente a etimologia. O que era antigamente a nobreza dominante hoje se trata da elite que também é dominante. Elites do poder econômico, das eleições de currais eleitorais, como antes na vila de São Vicente. Domínio de ricos e elitizados políticos, eleitos e aproveitadores da massa ignara, o povo sem poder. Hoje também se encontra bastante “homens bons” ajustados aos conceitos de antigamente, mas conceitos aplicados atualmente com muita sutileza e em forma pejorativa, pelo que são hoje em dia os “políticos bons”.
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Não assisto o famigerado horário político de propaganda eleitoral. Não ouço pelo rádio, não vejo pela televisão, mas não sou um alienado na política. Tenho motivos por assim ser: não suporto a falação aborrecida de falsas promessas, não tolero a verborragia mentirosa. Não preciso de lero-lero algums, de nenhum tró-ló-ló para me decidir. Tenho minha ideologia, ponto de vista firmado: voto no partido e nos candidatos em acordo com as minhas convicções políticas. Por falar em votar, pelo direito de liberdade de expressão, assumo: domingo meu número é 50. Quem sabe uma utopia mas...”a ruptura só será possível com a pressão popular, pelo voto”.




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