sexta-feira, 17 de março de 2017

Bela, recatada... ex-dona de casa

Passou sua adolescência em berço esplêndido. Família abastada, moça de vida burguesa, assim foi a adolescente Ana Lúcia. Estudou em melhor colégio da rede privada, mais tarde, adulta, o curso superior de pedagogia, sem saber se verdadeiramente era sua vocação. Teria que estudar para fazer algo proveitoso. O tempo era muito ocioso. Perdia horas na internet, em redes sociais, comunicando-se com as amigas e como acontece entre adolescentes, tratando de futilidades. Foi criada em ambiente de uma família conservadora, de uma educação apegada as tradições que no mundo atual não passa de algo anacrônico, coisa de muitos anos passados. Nessa tradição, nesse conservadorismo, sobressai o patriarcado machista, expresso por atitudes de um chefe de família que recusa a igualdade de direitos e deveres, favorecendo e enaltecendo o sexo masculino sobre o feminino. Trata-se de uma educação retrógrada e depreciativa que determina um procedimento de opressão, de forma infame e vergonhosa para com suas mulheres, “que devem fazer tudo pela casa, pelo lar”. Ana Lúcia é uma bela moça, recatada e muito provavelmente pela educação arcaica recebida, pelos obsoletos costumes, provavelmente seu futuro é ser dona de casa, seguindo a tradição de sua mãe, de sua avó, sei lá...até a tataravó, não se sabe se belas, mas certamente recatadas e sim donas de casa. Adulta, relacionou-se com Antônio Augusto. Passada a condição de namorados os dois foram viver suas vidas com a intenção de formar nova família. Ana Lucia, no período de inicial do relacionamento, acreditava no jeito de Antônio Augusto ser: personalidade íntegra, conduta ilibada, sem qualquer mácula, meigo, compreensivo. Do namoro à união conjugal e aquelas qualidades que  Ana Lúcia admirava em Antônio Augusto verdadeiramente inexistiam e revelou especificamente suas atitudes machistas de que ele tinha a “absoluta convicção do quanto a mulher faz pela casa. Do que faz pelo filhos”.Descoberta a farsa Ana Lúcia decepcionou-se totalmente, um lastimoso desenlace. A moça então resolveu quebrar a hierarquia familiar, encontrar a plena liberdade feminina, excluir preconceitos, os privilégios dos homens, no seu caso  Antônio Augusto e para isso teria que tomar uma atitude. Num momento apropriado, categórica e decisiva, numa conversa franca e aberta com o marido declarou e informo-o: “Vou começar a trabalhar. Exercerei a minha profissão”.
Antônio Augusto ficou surpreso. Não acreditou. Tentou argumentar com, por exemplo, o dia a dia referente a questão da educação dos filhos. Ana Lúcia contra-argumentou dizendo com absoluta segurança que a solução adequada seria uma escola de educação infantil e deu por encerrado o assunto. Antônio Augusto tentou ainda conceituar para chegar a uma conclusão que lhe satisfizesse afirmando “que ninguém é melhor do que você para cuidar dos afazeres domésticos”
Nada resolveu. Ana Lúcia tinha tomado sua decisão. Acabou a dona de casa. Agora seria uma mulher liberta do poder possessivo dos homens. Buscou novos horizontes. Chega de ir ao supermercado “para indicar os desajustes de preço, detectar eventuais flutuações econômicas”.
Diante desse desencontro familiar o casal separou-se. Ana Lúcia, ainda bela, não mais tão recatada, muito menos dona de casa, foi viver a vida como autêntica mulher. Quanto Antônio Augusto foi procurar uma nova dona de casa.

  

quarta-feira, 15 de março de 2017

Praia: plena democracia

Aquela orla de terra, quase sempre coberta de areia, umas a beira-mar, outras as margens de um rio ou lago, tem a denominação de praia.
 A praia tem formações geológicas, compostas por partículas soltas de mineral ou rocha. Em razão dessa estrutura, pela formação mineral, há praias de areia branca e fina. Outras são formadas por fragmentos de rochas, cascalhos e de cor escura.
Esse texto não tem continuação como um tratado de estrutura e composição de uma praia, abrange exclusivamente no contexto praiano a liberdade ilimitada proporcionada a qualquer ser humano.
Qualquer tipo de praia é especialíssimo, por sua plena democracia, a liberdade de qualquer pessoa em utilizá-la.
Seu acesso é igual para todos e de forma gratuita. Para adentrá-la nada  se paga. Não há necessidade guichês para compra de ingressos (em algumas praias européias isso ocorre), roletas discriminatórias de acordo com valor pago. Trata-se de um diferencial entre o que se paga em um estabelecimento comercial, ingressos para o teatro, para o futebol, enfim tudo aquilo que é pago.
Na praia inexiste o contexto capitalista de se pagar por alguma coisa, avessa a condição material pelo dinheiro.
Na praia é tudo 0800. A prática de um exercício físico é grátis, como jogar frescobol ou futevôlei, assim como caminhar por sua orla. Refrescar-se com um mergulho no mar, estender o corpo sobre a areia para satisfazer a vaidade em busca da ostentação de um bronzeamento, tudo isso nem imposto existe.
A praia por essa condição da gratuidade é o paradigma da benevolência da natureza. Ali, como se fosse uma sala de espetáculos, assiste-se a beleza de um mar que mistura a cor azul com o amarelo e que resulta num brilhante verde. Todo esse verde em forma de ondas se espraiam e rebentam na orla, resultando daí um monte de bolinhas, que se transforma numa espuma branca e cristalina.
Na praia observa-se mais um espetáculo, desta feita no aspecto humano, da beleza feminina, um desfile sobre a areia em reverência ao belo, a veneração ao culto encantador do corpo de uma mulher.
A moça de cabelo dourado chega a praia. Num ritual pré-concebido, metódico e malicioso (ela sabe que está sendo observada) se despe de sua saída (ou entrada) de praia e expõe o corpo esbelto, longilíneo, esguio e delgado, autêntico modelo artístico despertando a libido dos homens.
Em outro momento, caminhando pela orla, num passo cadenciado e malemolente, desfila a morena estonteante, tipo assim, mulher pêra, mulher maçã, vestida de forma reduzida, com  um erótico biquini fio dental.  Até aquele pedreiro que foi à praia fica embevecido.
Praia de moças encantadoras, da rapaziada cultuando o corpo. Lá estão sem discriminação alguma, numa autêntica harmonia humana e social, gente de diferenças classes culturais, credos, raças, de  todos gêneros, de todas as tendências sexuais.
Praia de todos, dos carecas, dos moços de cabelos compridos, dos gordos, das gordinhas, de qualquer nacionalidade, daqueles de diferentes ideologias, gente de diferentes profissões, de diversas nacionalidades. 
Assim é a praia, plenamente democrática, aberta de forma espontânea para todos.
  




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quarta-feira, 8 de março de 2017

As Nossas Senhoras: são muitas

A veneração a Virgem Maria se dá por inúmeras denominações enobrecidas, conhecidas por incontáveis títulos honoríficos derivados pela devoção popular: Nossa Senhora.
As titulações são inumeráveis em todo o mundo, nas mais diversas regiões. As designações surgem por inúmeros motivos, principalmente pelas aparições da Virgem Maria.
Uma das mais famosas das Nossas Senhoras é a de Fátima, em Portugal, quando houve a aparição aos três pastorinhos.
No Brasil é Nossa Senhora Aparecida quando dois pescadores rezaram em busca de boa pescaria, mas pescaram a imagem de Nossa Senhora, em dois pedaços, em duas oportunidades.
 Existem epítetos inusitados como Nossa Senhora Desatadora de Nós  relembrando  que a Virgem Maria liberta os homens das aflições da vida, desata os nós que escravizam.
Em Campinas (SP) encontra-se o santuário em homenagem a santa.
Outra Nossa Senhora que causa estranheza por sua designação é a Nossa Senhora do Ó. A devoção inspirada nos últimos dias de gravidez da Virgem Maria, conhecida na liturgia com o nome de “Expectação do parto de Nossa Senhora “, mas entre os fiéis trata-se de Nossa Senhora do Ó, devoção mariana surgida na Espanha. O nome incomum com o final Ó vem das expressões contidas orações que começam sempre com a interjeição exclamativa “Ó”, ó senhor. Em Sabará (MG) uma das igrejas mais antigas (séculoXVIII) homenageia a santa.
Pois bem. Falamos de tantas Nossas Senhoras mundo afora e temos uma em Farroupilha, Nossa Senhora de Caravaggio .
As titulações das Nossas Senhoras como já foram ditas, na maioria das vezes evoca, há ilação com aparições. Com a santa de Caravaggio não é diferente, quando apareceu para a camponesa Joanete.
Dia desses resolvi ver de perto a nova estatua. Saí da redação do jornal, percorri a Julio de Castilhos cheguei ao cruzamento onde está a figura da santa em pleno relevo, santificada em monumento. Circundei-a e observei detalhes da obra. Achei legal. Rezei três ave-marias e retornei.
Na volta as reminiscências afloraram. Tempo de coroinha na igreja Divino Salvador, bairro Piedade (RJ). Anualmente realizava-se a festividade mariana em homenagem a natividade da Virgem Maria. Na programação diversa da tradicional novena. Nove dias à noite rezando o terço (oração do credo, 53 ave-marias e seis pais-nossos) e a ladainha. Lá estava de batina vermelha, sobrepeliz branca, ajudando o vigário Pe. Benigno, da ordem dos padres salvatorianos
Ladainha do grego significa súplica, uma forma poética de oração de invocações curtas e respostas repetidas (tende piedade de nós... rogai por nós).
Ao início a saudação a Maria como mãe, depois como virgem e ao final a homenagem como rainha.
A parte poética situa-se na metade da oração com expressões marcantes. Cada invocação da ladainha, em sua maioria, esconde em suas metáforas uma das virtudes de Maria.
Espelho Meu e a primeira das séries de súplicas que tem o sentido amplo da justiça que é a santidade de Maria.
Sede da Sabedoria, Jesus Cristo é sabedoria, Nossa Senhora em nove meses encerrou dentro de si seu divino filho. Ela foi a sede da sabedoria.
Rosa Mistica, rosa é a rainha das flores. Nossa Senhora no campo da vida espiritual e mística tem a rosa como simbolismo por tudo aquilo que representa.
Vaso Insigne de Devoção significa ter devoção para com Deus. Nossa Senhora foi a criatura que mais se dedicou e viveu em função de Deus
E assim segue mais invocações saudando as virtudes de Nossa Senhora.










Perigo: uma arma apontada na cabeça

Avenida Protásio Alves, Porto Alegre, na direção centro/bairro, à esquerda a sede campestre do SESC. Duas quadras adiante a rua Franklin. Essa região é conhecida como bairro Jardim Itú Sabará. Minha filha Carolina morava quase ao final da rua e sentia-se insegura. Havia muito receio em morar por ali, mas durante oito anos de residência no local, nenhuma anormalidade lhe ocorreu.
Embora nada de mal tenha lhe acontecido, sua pretensão era mudar-se do lugar, morar onde supostamente encontraria maior segurança.
Assim ocorreu, dois meses atrás. Transferiu residência para a rua Ijui, bairro Petrópolis, com a certeza de que por ali estaria mais segura.
Ledo engano. Dois sábados passados, meu filho Luis Felipe, acompanhado pela namorada foi conhecer a nova residência da irmã.
Eram 18 horas do sábado, o retorno para casa. Quando meu filho estava pronto a ligar o motor do carro horrenda surpresa. Um indivíduo apareceu não se sabe de onde e apontou uma arma de fogo junto a sua cabeça, mandou sair do carro junto com namorada e pediu os celulares e fugiu. A cena patética pelo seu horror teve momento de infinita apreensão. Meu filho durante toda a ação manteve-se calmo. Diante dos trágicos latrocínios que vem ocorrendo ele foi protagonista de um incidente, de um roubo de automóvel.  
Outro parceiro delinqüente acompanhava a cena com outro veiculo roubado, soube-se depois em razão de sua recuperação.
O carro de sábado a noite até na terça-feira de madrugada, circulou pela Ipiranga e ruas adjacentes, flagrado em “pardais” por alta velocidade - evidentemente em busca de outros roubos  o que provocou multas cobradas pelo Detran, ao proprietário do veículo, o que motivou recursos, apesar do BO, feito junto a delegacia de polícia, naquele mesmo sábado. Depois da terça-feira não se obteve mais nenhuma informação, pelos “pardais” ou pela polícia.
Vizinhança da rua Ijui comentou que nunca naquelas imediações ocorrera roubo de carros. Saudades do Jardim Itú Sabará.
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Reminiscências de uma viagem. Foram 18 dias viajando pela Patagonia, 

Patagônia: 18 dias

Reminiscências de uma viagem. Foram 18 dias viajando pela Patagonia, aproximadamente 10.500 km rodadas. Durante esse tempo 25 pessoas se divertindo, confraternizando-se, total interação.
Nos confins de Ushuaia em determinado ponto existe uma placa de madeira com uma legenda que confirma ser a cidade do fim do mundo:
República Argentina. Aqui finaliza a Ruta (no Brasil BR) Nacional Nº3.
Buenos Aires 3.079 km, Alaska 17.848.

Em Ushuaia inicia-se a rodovia Pan-Americana que termina no Alaska.