terça-feira, 22 de agosto de 2017

O assalto e a ironia e o paradoxo

Passado. Talvez seja eu uma das poucas pessoas que não possui telefone celular. Não sou sujeito do tipo anacrônico. Sim, sou contemporâneo da modernidade, sigo a cronologia do progresso. Nada de me sentir em tempo passado. Não uso celular. Não por trata-se de algum capricho. Não tenho a pretensão de ser diferente na convivência humana, explicando talvez ser desigual exclusivamente na semelhança com os usuários de celular. Não sou indiferente a evolução técnica. Apesar do desnecessário preâmbulo, afirmo não usar o celular por não haver necessidade.
Meus filhos indagam o que desejo ganhar no Dia dos Pais. Deixou-os a vontade na escolha, só desejo que não seja uma gravata, meias e muito menos... um celular.
Presente.Talvez seja eu, entre muitas pessoas, na grande maioria da humanidade que possui celular. No Dia dos Pais, acreditem, ganhei de presente um celular. Para quê? Afinal para mim não se trata de material de primeira necessidade. Ganhei por uma razão surreal, prosaica e bizarra. Minha filha, objetiva e clarividente, com os perigos oferecidos pela insegurança nas ruas, argumenta:
- “Pai, se caso for surpreendido num assalto a primeira coisa que o ladrão intima é o celular. O que fazer. Alegar que não tem celular o larapio não vai acreditar e um simples assalto pode transformar-se em grave episodio”. E assim poderia ocorrer. Decepcionado o meliante possesso provavelmente me agrediria com um catiripapo e abusado proferiria: “Vagabundo, não tem celular”.
Mais. Ao saber de incidentes por roubos ocorridos, concordo.
A senhora bem cedo pela manhã, se desloca para a realização dos exercícios na academia. Precavida, meio escondido, carrega seu celular num pequeno bolso no interior de sua calça de abrigo esportivo. No caminho é interceptada por um marginal que requisita o celular. Ela diz que não tem. Reação do bandido, um soco. A senhora perde o equilíbrio e cai. Momento em que o marginal tresloucado está pronto para desferir um pontapé contundente, a senhora apavorada e assustada incontinente entrega o celular. Felizmente, na ironia do fato, levou um soco mas “apenas” perdeu o celular. Poderia ter sido pior.
 O outro fato ocorreu em Brasília, deu no noticiário da TV. A moça é assaltada e de imediato sabe que “perdeu”. A inquirição conhecida... o celular. Imediatamente ela entrega o aparelho. O bandido verifica a peça roubada. Ladrão, conhecedor do valor do roubo, decepciona-se ao averiguar o ínfimo valor do celular, aquela “micharia” comprada em torno de 200 reais. Irritado, o individuo joga o aparelho no chão, pisa enraivecido e o deixa espatifado. Furioso, parte para a agressão e ensandecido, no clímax  da raiva, desfere violenta  bofetada. O abuso da força faz a moça perder o equilíbrio e cai com rosto contra o chão. Sente dor, passa a mão pela boca e verifica que o dente pré-molar quebrou. Paradoxalmente, somente isso ocorreu. Poderia ser mais grave, por exemplo, um latrocínio.
Para evitar o descalabro nas ruas pela insegurança, ganhei dos filhos um celular não “michado”, mas de preço módico para satisfazer a ladroagem.

   

sábado, 19 de agosto de 2017

No Jaburu: o Fantástico e o arranca rabo de Bibi/Jeiza

Inicialmente é preciso, para compreender o texto secundariamente, contextualizar a expressão popular “parece mentira” que se entende como algo estranho, que causa admiração e surpresa.
Na Câmara dos Deputados existe uma bancada majoritária conhecida por B,B, B, união de três bancadas: boi, bíblia e bala. Bíblia é o grupo de deputados evangélicos; o pessoal da bala são aqueles que desejam o armamento da população. A bancada do boi, dos produtores rurais, é a mais poderosa (211 deputados). Para esses deputados que se autodenominam Frente Parlamentar da Agropecuária, a dívida deles com a Previdência (Funrural), provocou uma negociação que serviu como moeda de troca para o “sim” - contra a investigação pelo STF ao presidente Michel - tratou-se de esplêndida mamata que o governo ofereceu, na verdade uma doação, através de medida provisória, pela qual, os ruralistas conseguiram reduzir a alíquota da contribuição previdenciária e o perdão aos juros e multas. Toda essa negociata implicará em imensa perda na arrecadação em torno de R$ 12 bilhões. Ainda mais. No acerto pecuniário de contas o parcelamento será de 14 anos para pagamento da dívida. Enquanto isso, para os trabalhadores, o discurso do governo é de que não há espaço para um mínimo de concessão na reforma da previdência, porém Temer deu absurda concessão para a bancada ruralista. Inacreditável. Parece mentira !!!
Inverossímil é outro fato. O Refis (Programa de Recuperação Fiscal) é opção especial de parcelamento dos débitos fiscais oferecida pelo governo às empresas que possuem dividas com a Receita Federal e INSS. Uma nova proposta, novo Refis, está em andamento na Câmara. A bancada dos empresários (também tem) apresentou um relatório que prevê descontos de até 99% de multa e juros para os débitos tributários. Parece mentira!!!
Se contar ninguém acredita. Temer gastou mais de R$ de 2 bilhões com emendas parlamentares pelo voto “sim” dos deputados. Parece mentira!!!
Incrível. Visitas na “calada da noite” ao palácio Jaburu. Domingo Gilmar, amigão de Michel, foi visitá-lo. Não havia agenda, não se sabe o que conversaram. Desconfia-se que os dois jantaram assistiram os gols no Fantástico. Parece mentira.!!!
Espantoso. Na terça-feira outra visita ao Jaburu sem nada agendado. Não foi “em plena luz do dia” e sim no silêncio, na quietude da noite. Raquel, procuradora, indicação de Michel, foi visitá-lo. O motivo??? Desconfia-se que assistiram ao arranca rabo entre Bibi e Jeiza. Parece mentira!!!
 A verdade é que no dia seguinte à visita de Gilmar, coincidentemente ou não, ele disse em defesa de Michel, “que o procurador Janot é o mais desqualificado da história”.
Coincidentemente ou não, após a visita de Raquel a Michel, o advogado dele pediu o afastamento de Janot das investigações.
Escandalo!!! Reforma política. Recursos públicos para campanhas eleitorais. Negócio de R$3.6 bilhões. Parece mentira.

Verdade, tudo verdade...mas parece mentira.  

No Jaburu: os gols do Fantástico e o arranca rabo de Bibi e Jeiza

Inicialmente é preciso, para compreender o texto secundariamente, contextualizar a expressão popular “parece mentira” que se entende como algo estranho, que causa admiração e surpresa.
Na Câmara dos Deputados existe uma bancada majoritária conhecida por B,B, B, união de três bancadas: boi, bíblia e bala. Bíblia é o grupo de deputados evangélicos; o pessoal da bala são aqueles que desejam o armamento da população. A bancada do boi, dos produtores rurais, é a mais poderosa (211 deputados). Para esses deputados que se autodenominam Frente Parlamentar da Agropecuária, a dívida deles com a Previdência (Funrural), provocou uma negociação que serviu como moeda de troca para o “sim” - contra a investigação pelo STF ao presidente Michel - tratou-se de esplêndida mamata que o governo ofereceu, na verdade uma doação, através de medida provisória, pela qual, os ruralistas conseguiram reduzir a alíquota da contribuição previdenciária e o perdão aos juros e multas. Toda essa negociata implicará em imensa perda na arrecadação em torno de R$ 12 bilhões. Ainda mais. No acerto pecuniário de contas o parcelamento será de 14 anos para pagamento da dívida. Enquanto isso, para os trabalhadores, o discurso do governo é de que não há espaço para um mínimo de concessão na reforma da previdência, porém Temer deu absurda concessão para a bancada ruralista. Inacreditável. Parece mentira !!!
Inverossímil é outro fato. O Refis (Programa de Recuperação Fiscal) é opção especial de parcelamento dos débitos fiscais oferecida pelo governo às empresas que possuem dividas com a Receita Federal e INSS. Uma nova proposta, novo Refis, está em andamento na Câmara. A bancada dos empresários (também tem) apresentou um relatório que prevê descontos de até 99% de multa e juros para os débitos tributários. Parece mentira!!!
Se contar ninguém acredita. Temer gastou mais de R$ de 2 bilhões com emendas parlamentares pelo voto “sim” dos deputados. Parece mentira!!!
Incrível. Visitas na “calada da noite” ao palácio Jaburu. Domingo Gilmar, amigão de Michel, foi visitá-lo. Não havia agenda, não se sabe o que conversaram. Desconfia-se que os dois jantaram assistiram os gols no Fantástico. Parece mentira.!!!
Espantoso. Na terça-feira outra visita ao Jaburu sem nada agendado. Não foi “em plena luz do dia” e sim no silêncio, na quietude da noite. Raquel, procuradora, indicação de Michel, foi visitá-lo. O motivo??? Desconfia-se que assistiram ao arranca rabo entre Bibi e Jeiza. Parece mentira!!!
 A verdade é que no dia seguinte à visita de Gilmar, coincidentemente ou não, ele disse em defesa de Michel, “que o procurador Janot é o mais desqualificado da história”.
Coincidentemente ou não, após a visita de Raquel a Michel, o advogado dele pediu o afastamento de Janot das investigações.
Escandalo!!! Reforma política. Recursos públicos para campanhas eleitorais. Negócio de R$3.6 bilhões. Parece mentira.

Verdade, tudo verdade...mas parece mentira.  

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

1 voto: uma tatuagem e R$ 8 milhões

A maior rede de televisão do país trocou a programação do seu horário nobre de entretenimento, um concorrido noticiário e retardou a transmissão do jogo de futebol, enfim, trocou sua programação normal para transmitir mais um espetáculo constrangedor e deprimente com agressões verbais e até físicas vivenciado por políticos em Brasília, quando da votação sobre a investigação (“sim” ou “não”) concernente ao presidente Michel. Nessa votação opiniões diversas em nada de acordo com a proposta à votar. Deputados “sim” votando pela estabilidade econômica. Outros “sim” justificando que o presidente seja investigado quando cidadão comum.  Uma incoerência. Os que votaram “não” disseram que o voto era contra as reformas. Mais um detalhe: teve deputado que disse “sim” baixinho, meio acabrunhado. Ganhou o “sim” contra toda ou qualquer investigação quanto ao presidente. Era o esperado. O governo intensificou uma barganha com sua base aliada, o famoso “toma lá, da cá”. Segundo a ONG Contas Abertas foram exatos 2,12 bilhões de reais gastos com os deputados pelas emendas parlamentares, que aconteceram nada coincidentemente às vésperas da crucial votação  que tem todos indícios da conhecida ação enganosa, a sofisticada rubrica de “compra de votos”. Outra maneira de caça a votos são cargos em confiança distribuídos. Essa farra com dinheiro público, grana do contribuinte pagador de impostos foi distribuída entre a base aliada e indecisos transformados em “fieis” partidários. O governo fez mais para angariar votos. Agradou a bancada ruralista 211 deputados , 41% dos votos na Câmara com a edição da medida provisória que ficou conhecida como refis do Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural) pleito dos ruralistas com o parcelamento de débitos, negócio do governo com a perda da receita em reais de 1 bilhão. Mais um agrado aos ruralistas por mais votos. Boa parte de uma reserva no Pará será diminuída para oferecer terras para a produção agrícola, nem que isso importe num crime ambiental. As emendas distribuídas, as benesses foram em sua maior parte aos deputados do Norte e Nordeste.  Alguns deputados foram aquinhoados com valores significativos. Segundo a ONG Contas Abertas, os seis primeiros de uma listagem receberam em torno de um pouco mais de 10 milhões  três outros na faixa de nove milhões. A lista vai diminuindo em valores a partir dos oito milhões de reais e entre eles está o deputado Wladimir Costa (SD-Pa) que exibicionista mostrou uma ridícula tatuagem com o nome Michel. Diz ele que o trabalho artístico custou R$1.200,00. É bom constar que o deputado pela campanha eleitoral foi agraciado com 250 mil da JBS. Tatuadores afirmam que a tatuagem foi concebida pelo processo de pintura com henna, que permanece por algum tempo. O deputado deve ter utilizado este material para no futuro, quando Temer se tornar um simples mortal não pagar “mico”. Se fosse uma verdadeira tatuagem estaria condenado a carregar consigo a imagem da falta de ética, da imoralidade, da corrupção. Definitivo é que em qualquer hipótese valeu o “trabalho artístico” de oito milhões de reais.