Passado. Talvez
seja eu uma das poucas pessoas que não possui telefone celular. Não sou sujeito
do tipo anacrônico. Sim, sou contemporâneo da modernidade, sigo a cronologia do
progresso. Nada de me sentir em tempo passado. Não uso celular. Não por
trata-se de algum capricho. Não tenho a pretensão de ser diferente na
convivência humana, explicando talvez ser desigual exclusivamente na semelhança
com os usuários de celular. Não sou indiferente a evolução técnica. Apesar do
desnecessário preâmbulo, afirmo não usar o celular por não haver necessidade.
Meus filhos
indagam o que desejo ganhar no Dia dos Pais. Deixou-os a vontade na escolha, só
desejo que não seja uma gravata, meias e muito menos... um celular.
Presente.Talvez
seja eu, entre muitas pessoas, na grande maioria da humanidade que possui
celular. No Dia dos Pais, acreditem, ganhei de presente um celular. Para quê?
Afinal para mim não se trata de material de primeira necessidade. Ganhei por uma
razão surreal, prosaica e bizarra. Minha filha, objetiva e clarividente, com os
perigos oferecidos pela insegurança nas ruas, argumenta:
- “Pai, se caso
for surpreendido num assalto a primeira coisa que o ladrão intima é o celular. O
que fazer. Alegar que não tem celular o larapio não vai acreditar e um simples
assalto pode transformar-se em grave episodio”. E assim poderia ocorrer. Decepcionado
o meliante possesso provavelmente me agrediria com um catiripapo e abusado proferiria:
“Vagabundo, não tem celular”.
Mais. Ao
saber de incidentes por roubos ocorridos, concordo.
A senhora bem
cedo pela manhã, se desloca para a realização dos exercícios na academia.
Precavida, meio escondido, carrega seu celular num pequeno bolso no interior de
sua calça de abrigo esportivo. No caminho é interceptada por um marginal que
requisita o celular. Ela diz que não tem. Reação do bandido, um soco. A senhora
perde o equilíbrio e cai. Momento em que o marginal tresloucado está pronto
para desferir um pontapé contundente, a senhora apavorada e assustada incontinente
entrega o celular. Felizmente, na ironia do fato, levou um soco mas “apenas” perdeu
o celular. Poderia ter sido pior.
O outro fato ocorreu em Brasília, deu no
noticiário da TV. A moça é assaltada e de imediato sabe que “perdeu”. A
inquirição conhecida... o celular. Imediatamente ela entrega o aparelho. O
bandido verifica a peça roubada. Ladrão, conhecedor do valor do roubo,
decepciona-se ao averiguar o ínfimo valor do celular, aquela “micharia”
comprada em torno de 200 reais. Irritado, o individuo joga o aparelho no chão,
pisa enraivecido e o deixa espatifado. Furioso, parte para a agressão e ensandecido,
no clímax da raiva, desfere violenta bofetada. O abuso da força faz a moça perder o
equilíbrio e cai com rosto contra o chão. Sente dor, passa a mão pela boca e verifica
que o dente pré-molar quebrou. Paradoxalmente, somente isso ocorreu. Poderia
ser mais grave, por exemplo, um latrocínio.
Para evitar
o descalabro nas ruas pela insegurança, ganhei dos filhos um celular não “michado”,
mas de preço módico para satisfazer a ladroagem.
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