Lembrei-me. O adágio, o ditado popular,
enfim uma invencionice que ouvi pela primeira vez e em outras diversas vezes
era assim: “enquanto tem bambu, tem flecha”. Escutava nas transmissões
esportivas do narrador Everaldo Marques da ESPN. Em determinado momento, em
algumas transmissões do basquete ou futebol americano, o locutor sempre animava
aquele time que estava perdendo, lhe dava esperança, de forma entusiasmada e
surreal para fazer mais cestas ou mais pontos com o bordão mencionado. O
sucesso foi tanto que foram lançados produtos (xícaras e camisetas): “enquanto
tem bambu, tem flecha”.
Tratava-se de amenidades, frase de uma
pessoa extrovertida, divertida.
“Enquanto houver bambu, lá vai flecha” é
uma locução análoga aquela do Everaldo, pronunciada por um sujeito introvertido,
sério: o procurador Janot, distribuidor de flechadas mais sérias e reais,
objetivando mirar e acertar a imoralidade política, atingir como alvo “larápios
egoístas e escroques ousados” que ocupam cargos vistosos e importantes na vida
púbica, como também o “quadrilhão” do PMDB, segundo relatório da Polícia
Federal: enquanto houver bambu, lá vai flecha. O procurador Janot usou de uma
palavra pouco usual na área criminal, na marginalidade: escroque. Assim era
conhecido o maior gangster americano: Al Capone.
Janot lançou suas últimas flechas e
recolheu-se, passou a ser um anônimo servidor público. Conseguiu flechar duas
vezes o presidente Michel. Flechou um time inteiro de “raposões” assim formado:
Michel, Joesley, Saud, Padilha e Moreira; Cunha, Alves e Geddel, Loures, Jucá e
Raup. Reserva de luxo: Sarney. Aliás o time do capitão Michel foi derrotado
duas vezes no tribunal por goleadas: 9x0 e 10X1
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Janot retirou-se do cenário judicial
sendo criticado e até ofendido como desqualificado, incompetente, arrogante.
Epítetos que partiram de Gilmar do STF, de Michel do PMDB, do Aécio do PSDB, Lula
do PT, da direita conservadora reacionária, pois Janot enquadrando políticos
mexeu com parte dela, todos pertencentes a camarilha da corrupção, asseclas irmanados
no mal comum da ladroagem. Todos se sentiram perseguidos, protagonistas na
teoria da conspiração, unidos contra o paladino da lei, paradigma da
honestidade, da decência e moralidade. Janot afasta-se com o dever cumprido,
elogiado e com reconhecimento da população brasileira.
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