terça-feira, 28 de agosto de 2018

Os políticos e a eleição


O poder em sua forma conceitual, de modo contextual, de maneira efetiva é o direito que tem uma pessoa com a faculdade da posse e domínio em deliberar, agir, exercer a autoridade adquirida democraticamente por uma influência normal, ou imposta pelo autoritarismo, pela força. É ter o controle de uma coisa sobre a outra, o domínio de situações diversas.
O poder pela definição sociológica é a habilidade exercida com liberdade, pela vontade de alguém sobre outrem. É ubíquo, onipresente em todas as atividade humanas. O poder é desejado ardentemente, atraente, perigoso, unilateral. A volúpia pelo poder corrompe, contamina. Transforma personalidades, altera o psiquismo daqueles que insistentemente o persegue.
Pelo poder destaca-se o poder político, o anseio, a motivação de candidatos, através da eleição alcançar o poder público. Para conseguir o objetivo vale tudo.
O candidato é eleito, o almejado poder é obtido pela preferência, pelo voto do eleitor que logo ali eleito é desrespeitado. O programa partidário proposto, a plataforma política prometida, as realizações em diversos setores da sociedade esquecidos, tudo mentira.
O cidadão dedica seu voto pela competência do candidato, pela lealdade a ser cumprida, pela autenticidade em seus atos, pela habilidade demonstrada, enfim por uma série de atributos merecedores de um voto. Voto conseguido e enganado. Falsas promessas, mentira nos discursos durante a campanha política, uma série de qualidades enganadoras. O dito competente, leal e honrado candidato não dá importância ao prometido, esquece facilmente tudo, desilude as esperanças do eleitor. No auge da ganância pelo poder político, em busca de votos vale tudo, os predicados atribuídos são inverdades. Eleito, a máscara da face caiu. A face mostrada agora é de alguém desprestigiado, desvirtuado, definido como ardiloso, enganador, embusteiro, farsante.
A enganação não ocorre somente com o eleitor. Tem outros alcances.
Até mesmo os sustentáculos que servem de fundamento, os baluartes que são a de essência para objetivos traçados por plataformas de partidos políticos, bases de qualquer agremiação em desenvolver seus planos políticos, desrespeitada. Políticos, por interesses pessoais, pensando no poder não assumem o comprometimento ideológico, nada significa. A convicção de determinada ideia política é destratada, o que vale unicamente é realização de seus propósitos, o alcance do poder. O partido é exclusivamente a passagem para a satisfação particular.
Por conta disso absurdas coligações partidárias ocorrem. Liberais juntam-se aos reacionários conservadores. Estapafúrdias alianças da turma da direita com a esquerda. Nessa azafama pelo poder, esse deletério destrói convicções. Essas coisas fora do comum, extravagante, excêntrica faz o eleitor de bobo. Eleição chegando, a escolha de um candidato. Momento de reflexão, o voto consciente para não ser enganado. Lembra-se em que votou na última eleição? Se o nome vier a lembrança e nada realizou do prometido esqueça, renegue seu voto.
O eleitor deve fazer uma busca, pesquisar, encontrar o candidato a partir de um primeiro momento: saber se ele não está envolvido em corrupção, em falcatruas. Na Câmara de Deputados e no Senado existe um lista com nomes que respondem a inquéritos, submetidos a investigações.
Entre esses todos, um está descartado. Preso e cassado Paulo Maluff já não é candidato nem a sindico de condomínio, a coisa nenhuma.

 


quarta-feira, 22 de agosto de 2018

GRENDENE & OLIVETTO "Direto de Washington"


O retrato na capa do livro denota a fisionomia de alguém prepotente, vaidoso, pedante... pode ser. A foto em “close up” é capaz de revelar em detalhes o rosto de um arrogante lorde inglês, ou em primeiro plano a figura de um esnobe comendador italiano. Talvez o retrato possa atribuir a personalidade de uma, até duas, personagens sugeridas, ou nenhuma delas. Na verdade o retrato da capa do livro nem é de nenhum lorde ou comendador, é do seu autor, o publicitário Washington Olivetto. Por ser quem é Olivetto, a fotografia é produto da arte de um dos mais famosos fotógrafos do mundo, Sebastião Salgado. O livro, “Direto de Washington”, afirma-se como autobiografia, na realidade trata-se de uma autolouvação, exagerada autoestima, que vangloria as conquistas de prêmios internacionais obtidos e palestras de sucessos. Sobremaneira a autonarração chega aos píncaros da megalomania por parte do mais famoso publicitário brasileiro. Por tudo isso, o livro de 400 páginas, em alguns momentos de sua leitura torna-se monótona ao referenciar vaidades, desinteressante por repetir acontecimentos.
Olivetto, dono da maior empresa publicitária do país, W/Brasil, entre seus clientes tinha a Grendene. Parte do livro é interessante aos habitantes da aldeia por envolver a empresa farroupilhense em dois casos pitorescos contados de forma resumida.
No primeiro trata-se do comercial do sapato 752, sapato popular, da Vulcabras, com a participação de Paulo Maluf. Certa ocasião Maluf convidou Olivetto para visitá-lo. De antemão avisou ao anfitrião que não realizava campanhas políticas, assim mesmo foi até a cada de Maluf. Foi quando inesperadamente surgiu a ideia do comercial. Deduziu Olivetto que político atrás de voto tem que andar muito. A mensagem publicitária agradou Maluf que ganharia mídia de graça na televisão. O segundo passo acertar com Pedro Grendene, que tinha acabado de comprar a Vulcabras, realizar o acerto para o comercial, o que aconteceu, sucesso absoluto.  Passado algum tempo Pedro sugeriu então que se fizesse outro comercial com a participação de Leonel Brizola e Olivetto raciocinou: “Ideia ótima, fizemos o pé direito e agora vamos fazer o pé esquerdo”.
Segundo caso, ainda contado por Olivetto. As sandálias Rider vendia milhões de pares por mês aos brasileiros, produto calçado por trabalhadores, pelo povão em geral e também por ricos frequentadores do Club Athletico Paulistano. O Brasil inteiro usava Rider, exceto no Rio de Janeiro, que tratava a sandália como brega. Para reverter essa imagem Olivetto e sua equipe tiveram a surpreendente e esquisita ideia de fazer uma festa no porta-aviões Minas Gerais. Conta o publicitário que não teve nenhuma dificuldade em convencer os irmãos Alexandre e Pedro Grendene para a realização do evento, o que aconteceu. A festa no porta-aviões terminou somente as cinco horas e no livro, no primeiro capítulo, são contados detalhes curiosos, engraçados, de irreverência total na festa de muita gente famosa, de muita comida e bebida. Conforme menciona Olivetto, a festividade alcançou seus objetivos ao ter sido o grande destaque da mídia naquele ano, atingindo o público formador de opinião do Rio de Janeiro. Dessa forma o chinelo Rider deixou de ser algo brega e aumentou consideravelmente suas vendas em terras cariocas.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Dia dos Pais. Meu também

Reminiscências. Relembranças. Tudo o que se pode manter na memória, fatos que se tornam inesquecíveis, recordações que podem ser associadas as evocações de um feito, de uma coisa qualquer, mas sempre de relevante importância. A memória recuperada acerca de acontecimentos ocorridos, a busca, o resgate de um passado, a admiração por aspectos marcantes acontecidos, a sensação de saudade representada por momentos nostálgicos, melancólicos, mas porque não, em maioria: momentos de exultação, contentamento, alegria.
Reminiscências. Relembranças. Minha mulher, senhora do meu destino, esposa amada, dileta mãe dos meus filhos é perfeitamente organizada. Sua formação superior, graduada em ciências, matemática e física é um natural indicativo, exigência das ciências exatas. Documentos devidamente guardados em pastas. Uma agenda onde são registrados compromissos do dia e futuros. O espaço, em minha residência é ocupado por uma saleta, serventia de escritório com duas escrivaninhas, dois computadores, uma impressora e no alto duas prateleiras, um capricho religioso, 41 figuras de São Francisco de Assis, dispostas ordenadamente - devoção de minha mulher - desde uma estatueta de quase 50 centímetros de altura até uma efigie representada num palito de fosforo, involucrada por pequena proteção de vidro.
Sim. Duas escrivaninhas, cada uma com três gavetas. Uma delas devidamente arrumada, até com detalhe: tampa do computar fechada. A outra, aquela que me pertence, sem comentários.
Assim é. Documentos, papeis importantes, utensílios, devidamente ordenados, arrumados, dispostos em ordem. Além dessa sistematização exigida pela vida moderna, pelas coisas práticas, minha mulher organiza-se também no aspecto afetivo, nos sentimentos de afeição familiar, o amor, a profunda estima. Ela tem guardados álbuns de fotografias, porta-retratos, cartas, enfim objetos rememorizando alegres e saudosos momentos. Entre essas coisas históricas familiares e sentimentais arquivadas, coincidentemente pela data Dia dos Pais, encontro uma mensagem da pequena Carolina, minha filha, hoje mulher, mãe de Cecilia. Trata-se de uma mensagem pelo Dia dos Pais, tipo de um livrinho em papel ofício recortado, (tamanho 15x20 cm), seis folhas devidamente grampeadas. A capa, pintada em cor rosa, escrita com letras maiúsculas PAPAI.  Sucedem-se folhas com diversos textos, mensagens carinhosas:  a primeira, “para você um pouquinho de mim. Olha eu aqui”. Esse “olha eu aqui” é um autorretrato em forma de desenho. Na segunda, o desenho de sua uma mão, escrito “olha a minha mãozinha. Já sei até escrever com ela”. Segue a terceira folha, o texto: “então, resolvi escrever uma frase bem bonita para você... Pai, oi tudo bem? Eu tenho um presente para te dar. Olha, é esse livrinho. Você gostou? Carolina”. Na quarta, colado na folha, fios de cabelo e a pergunta: “lembra do meu cabelo?”. Enfim, encerrando, “e para mostrar minha gratidão, um beijo em seu coração”. Há um desenho do coração, cor-de-rosa, uma mensagem amorosa: “pai, eu te amo”. Data: um Dia dos Pais, Carolina tinha sete anos. Toda essa lembrança graças a Neiva Teresinha, a organizada

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Evandro Teixeira: o fotografo

Recentemente, quando da realização XXX Bienal de Arte Fotográfica Brasileira em Preto e Branco, em Caxias do Sul, a grande atração no evento foi a presença do renomado, aclamado profissional do fotojornalismo Evandro Teixeira. Suas fotos retratam fielmente obscuros e medonhos momentos de um passado ditatorial, dos princípios constitucionais violentados, endemoninhados. Fotos destacam a realidade, a veracidade daquela atroz época violenta, da intimidação pelas armas, tudo registrado pela câmera fotográfica de Evandro Teixeira. Uma destaca-se entre tantas outras, símbolo da perseguição à liberdade, a repressão aos direitos do cidadão em se expressar. Em plena avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro, a foto registra policiais armados com cassetetes perseguindo, em intensa corrida, colocando em polvorosa jovens estudantes.
Autor de cinco livros é a comprovação do excelente profissional que é Evandro Teixeira, com a magia, a criatividade da arte da fotografia.

Golpe militar: 54 anos para esquecer

Um dia desses, de posse do controle remoto, encontro interessante programação no canal por assinatura Curta. Trata-se de um documentário que retrata os anos da ditadura militar no país, os trágicos acontecimentos, os fatos dramáticos de um período de autoritarismo, proporcionados por um golpe militar, de drásticas ocorrências, lamentavelmente impossíveis de ser esquecidas, registros de uma abjeta época nos anais da história brasileira: 54 anos atrás.
Sequências de cenas mostram a trajetória política do absurdo, de uma época com perseguições políticas, sequestros, torturas e assassinatos, o cotidiano dos anos de chumbo, como era chamado aquele período.
Para se chegar ao tempo da tirania, da opressão contra direitos democráticos, há necessidade de retroagir-se no tempo, recorrer ao passado: ano de 1961.
Com a renúncia do presidente Jânio QuadrUm dia desses, de posse do controle remoto, encontro interessante programação no canal por assinatura Curta. Trata-se de um documentário que retrata os anos da ditadura militar no país, os trágicos acontecimentos, os fatos dramáticos de um período de autoritarismo, proporcionados por um golpe militar, de drásticas ocorrências, lamentavelmente impossíveis de ser esquecidas, registros de uma abjeta época nos anais da história brasileira: 54 anos atrás.
Sequências de cenas mostram a trajetória política do absurdo, de uma época com perseguições políticas, sequestros, torturas e assassinatos, o cotidiano dos anos de chumbo, como era chamado aquele período.
Para se chegar ao tempo da tirania, da opressão contra direitos democráticos, há necessidade de retroagir-se no tempo, recorrer ao passado: ano de 1961.
Com a renúncia do presidente Jânio Quadros assume a presidência seu vice João Goulart, ambos legitimamente e democraticamente eleitos pela vontade do povo, desejo comprovado pelo voto popular. Com sérias desconfianças sobre a trajetória política do novo governo, com alegação de uma possível e ameaçadora hipótese da instalação de um regime comunista no país, com a suspeição de uma ameaça à segurança nacional, militares, políticos conservadores, o poder econômico, as elites dominantes, buscaram a união, alternativas na tentativa de evitar a posse democrática do novo governo. Nada ocorreu contra a democracia. Forças populares asseguraram a posse de João Goulart. Seu governo tentou transformar seu discurso progressista em ações com as reformas de base como a política, a agraria, entre tantas outras. Decididamente a ideologia à esquerda incitou o inconformismo, a rebeldia da classe burguesa. De outra forma havia a resistência da classe operária, destudantes, da massas populares contra a possível supressão dos direitos constitucionais, a liberdade suprimida. Todo esse temor aconteceu três anos mais tarde. Governo legitimo destituído por um golpe militar, o poder soberano e democrático usurpado. Foram mais de 20 anos de ditadura, de direitos democráticos violados, a predominância tirânica, o abuso do poder autoritário. O documentário revela com todos os detalhes essa trágica história brasileira
Tempo decorrido para ficar no esquecimento.