quarta-feira, 22 de agosto de 2018

GRENDENE & OLIVETTO "Direto de Washington"


O retrato na capa do livro denota a fisionomia de alguém prepotente, vaidoso, pedante... pode ser. A foto em “close up” é capaz de revelar em detalhes o rosto de um arrogante lorde inglês, ou em primeiro plano a figura de um esnobe comendador italiano. Talvez o retrato possa atribuir a personalidade de uma, até duas, personagens sugeridas, ou nenhuma delas. Na verdade o retrato da capa do livro nem é de nenhum lorde ou comendador, é do seu autor, o publicitário Washington Olivetto. Por ser quem é Olivetto, a fotografia é produto da arte de um dos mais famosos fotógrafos do mundo, Sebastião Salgado. O livro, “Direto de Washington”, afirma-se como autobiografia, na realidade trata-se de uma autolouvação, exagerada autoestima, que vangloria as conquistas de prêmios internacionais obtidos e palestras de sucessos. Sobremaneira a autonarração chega aos píncaros da megalomania por parte do mais famoso publicitário brasileiro. Por tudo isso, o livro de 400 páginas, em alguns momentos de sua leitura torna-se monótona ao referenciar vaidades, desinteressante por repetir acontecimentos.
Olivetto, dono da maior empresa publicitária do país, W/Brasil, entre seus clientes tinha a Grendene. Parte do livro é interessante aos habitantes da aldeia por envolver a empresa farroupilhense em dois casos pitorescos contados de forma resumida.
No primeiro trata-se do comercial do sapato 752, sapato popular, da Vulcabras, com a participação de Paulo Maluf. Certa ocasião Maluf convidou Olivetto para visitá-lo. De antemão avisou ao anfitrião que não realizava campanhas políticas, assim mesmo foi até a cada de Maluf. Foi quando inesperadamente surgiu a ideia do comercial. Deduziu Olivetto que político atrás de voto tem que andar muito. A mensagem publicitária agradou Maluf que ganharia mídia de graça na televisão. O segundo passo acertar com Pedro Grendene, que tinha acabado de comprar a Vulcabras, realizar o acerto para o comercial, o que aconteceu, sucesso absoluto.  Passado algum tempo Pedro sugeriu então que se fizesse outro comercial com a participação de Leonel Brizola e Olivetto raciocinou: “Ideia ótima, fizemos o pé direito e agora vamos fazer o pé esquerdo”.
Segundo caso, ainda contado por Olivetto. As sandálias Rider vendia milhões de pares por mês aos brasileiros, produto calçado por trabalhadores, pelo povão em geral e também por ricos frequentadores do Club Athletico Paulistano. O Brasil inteiro usava Rider, exceto no Rio de Janeiro, que tratava a sandália como brega. Para reverter essa imagem Olivetto e sua equipe tiveram a surpreendente e esquisita ideia de fazer uma festa no porta-aviões Minas Gerais. Conta o publicitário que não teve nenhuma dificuldade em convencer os irmãos Alexandre e Pedro Grendene para a realização do evento, o que aconteceu. A festa no porta-aviões terminou somente as cinco horas e no livro, no primeiro capítulo, são contados detalhes curiosos, engraçados, de irreverência total na festa de muita gente famosa, de muita comida e bebida. Conforme menciona Olivetto, a festividade alcançou seus objetivos ao ter sido o grande destaque da mídia naquele ano, atingindo o público formador de opinião do Rio de Janeiro. Dessa forma o chinelo Rider deixou de ser algo brega e aumentou consideravelmente suas vendas em terras cariocas.

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