Imagina-se
que o carioca, que vive ali, vizinho, é um assíduo frequentador dos dois pontos
turísticos famosos internacionalmente, aquelas belas paisagens contidas em
cartões postais: Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. Engano. Segundo pesquisa
realizada por alunos e professores de turismo, mostra que grande maioria dos
cariocas nunca visitou ao menos um, de um dos dois pontos turísticos famosos de
sua terra. Parece estranho que belíssimos locais, muito apreciados dos que vem
de fora, não despertem interesse dos cariocas. Qual o motivo? Talvez por estar
ali lado a lado, na planície, olhando para o alto os encantados morros
corriqueiramente, desdenhem todo aquele esplendor. Quem sabe nunca lhes ocorressem
o desejo de uma visita, simplesmente por falta de oportunidade.
Pois bem. Talvez eu poderia ser parte
dessa maioria de cariocas. Conheci os dois mais conhecidos pontos turísticos do
Rio de Janeiro quase fortuitamente. Estive por lá três ou quatro vezes, isso
ocorrido em razão de parentes e conhecidos solicitarem em acompanhá-los e assim
aconteceu. Se cariocas não conhecem aqueles dois pontos turísticos fascinantes
e encantadores o que dizer de outros menos conhecidos. Muitos deles conheci sem
precisar subir morros, andar de trenzinhos.
No Teatro Municipal, o majestoso prédio na
avenida Rio Branco, pertinho do bar Amarelinho, na Cinelândia, do mezanino,
assisti o primeiro espetáculo teatral e por ter sido o primeiro nunca mais
esquecido: Carmem, opera de Bizet.
Defronte ao teatro, na mesma avenida, a imponente
Biblioteca Nacional. Por lá andei percorrendo alguns de seus corredores de
silêncio sepulcral, em meio àquela colossal fonte do saber.
A Quinta da Boa Vista é um espetacular e
monumental parque localizado no bairro de São Cristóvão, zona norte do RJ,
constituindo um imenso complexo paisagístico e importante preservação
ambiental. Nos fundos da Quinta, num parque intensamente arborizado encontra-se
o maior e mais antigo zoológico do país. A entrada é por um monumental portão
de bronze. A partir dele caminha-se por alamedas margeadas de palmeiras
imperiais. Percorre-se caminhos e em sua volta centenas de animais. Também no
interior da Quinta da Boa Vista o suntuoso Museu Nacional. O então palácio imperial
de São Cristóvão serviu de residência para a família real portuguesa de Dom
João VI (fugido de Portugal, dos ingleses), abrigou a família imperial
brasileira (Dom Pedro I e Dom Pedro II).
Quem o conheceu, quem o viu, não o verá
mais. Conheci. Uma excursão de estudantes. A turma por lá andou percorrendo
três amplos andares da construção, observando extasiada relíquias expostas,
caminhando sobre o piso, o mesmo piso em que andavam personagens das família
real e imperial. No primeiro andar, nos informa o guia, estava destinado a
todos os serviços e primeiras recepções. No segundo, local oficial de recepções,
compartimentos para faustosas refeições. No terceiro andar, dormitórios,
aposentos, área exclusiva da família.
Foram aproximadamente duas horas em
frequentar um local de proporções de um colosso histórico. Narrei no pretérito,
pelos muitos anos passados quando conheci o Museu Nacional. Posso ter narrado
sobre um museu que não é mais do presente, que jamais terá futuro, ficará no
passado soterrado entre escombros.
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