quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Museu Nacional, conheci. Tem gente que jamais conhecerá


Imagina-se que o carioca, que vive ali, vizinho, é um assíduo frequentador dos dois pontos turísticos famosos internacionalmente, aquelas belas paisagens contidas em cartões postais: Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. Engano. Segundo pesquisa realizada por alunos e professores de turismo, mostra que grande maioria dos cariocas nunca visitou ao menos um, de um dos dois pontos turísticos famosos de sua terra. Parece estranho que belíssimos locais, muito apreciados dos que vem de fora, não despertem interesse dos cariocas. Qual o motivo? Talvez por estar ali lado a lado, na planície, olhando para o alto os encantados morros corriqueiramente, desdenhem todo aquele esplendor. Quem sabe nunca lhes ocorressem o desejo de uma visita, simplesmente por falta de oportunidade.
Pois bem. Talvez eu poderia ser parte dessa maioria de cariocas. Conheci os dois mais conhecidos pontos turísticos do Rio de Janeiro quase fortuitamente. Estive por lá três ou quatro vezes, isso ocorrido em razão de parentes e conhecidos solicitarem em acompanhá-los e assim aconteceu. Se cariocas não conhecem aqueles dois pontos turísticos fascinantes e encantadores o que dizer de outros menos conhecidos. Muitos deles conheci sem precisar subir morros, andar de trenzinhos.
No Teatro Municipal, o majestoso prédio na avenida Rio Branco, pertinho do bar Amarelinho, na Cinelândia, do mezanino, assisti o primeiro espetáculo teatral e por ter sido o primeiro nunca mais esquecido: Carmem, opera de Bizet.
Defronte ao teatro, na mesma avenida, a imponente Biblioteca Nacional. Por lá andei percorrendo alguns de seus corredores de silêncio sepulcral, em meio àquela colossal fonte do saber.
A Quinta da Boa Vista é um espetacular e monumental parque localizado no bairro de São Cristóvão, zona norte do RJ, constituindo um imenso complexo paisagístico e importante preservação ambiental. Nos fundos da Quinta, num parque intensamente arborizado encontra-se o maior e mais antigo zoológico do país. A entrada é por um monumental portão de bronze. A partir dele caminha-se por alamedas margeadas de palmeiras imperiais. Percorre-se caminhos e em sua volta centenas de animais. Também no interior da Quinta da Boa Vista o suntuoso Museu Nacional. O então palácio imperial de São Cristóvão serviu de residência para a família real portuguesa de Dom João VI (fugido de Portugal, dos ingleses), abrigou a família imperial brasileira (Dom Pedro I e Dom Pedro II).
Quem o conheceu, quem o viu, não o verá mais. Conheci. Uma excursão de estudantes. A turma por lá andou percorrendo três amplos andares da construção, observando extasiada relíquias expostas, caminhando sobre o piso, o mesmo piso em que andavam personagens das família real e imperial. No primeiro andar, nos informa o guia, estava destinado a todos os serviços e primeiras recepções. No segundo, local oficial de recepções, compartimentos para faustosas refeições. No terceiro andar, dormitórios, aposentos, área exclusiva da família.
Foram aproximadamente duas horas em frequentar um local de proporções de um colosso histórico. Narrei no pretérito, pelos muitos anos passados quando conheci o Museu Nacional. Posso ter narrado sobre um museu que não é mais do presente, que jamais terá futuro, ficará no passado soterrado entre escombros.

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