O estado de Minas Gerais tem esse nome
por conectar-se literalmente com diversas regiões de extração de minérios.
Primeiramente essas localidades eram denominadas simplesmente minas, objeção as
minas particulares e para diferenciação, o nome configurou-se como Minas
Gerais. Ricas jazidas de ouro foram descobertas no século XVIII, polo aurífero que
fez fortuna de muita gente, principalmente de portugueses.
O ciclo do ouro terminou, mas Minas
Gerais continua sendo o mais importante estado minerador do país, portentoso na
extração do mineiro de ferro. A região mineira chama-se Quadrilátero Ferrífero,
ao qual pertence desgraçadamente as cidades de Mariana e Brumadinho.
O processo de extração do minério de
ferro começa a partir da descoberta de uma jazida. Após o momento inicial há
necessidade de separar-se o material útil - propriamente dito o ferro – de outros
minérios desaproveitáveis.
O rejeito mineral, de nenhum valor
comercial, é separado com o uso de agua. Os resíduos toda a porcaria,
excrementos do minério, são depositados em algum lugar. Esse lugar é um depósito
numa estrutura que forma uma barragem de contenção, onde são colocadas as sobras
rejeitadas que irão protagonizar terrível, dramático acontecimento.
Barragens de contenção não são eternas. Pelo
descaso, pela incapacidade dos homens, elas se tornam assassinas.
Mariana (60 mil habitantes) e Brumadinho
(40 mil habitantes) são cidades que eram desconhecidas internacionalmente e pouco
conhecidas para os brasileiros. Mariana e Brumadinho irmanadas no infortúnio,
em traiçoeira desventura, em inacreditável desdita.
Tornaram-se catastroficamente
conhecidas, caracterizadas pela tragédia, por um tétrico desenlace de vidas
humanas.
Famílias desesperadas procuram seus
entes queridos. Saíram para trabalhar pela manhã e não voltaram mais. Uma centena
retornaram como cadáveres. Mais de duas centenas estão desaparecidas.
Certamente voltarão como um corpo morto.
A jovem médica almoçava num ambiente que
ficou totalmente destroçado, afundado em meio a criminosa lama. Deveria estar
falando com colegas ou, sozinha relembrando a festiva noite anterior, seu
aniversário. Nesse mesmo restaurante muitos funcionários conversavam sobre o
desempenho no trabalho, as projeções em graduar posições na empresa. Um grupo
de aficionados pelo futebol discutia suas preferências, quem era melhor, claro,
debate entre cruzeirenses e atleticanos. Outros mais comedidos programavam o
que fazer no final de semana.
Não sabiam, não era possível acreditar no
que iria acontecer. Todos os sonhos de projeção na vida funcional não mais
teria futuro. Cruzeiro e Atlético continuam eternos, porém não mais terão
aqueles torcedores do restaurante. Fim de semana que não aconteceu com tudo programado.
Ainda perto dali, nesse cenário
catastrófico, a avalanche apronta mais mortes: trabalhadores e turistas de uma
pousada tem a vida ceifada sem saber porque. Num dos corpos duas mortes. A
jovem grávida levava em seu ventre o futuro filho.
Os resíduos misturados com água, resultando
numa trágica pasta viscosa e pegajosa, material desprezível para nada servir. Não...
serve sim, desgraçadamente para matar gente inocente.
A barreira de contenção rebentada. Lama fatal
formada pela ambição dos homens, pela ganância capitalista. Desgraceira.
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