terça-feira, 26 de março de 2019

Fenômeno equinócio


O fenômeno equinócio ocorreu na quarta-feira. Isso significa que o verão acabou, agora o prelúdio do outono. Verão. Não temos mais o brilhante sol, a acariciante brisa. Fim do tempo inefável da natureza resplandecente, de inebriante prazer A plena liberdade proporcionada pela estação de agitar, brincar, alegria e plena euforia. Se foi a época da cantoria da passarinhada. O canto do macho em conquistar a fêmea. A preparação dos ninhos, a procriação. Não se houve mais o tilintar dos canarinhos, belos, com variadas cores, embelezando qualquer ambiente. A cantoria envolvente esvaziou-se. Pardais, espertos e ativos, tem seus bandos diminuídos.  Não se escuta mais eles chilreando animadamente, com pressa, sem cessar, de voos rápidos. Barulheira intensa. Toda essa passarada em tempo de estio. Mal o dia clareia, compõe uma sinfonia que parece desencontrada, de diferentes sons, mas gostosa de se ouvir. Particularidades do mundo ornitólogo
Período de férias, de veraneio, do descanso, do lazer, à beira-mar ou, em regiões serranas. É verdade, que nem sempre todo o tempo de verão é aquele que se deseja, dos atraentes informes publicitários, do encantamento de peças literárias.
Tempo dos homens usarem bermudas, chinelos de dedo, camisas regatas. Mulheres calçam havaianas, vestem shorts. Ao longo de três meses a satisfação do amanhecer bem cedinho, a demora em chegar a noite. Tempo suficiente para meditar, para necessárias reflexões. Desprezar a tristeza, esquecer o que de ruim aconteceu, enaltecer as coisas boas. Prevalece o sentimento de alto-astral, agradável e estimulante, proporcionando momentos esfuziantes e vivazes de bem-estar.
Enfim terminou verão. Parece que tudo ficou mais triste. O real no verão, agora somente devaneio.
O fenômeno equinócio prossegue. Determinou o fim de uma estação, o começo de outra. Outono. Período de transição do verão ao inverno. O sol gradativamente diminui sua energia, sua radiosa força já não é a mesma. A iluminação solar enfraquece. Assim, as noites são mais longas, a claridade dos dias é curta, predomina o tom cinza o céu. O período outonal caracteriza-se também pelas ventanias, nevoeiros, chuva em demasia, a umidade do ar diminui. A mudança de clima, a diminuição da luz solar, o fenômeno da fotossíntese enfraquece. As folhas despencam dos galhos, caídas no chão tem a tonalidades vermelhas e amarelas, tornam-se folhas mortas. Os frutos maduros espalham-se também pelo chão. As árvores perdem o viço, ficam indefesas, nuas. Estação da melancolia.  
Outono, as pessoas ficam mais retraídas, nostálgicas.
Não sejamos radicalmente críticos. Como toda estação é tempo de perdas e ganhos. O ruim mesmo é de que o outono precede o inverno
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Trata-se de uma falácia quando muitas pessoas afirmam “o ano só começa depois do carnaval”. Indaguem aos industriários, comerciários, operários de modo geral. Para esses o início do ano é exatamente em janeiro.

terça-feira, 19 de março de 2019

O GRANDE GOLPE


Não... Decididamente não... Nada será comentado sobre algum golpe militar ou golpe de estado. O golpe a ser abordado é corriqueiro, sem exagero, trata-se de uma ação criminosa que faz parte do cotidiano, a vigarice com o mais conhecido de todos os golpes, o golpe do bilhete premiado. A ação desonesta de enganar alguém tem sempre como alvo os idosos.
Esse tipo de trapaça está inserido na crônica policial invariavelmente, de forma sistemática, muito semelhante, com um, ou outro detalhe, de somenos diferença.
A tentativa do golpe, ocorrida dias atrás, foi narrado pela própria pessoa assediada por três vigaristas. Trata-se de uma sexagenária, professora aposentada, o que demonstra que para os ardilosos velhacos pouco importa a condição de formação em nível superior. Aos fatos:
A senhora, objetivo dos meliantes, caminha pela rua Tiradentes, por volta do meio-dia, hora de almoço, evidentemente pelo horário, a movimentação de pessoas e veículos é reduzida. Começa a trama criminosa. À frente da escolhida vítima anda alguém com dificuldade. Quando a possível vítima vai ultrapassá-lo, quando está lado a lado, com voz mansa, com jeito finório, demonstrando ingenuidade, o dito sofrente descaradamente se faz de vítima e com simplicidade proposital conquista a simpatia e a confiança da senhora. Pede ajuda. “A senhora sabe onde fica essa malharia?  A resposta foi simples: “Não, não sei”. Nesse momento surge o segundo safado. Bem apessoada aproxima-se dos dois envolvidos. Prestativo, gentilmente pergunta se pode ajudar. Ele também não sabe onde fica a tal malharia. Então, aquele infeliz, somente na aparência revela que iria procurar na malharia uma pessoa para verificar um bilhete da mega-sena. O calhorda bem vestido, dizendo-se advogado, oferece ajuda. Com o celular diz ligar para a lotérica para conferir os números, o que é falso. O esquema está montado. Euforia, o bilhete está premiado. De imediato o sujeito faz mais uma ligação telefônica, desta para feita para a Caixa, para saber como proceder para retirar o prêmio. Nesse interim um terceiro punguista aparece. Ele se diz corretor de imóveis, solícito também oferece ajuda. O fajuto dono do bilhete se diz analfabeto e sem documento A essa altura a senhora, a vítima, está em confusão mental, parece estar hipnotizada, está sendo ludibriada. O pilantra, dono do bilhete, promete uma excelente recompensa. Em bonito carro, convidam a vítima para ir ao banco “fazer negócio”. Eles lhe dariam, na divisão do prêmio, atraente valor. Dentro do carro um comparsa, para mostrar que está bem de vida abre uma maleta com inúmeras notas de 100 reais, certamente falsas. Pedem 30 mil reais a vítima como parte da tramoia. Cliente do Banrisul queriam que o dinheiro fosse depositado no Banco do Brasil, certamente alguém de nome falso. Dentro do banco, sempre vigiada, a professora começa a desconfiar – dinheiro em maleta porque não no banco. Começa a se livrar do êxtase, do estado de torpor. Telefona para uma amiga. Os bandidos desconfiam. Desaparecem do mapa.

  

ANA JÚLIA a formosa criatura


Verão. Andei por ai. Praias do Atlântico Sul. Sol cintilante, maravilhoso e fascinante, com seu esplendoroso brilho refletido no mar de água transluzente e no romantismo da natureza, parece acariciá-lo.
Diáfana manhã. O vento, na verdade uma brisa, proveniente do mar de deslumbrante cor azul, afagante, de intenso frescor, proporcionando uma sensação prazerosa.
Invariavelmente esse é o panorama do cotidiano praiano, acrescentando mais: sol e mar estão cercados por superabundante vegetação engajadas nas encostas dos morros, com tonalidade predominantemente, tal e qual uma aquarela.
Dia de plena e magnifica luminosidade com as graças do astro rei, mar infinito, sonho lúcido, devaneio. Verão.
Além de desfrutar e apreciar a soberba natureza, tenho como lazer, a caminhada matinal, acompanhado de minha mulher, duração de 40 a 60 minutos, em média cinco quilômetros de andança.
Depois do exercício, mais tarde o sol em intensa resplandecência, abrasador, motivo pelo qual há necessidade de proteção de um guarda-sol.
O segundo lazer, protegido, trata-se de leitura. Reli um livro, lançamento no ano 2.000, “Os cem melhores contos brasileiros”. São 617 páginas do cartapácio, leitura de alguns dias, fácil e muito agradável, conto por conto. São exatamente 100 contos de 100 contistas. Os primeiros contos compreendem o período de 1900 a 1930 (três décadas). Como não poderia ser diferente a primazia do primeiro conto, o melhor de todos os contistas, Machado de Assis, com o conto “Pai contra mãe”. Num desenvolvimento de ordem progressiva, a cada década (dos 40 a 90 anos), os contos publicados compreendem os melhores contistas do seu tempo (a critério da editora foi escolhido o melhor conto de cada um dos contistas). São admiráveis escritores, gênios de diversas estórias, fantasias de variados conteúdos: romanceados, humorísticos, trágicos, espantosos, eróticos.
Paro de ler. Por instante, olhar perdido no horizonte, onde o mar não tem limites.
De repente, pelo barulho, algo me chama a atenção. Um grupo de jovens, em plena algazarra aproxima-se. Descontraída farra com comportamento de total euforia.
No grupo destaca-se graciosa jovem, de olhos amendoados, esplendorosamente azuis, pele parecendo ser sedosa e sedutora. No aspecto físico, diríamos tipo mignon ou petit, altura que corresponde a Tatá Werneck. Com seu jeito jovial, desinibida, em certo momento está frente ao grupo e de modo até engraçado, meio desengonçada corre de costas e o pessoal se diverte pelo seu jeito. Mais adiante, a radiosa formosura, chuta as espumas criadas pela agitação do mar.
Linda e atraente é também charmosa. O seu charme provém de suas atitudes. Cabelo negro, com o penteado tipo rabo de cavalo, preso por elástico. Vez por outra, retira o elástico, cabelos soltos, sacode a cabeça, em seguida com dedo indicador enrola parte do cabelo voltando ao original rabo de cavalo. Outro detalhe charmoso. Na face caem propositadamente alguns fios do cabelo. A cada instante o charme é demonstrado quando uma vez mais, com o dedo indicador enrola os poucos fiapos.
Dizem que a formosa criatura tem o nome de Ana Julia.