Não... Decididamente não... Nada será comentado sobre algum golpe
militar ou golpe de estado. O golpe a ser abordado é corriqueiro, sem exagero,
trata-se de uma ação criminosa que faz parte do cotidiano, a vigarice com o
mais conhecido de todos os golpes, o golpe do bilhete premiado. A ação
desonesta de enganar alguém tem sempre como alvo os idosos.
Esse tipo de trapaça está inserido na crônica policial invariavelmente,
de forma sistemática, muito semelhante, com um, ou outro detalhe, de somenos
diferença.
A tentativa do golpe, ocorrida dias atrás, foi narrado pela própria
pessoa assediada por três vigaristas. Trata-se de uma sexagenária, professora
aposentada, o que demonstra que para os ardilosos velhacos pouco importa a
condição de formação em nível superior. Aos fatos:
A senhora, objetivo dos meliantes, caminha pela rua Tiradentes, por
volta do meio-dia, hora de almoço, evidentemente pelo horário, a movimentação de
pessoas e veículos é reduzida. Começa a trama criminosa. À frente da escolhida
vítima anda alguém com dificuldade. Quando a possível vítima vai ultrapassá-lo,
quando está lado a lado, com voz mansa, com jeito finório, demonstrando
ingenuidade, o dito sofrente descaradamente se faz de vítima e com simplicidade
proposital conquista a simpatia e a confiança da senhora. Pede ajuda. “A
senhora sabe onde fica essa malharia? A
resposta foi simples: “Não, não sei”. Nesse momento surge o segundo safado. Bem
apessoada aproxima-se dos dois envolvidos. Prestativo, gentilmente pergunta se
pode ajudar. Ele também não sabe onde fica a tal malharia. Então, aquele
infeliz, somente na aparência revela que iria procurar na malharia uma pessoa para
verificar um bilhete da mega-sena. O calhorda bem vestido, dizendo-se advogado,
oferece ajuda. Com o celular diz ligar para a lotérica para conferir os
números, o que é falso. O esquema está montado. Euforia, o bilhete está
premiado. De imediato o sujeito faz mais uma ligação telefônica, desta para
feita para a Caixa, para saber como proceder para retirar o prêmio. Nesse
interim um terceiro punguista aparece. Ele se diz corretor de imóveis, solícito
também oferece ajuda. O fajuto dono do bilhete se diz analfabeto e sem
documento A essa altura a senhora, a vítima, está em confusão mental, parece
estar hipnotizada, está sendo ludibriada. O pilantra, dono do bilhete, promete
uma excelente recompensa. Em bonito carro, convidam a vítima para ir ao banco
“fazer negócio”. Eles lhe dariam, na divisão do prêmio, atraente valor. Dentro
do carro um comparsa, para mostrar que está bem de vida abre uma maleta com
inúmeras notas de 100 reais, certamente falsas. Pedem 30 mil reais a vítima
como parte da tramoia. Cliente do Banrisul queriam que o dinheiro fosse
depositado no Banco do Brasil, certamente alguém de nome falso. Dentro do
banco, sempre vigiada, a professora começa a desconfiar – dinheiro em maleta
porque não no banco. Começa a se livrar do êxtase, do estado de torpor.
Telefona para uma amiga. Os bandidos desconfiam. Desaparecem do mapa.
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