terça-feira, 19 de março de 2019

O GRANDE GOLPE


Não... Decididamente não... Nada será comentado sobre algum golpe militar ou golpe de estado. O golpe a ser abordado é corriqueiro, sem exagero, trata-se de uma ação criminosa que faz parte do cotidiano, a vigarice com o mais conhecido de todos os golpes, o golpe do bilhete premiado. A ação desonesta de enganar alguém tem sempre como alvo os idosos.
Esse tipo de trapaça está inserido na crônica policial invariavelmente, de forma sistemática, muito semelhante, com um, ou outro detalhe, de somenos diferença.
A tentativa do golpe, ocorrida dias atrás, foi narrado pela própria pessoa assediada por três vigaristas. Trata-se de uma sexagenária, professora aposentada, o que demonstra que para os ardilosos velhacos pouco importa a condição de formação em nível superior. Aos fatos:
A senhora, objetivo dos meliantes, caminha pela rua Tiradentes, por volta do meio-dia, hora de almoço, evidentemente pelo horário, a movimentação de pessoas e veículos é reduzida. Começa a trama criminosa. À frente da escolhida vítima anda alguém com dificuldade. Quando a possível vítima vai ultrapassá-lo, quando está lado a lado, com voz mansa, com jeito finório, demonstrando ingenuidade, o dito sofrente descaradamente se faz de vítima e com simplicidade proposital conquista a simpatia e a confiança da senhora. Pede ajuda. “A senhora sabe onde fica essa malharia?  A resposta foi simples: “Não, não sei”. Nesse momento surge o segundo safado. Bem apessoada aproxima-se dos dois envolvidos. Prestativo, gentilmente pergunta se pode ajudar. Ele também não sabe onde fica a tal malharia. Então, aquele infeliz, somente na aparência revela que iria procurar na malharia uma pessoa para verificar um bilhete da mega-sena. O calhorda bem vestido, dizendo-se advogado, oferece ajuda. Com o celular diz ligar para a lotérica para conferir os números, o que é falso. O esquema está montado. Euforia, o bilhete está premiado. De imediato o sujeito faz mais uma ligação telefônica, desta para feita para a Caixa, para saber como proceder para retirar o prêmio. Nesse interim um terceiro punguista aparece. Ele se diz corretor de imóveis, solícito também oferece ajuda. O fajuto dono do bilhete se diz analfabeto e sem documento A essa altura a senhora, a vítima, está em confusão mental, parece estar hipnotizada, está sendo ludibriada. O pilantra, dono do bilhete, promete uma excelente recompensa. Em bonito carro, convidam a vítima para ir ao banco “fazer negócio”. Eles lhe dariam, na divisão do prêmio, atraente valor. Dentro do carro um comparsa, para mostrar que está bem de vida abre uma maleta com inúmeras notas de 100 reais, certamente falsas. Pedem 30 mil reais a vítima como parte da tramoia. Cliente do Banrisul queriam que o dinheiro fosse depositado no Banco do Brasil, certamente alguém de nome falso. Dentro do banco, sempre vigiada, a professora começa a desconfiar – dinheiro em maleta porque não no banco. Começa a se livrar do êxtase, do estado de torpor. Telefona para uma amiga. Os bandidos desconfiam. Desaparecem do mapa.

  

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