O Hino Nacional é uma conclamação importante
em qualquer solenidade - até mesmo antes de uma partida de futebol, não tão
solene assim -. Trata-se de uma concitação, um brado, mais do que isso, uma
incitação, em época de um povo descrente em tudo e em todos, a pasmaceira
diante de um estado de coisas, numa combinação desafiadora e complicada. Talvez,
tudo isso, seja a resposta para a falta de patriotismo, de estímulo, disposição afetiva do brasileiro, desiludido
com a incompetência governamental, a imperícia da classe dirigente, a baderna
financeira, o caos econômico, impunidade para mais corruptos, a injustiça
social. Poucos brasileiros acreditam em promissoras possibilidades futuras em
meio a desarvorada situação no contexto nacional. Há um quadro insuportável de
violação aos direitos fundamentais do cidadão: saúde, educação, segurança. Embaraçada
economia sem propostas positivas (talvez o aumento de impostos), que proporciona
desemprego para milhões de pessoas.
Existem crentes, de pensamento moderador,
para os quais a situação não é tão ruim assim. Os ciosos, que tem o raciocínio conservador,
afirmam que tudo vai bem. Os dois grupos argumentam, que a suposta precariedade
nada tem a ver com a sensibilidade do amor à Pátria. O sentimento de frustação
e decepção origina-se nos atos despropositados e ineficazes, motivados pela
ingerência de incompetentes políticos. A reação de cada brasileiro, inclusive aquele
inserido no sistema de estratificação social, abaixo da linha da pobreza, à
margem da sociedade, excluído do convívio social, ser humano tratado como
desigual não quer saber de patriotada. Gente de passado desconhecido, de presente
incerto, futuro... quem sabe. Essa pessoas tem a reação compreensível de
repúdio à Pátria, na verdade, pensando bem, elas não tem compreensão de
patriotismo, desconhecem esse aspecto. Paradoxalmente, melhor não saber da
Pátria ingrata e megera. Não se pode desvincular uma realidade de completa mazela
no país, algo profundamente ruim com a Pátria Amada.
Afinal o que é Pátria. Simplesmente o
país onde se nasce, torrão natal. Podemos dizer que se trata de uma instituição
abstrata, alegórica, contemplativa e por ser assim adjetivada, surge como pleno
sentimento de amor. A Pátria, também etérea e sublime, lamentavelmente no
contexto confunde-se com a canalhice dos políticos.
Como pensar e desejar amor à Pátria quando
se trata de uma nação representando segmentos de uma sociedade sem princípio do
igualitarismo, comunidades de pensamento individualizado, de pensamento do
“primeiro nós” e de raciocínio “salve-se quem puder”, do poder maior e da
ganância dos privilegiados, prevaricação de autoridades.
Patriotismo é o sentimento de orgulho,
amor e dedicação à Pátria. Diante desse conceito a famosa frase de Samuel
Johnson: “Patriota é o último refúgio dos canalhas”, soa como pejorativa, entendida
como ultrajante. Entenda-se:
o historiador e político inglês,
referia-se ao seu partido o Patriota, pela presença cada vez maior de vários oportunistas.
Em tempo: Essa coluna serviu como tema
em outra escrita há 30 anos. Passou o tempo, nada mudou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário