Verônica é professora do ensino público, portanto mal remunerada. Salário miserável tradicionalmente representado pelo dedo indicador próximo ao polegar com uma ínfima separação entre os dois. Verônica está cansada depois de mais de 20 anos no magistério. Perdeu o entusiasmo
Verônica tem relacionamento difícil com o ex-marido. A mãe, com a necessidade de realizar uma cirurgia pelo hospital do serviço público, está esperando uma vaga, tem três meses. Não tem recurso para fazê-la em hospital privado. Verônica recorre ao ex-marido pedindo dinheiro emprestado para a cirurgia. Ele diz que não há problema, mas sutilmente insinua em levá-la para a cama. Indignada ela se sente como uma prostituta. A mãe terá que esperar. Não tem jeito. Dinheiro pelo sexo, jamais.
Um dia, na saída da escola em que trabalha, percebe que ninguém veio buscar Leandro, aluno de oito anos. Aguarda com o menino o comparecimento de alguém por várias horas. Anoitece e Verônica resolve levá-lo em casa situada em meio a uma favela. Quando se aproxima observa intenso movimento policial. Toma conhecimento de que traficantes foram assassinados, entre eles, pai e mãe de Leandro. Verônica redescobre sentimentos que estavam adormecidos e tenta fugir, retirar dali a criança.
Leandro também está jurado de morte. Dias antes da chacina, seu pai desconfiado do que poderia acontecer, pendura em seu pescoço um pen drive, instrumento que armazena e revela o conluio existente entre traficantes e policiais. Leandro é o da vez. Verônica fica apavorada. Busca ajuda com o marido ex-policial. Colegas professores receosos não colaboram. Descobre o pen-driva com o menino. Descobre mais; o lado podre da polícia e o envolvimento com traficantes. Não sabe em quem confiar. Se quiser sobreviver não pode seguir regras ou procurar a lei. Qualquer decisão racional e legal que tome não garante que seus problemas acabem. Existe uma única alternativa; fugir.
É o que faz Verônica junto com Leandro. Um recomeço, uma nova vida.
Verônica é o título do excelente filme de Mauricio Farias, com interpretação magistral de Andréa Beltrão, visto noite dessas sem qualquer preconceito por ser filme nacional.