sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Dinheiro no colchão

Pessoas de antigamente guardam dinheiro em casa. Gente que vive na roça distante tem a mania de colocar o dinheiro debaixo do colchão. Até se compreende, pelo jeito de criação, por uma questão de tradição familiar, por desconfiança da entrega do dinheiro a terceiros, por não ter a facilidade de manejo financeiro nos bancos, enfim seja qual for o modo pelo qual aquelas pessoas protegem suas economias se compreende. Decididamente não dá para cogitar o político ser assim, e acredita-se ter conhecimento suficiente para saber resguardar dinheiro de modo inteligente e evidentemente bem diferente do que fazem pessoas simples de métodos antiquados.
Na declaração de bens dos candidatos, segundo o TSE, uma boa maioria manifesta-se possuir valores em espécie, um eufemismo para dizer que tem dinheiro em casa, sob o colchão. São grandes quantias de dinheiro vivo guardadas em casa. Naturalmente sem medo de ser roubado, protegido por serviço de segurança a sua disposição. Não é ilegal manter o dinheiro em espécie, ou seja, debaixo do colchão. Mas parece existir safadeza ou no mínimo incoerência para um tipo de atitude em guarnecer dinheiro.
O eleitor que elege os políticos não é de todo otário, conhece alguma coisa dessa raça conhecida como política. O simples primeiro raciocínio é de que político não liga para dinheiro. Mais. Dá-se o direito de perdê-lo.
O candidato informa que em espécie, ou seja, guardado debaixo do colchão possui 200 mil reais. Perde dinheiro. Num investimento conservador como caderneta de poupança perde mensalmente (taxa de 0,6%) 1.200 reais, num ano 14.400 reais. Um esbanjador, muito mão aberta, dispersivo financeiramente.
O eleitor não é bobo. Então, qual a razão do dinheiro guardado em casa? De político a gente desconfia. Dinheiro debaixo do colchão parece significar maracutaia, falcatrua.
Nesse caso tem sentido guardar em espécie. Desconfia-se, porém ninguém sabe ao certo, o destino desse dinheiro em espécie em razão de sua grande versatilidade ao ser empregado. É quase impossível garantir sua existência, por consequência sua movimentação, pelo simples fato de que um fiscal da Receita exigir que seja mostrado, o candidato pode simplesmente declarar que gastou tudo repentinamente. Manter o dinheiro em casa trata-se de uma burra opção pessoal por perder dinheiro. Seria admissível essa maneira de agir em tempo de inflação galopante quando corroia patrimônios e era comum guardar dinheiro em casa em forma de dólares.
Dinheiro em casa pode significar que o político não confia no sistema financeiro. Ou o mais grave; não poder declarar e explicar a origem e o destino desse dinheiro.
Quem busca o eleitor, quem pede votos tem que explicar de onde o dinheiro ganho. Suas fontes, suas aplicações. As democracias verdadeiras são dessa forma exigentes. Esse fajuto negócio de dinheiro em espécie, debaixo do colchão é algo escuso.
Tem que ser devidamente explicado para o bem da exata informação. Para o eleitor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário