Ano de 1961. Estreou na terça-feira à noite a novela Amor e Revolução no SBT. O seriado retrata os anos da ditadura militar no país, tratando dos trágicos acontecimentos do golpe militar de 1964, fatos dramáticos da recente História do Brasil. Polêmica, a novela nos seus primeiros capítulos revive os anos de chumbo de uma época com fortes cenas de tortura.
Com a renúncia de Jânio Quadros assume a presidência o seu vice, João Goulart, ambos eleitos democraticamente pela vontade do povo através do voto popular.
Com sérias desconfianças sobre a trajetória política do novo governo, com a alegação de uma possível e ameaçadora hipótese da instalação do regime comunista no país, com a suspeição de uma ameaça a segurança nacional, militares, políticos conservadores, classes rica e média tentaram resistir com a transferência de cargo. Em vão. As forças populares asseguraram a posse de Jango. Em seu governo tentou transformar seu discurso em fatos promovendo as reformas de base, como a política, a agrária e outras.
Mais uma vez o inconformismo, a rebeldia, das elites e a classe burguesa. Não somente esses brasileiros, mas também os americanos não estavam aceitando aquele estado de coisas. Com medo da instalação do comunismo no Brasil (tempo da chamada Guerra Fria) os EUA cobravam dos militares uma ação repreensiva. Assim foi feito. A História cita, narra os fatos: golpe militar de 1964. A resistência de operários, estudantes, de militares menos graduados, a democracia suprimida, suspensão de direitos constitucionais, perseguição política, repressão aos contra do regime militar, prisões, torturas. Tudo era permitido contra o perigo vermelho, a favor de uma verdadeira democracia. Deu no que deu. A novela do SBT está recuperando esses terríveis episódios de uma época.
Alias, recentemente, no dia da mentira, 1º de abril, o golpe fez aniversário. Tiveram vergonha, os torturadores da época ou daqueles que sobraram de pouco ou quase nada comemorarem. A não ser uma missa em Brasília, mandada rezar por alguns carolas militares, nada mais se ouviu comentar. Quanto ao 1º de abril, uma cena na novela. A jovem senhora mora numa mansão de um general, casada com um também militar, que é filho do general. Em determinada refeição a discussão sobre, para eles a revolução. A jovem senhora tem idéias diferentes daquela conservadora família. De repente diz ela:
- Bem apropriada o começo dessa revolução, no dia da mentira, 1º de abril.
O general, meio ofendido, retruca rapidamente: “1º de abril não. Revolução de 31 de março”. O golpe militar enganou muita gente, mentiu descaradamente em nome de uma fajuta democracia. Tinha como objetivo, segundo seu propósito, salvar o país do perigo comunista, modelo arcaico e autoritário da esquerda de raízes populistas. Usou a força com ações escabrosas e violentas em nome de uma falsa democracia. Jornais tradicionais (O Globo, Estadão. Folha e outros) saudavam em manchetes o golpe militar, o falso retorno da democracia, todos eles apegados ao modelo obsoleto e autoritário da direita, de vinculo liberal, selvagem e excludente. Deu no que deu.
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