Inacreditável, mas a iniciativa da “coisa” é do governo estadual de Tarso Genro, do Partido dos Trabalhadores. Uma proposta típica de governos conservadores liberais. Trata-se de fato de que o PT, pela inverossímil ideia, abandonou suas origens abraçando causas do sistema reacionário, medidas políticas e administrativas esdrúxulas, dissociadas de sua ideologia, distante de sua plataforma doutrinária e nesse caso questionado, especificamente, as educacionais, claramente em indisposição à classe dos professores e aos jovens estudantes de escolas públicas que almejam entrar para a universidade. A “coisa” referida se denomina ensino politécnico, uma proposta pedagógica por decreto, de reestruturação do ensino médio nas escolas públicas.
O argumento do governo é institucionalizar e formar técnicos para o trabalho nos mais diversos segmentos. A proposta tem cunho social – trabalho para jovens - mas mascarada, escondendo uma outra realidade. Oferece mais oportunidades é verdade, mas reduz o sonho de jovens ingressarem na universidade. O que se entende pela iniciativa governamental colocada é o rápido aproveitamento da massa jovem trabalhadora, competidora entre si, por conseguinte, a formação de mão de obra barata para as empresas. Concomitantemente um fato mais importante e danoso, qual seja a dificuldade do acesso de estudantes da rede pública de ensino em chegar à universidade. A objeção que o jovem enfrentará a partir da implantação do ensino politécnico é facilmente explicável em razão da diminuição de cargas horárias de importantes e tradicionais disciplinas como o português, matemática, geografia e história, entre outras. Não há dúvida que reduzindo o número de aulas de matérias essenciais ao ingresso em algum curso superior se tornará bem mais difícil, porque não dizer improvável.
Essa situação colocará o ensino superior mais ainda como reduto das elites. Ricos alunos de escola privada não serão prejudicados. O ensino tradicional continuará com o mesmo curriculum sem prejuízo ao ingresso à universidade. Só por essa condição e suas inevitáveis conseqüências a discutível reforma se torna inviável ao pensamento pedagógico tradicional.
Outros aspectos negativos. O professor da rede pública estadual tem mísero salário.
Para sobreviver, em turno contrário (manhã ou tarde) na escola que leciona sempre busca algum outro trabalho. Será prejudicado pelo ensino politécnico que exigirá maior carga horária, quase em tempo integral.
Outra mais. Professores que tem o nível superior serão mal comparados. Em razão do ensino especifico politécnico, professores poderão ser substituídos por técnicos sem devida formação universitária. Por tudo isso se lamenta a proposta do governo estadual petista. Além de prejudicar alunos e professores a iniciativa é um equívoco. Ensino técnico e profissionalizante cabe ao Senai e as escolas federais técnicas.
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