sábado, 28 de julho de 2012

Ação/Reação

A autoridade policial recomenda para as pessoas, passiveis vitimas de um assalto a mão armada, que jamais faça um ato de reação. Manter-se contido até mesmo pela forte emoção que o medo proporcione. Controlar-se sem fazer menção de qualquer gesto suspeito que possa atrair a ira do marginal e com isso lhe oferecer ensejo de uma atitude mais violenta e normalmente ter como desfecho uma tragédia. A ação criminosa do bandido poderá ocasionar a reação da vítima, causa e efeito. A recomendação para não reagir a um assalto é assunto de psicologia forense por resultados. A maioria das vítimas reage e se machuca. Se o agressor tem uma arma de fogo a reação quase sempre resulta em morte. A reação aos assaltos é impelida por forte emoção. Em muitas vezes a vítima perde o controle da situação em não se manter tranquila, segura de si, na tentativa de dominar com calma o revés. O medo e a sensação de impotência podem levá-la a tomar uma atitude de confronto e ao reagir sua vida pode ser colocada em risco de perdê-la. Tem gente que reage apesar de todos os perigos iminentes provenientes da ação criminosa. Assim se portam todos os seres humanos que trazem consigo o impulso agressivo, que não tem o controle emocional em situação belicosa, como também reagem as pessoas que tem demasiado apego as coisas materiais e o desespero pela possível perda de sua posse. Mas há as pessoas que se mostram despojadas das fortes emoções, personalidade tranquila, até mesmo nas mais variadas vicissitudes. Pessoas que por natureza, pelo conjunto de caracteres, jamais poderiam vislumbrar uma reação num episodio adverso, num momento periclitante. Jovem de 25 anos. As pessoas moradoras no bairro, os vizinhos, o conheciam como uma pessoa serena, tranqüila por natureza. De pouco dialogo, sua conversa resumia-se a poucas frases, pequenos períodos. Personalidade definida como introvertida. O rapaz ajudava a mãe na micro empresa, prestadora de serviços de limpeza. A noite, como melhoria de renda, era responsável pelo funcionamento de uma quadra esportiva. Numa noite de sábado a desgraça o cercou, a tragédia lhe alcançou. Perto da meia-noite, no fechamento das atividades dois indivíduos invadem o local reservado ao trabalho do jovem. No lado da cabeça uma arma é apontada. O jovem segura a mão de um dos bandidos. Busca ao que parece em um dos bolsos o seu celular já roubado. O bandido se mostra naquele momento frio e calculista, o que não acontece com o rapaz assaltado. Toda essa cena é gravada pelas câmeras de segurança do local. Em determinado momento o trio sai de cena, não são mais alcançados pelas câmeras. Passam para um outro cenário, agora despercebido, local onde ocorre o crime, a tragédia anunciada. O jovem recebe um tiro no peito, outro na perna. Morre no atendimento hospitalar. Nada se vê no momento trágico. Não há câmeras para testemunhar, mas se deduz que a vítima prosseguiu reagindo até terminar com a paciência, com a “bondade” criminosa dos assassinos. Tiros e morte. Contra quem. Contra uma pessoa, que moradores do bairro, vizinhos, sempre o acharam tranqüilo, calmo, quieto, sossegado. Algumas reações humanas são incompreensíveis.

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