Milaneses, vicentinos, trevisanos e trentinos, habitantes da
antiga Nova Vicenza, prospera vila, pelo progresso e desenvolvimento alcançou a
condição de segundo distrito mais importante do município de Caxias do Sul,
afora evidentemente, a sede municipal. Mais que isso - pela prosperidade, pela
evolução comercial -, tinham condições de vida própria, ser independentes,
libertarem-se do jugo, terminar com a sujeição, aniquilar a submissão, livrarem-se
do pátrio poder, deixarem de ser vassalos, pagadores de impostos aos usurpadores
caxienses. Todos: milaneses, vicentinos, trevisanos e trentinos, desejavam
unicamente, pela emancipação política, tornarem-se cidadãos farroupilhenses,
donos de seus próprios caminhos.
Ano de 1934,
a liberdade querida e alcançada, a emancipação. Foi num momento
democrático, no interregno da ditadura de Getulio Vargas com a constituição
daquele ano. Armando Antonello, em 1935, com o voto do povo é eleito prefeito
do novo e emancipado município de Farroupilha. Durou pouco o enganador momento
democrático. Em 1937, o ditador Vargas, com a criação do Estado Novo, impõe aos
brasileiros mais uma vez a condição do estado autocrático no exercício do
governo absoluto. Retorna assim, como em 1930, um novo período da era Vargas,
do poder onipotente, onipresente e arbitrário. Em razão disso, naquele ano
Antonello foi deposto substituído por um prefeito nomeado.
No Brasil a liberdade mais uma vez cassada, a democracia cerceada
e por decorrência o fim das eleições, processo de livre escolha de governantes
pelo voto direto, direito usurpado ao povo e assim por força ditatorial, pelo
governo despótico, cidades brasileiras, entre elas Farroupilha, a população não
pode escolher seu prefeito. Prefeitos eram nomeados pelos interventores
federais – eles na verdade governadores em cada estado, homens de confiança designados
pelo regime de exceção de Vargas.
Depois de 15 anos a redemocratização do país em 1945.
Eleições, o povo volta a escolher seus governantes, evidentemente, os
farroupilhenses idem.
É então, a partir da redemocratização, da segunda eleição
municipal em Farroupilha, se oferece um estudo comportamental político da
população farroupilhense sobre questões como politização e ideologia. Na verdade,
como em todas as cidades brasileiras são conceitos discutíveis, argumentos
dúbios, de somenos importância, afinal brasileiro como o farroupilhense vota
pelo momento político representado pelo “homem” que pode ser um político mais
adequado aos seus anseios, nem por isso necessariamente seja politizado ou
ideológico. A partir da emancipação, das eleições em Farroupilha, pode se fazer
um paradigma do comportamento político do seu povo.
José Baumgartner, segundo prefeito farroupilhense eleito
pelo voto direto (1947), do Partido Trabalhista Brasileiro, fundado por Getulio
Vargas de programa e plataforma popular, direcionado aos trabalhadores
brasileiros, sempre enaltecidos por Vargas. Farroupilhenses votaram e elegeram Baumgartner,
representante nas bandas de cá do PTB, do carisma e populismo de Getulio
Vargas. A cidade conservadora votou pelo momento - porque lhe interessava - no
socialismo pelo trabalhismo, na força de um personagem, de um protagonista
político de tanto poder, e assim se situa em segundo plano qualquer discussão
sobre politização ou algum debate ideológico.
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