Final de tarde, início da noite em Brasilia. Nesse interregno
natural do dia para a noite em terras brasilienses acontece, no sagrado templo
da democracia e liberdade, Câmara dos Deputados, mais uma sessão plenária. Ali,
qualificações inerentes ao recinto como o solene e o cerimonioso devem ser
indispensáveis, as formalidades de relacionamento respeitosas entre seus pares,
exigidas e cumpridas, enfim, o respeito reverenciado.
Esse ambiente nem sempre é assim. Semana passada cenas de
falta de decoro, palavreado chulo e ofensivo, desrespeito como se ali fosse o
local de um típico ambiente predominantemente vulgar e ordinário.
Entre o poente e o começo da noite transmite ao vivo a TV Câmara.
Suas câmeras registram em vídeo e áudio a baixaria parlamentar.
Debates sobre o Fundo Partidário, discussões sobre o tempo a
ser ocupado pelos partidos no espaço gratuito na televisão e rádio,
controvérsias concernentes a formação de novos partidos com o consequente aliciamento
de deputados.
Começa a desavergonhada e aviltante sessão plenária, início
de situações constrangedoras e humilhantes. Da tribuna a insolência e
desrespeito, o linguajar de prostíbulos com inumeráveis expressões grotescas,
apropriadas somente aos chulos ambientes de zonas do meretrício, de bordeis, de
prostituição, canalhices e bandalheiras.
O deputado Garotinho diz que o aliciamento aos deputados tem
que terminar e nesse caso o maior prejudicado foi o DEM pela criação do PSD de
Gilberto Kassab.
Rodrigo Maia que é do DEM dispara: “Meu partido foi estuprado”.
Silvio Costa do PTB chama companheiros de pilantras,
moleques. O tempo esquenta, a tensão aumenta, seu microfone é ameaçado em ser
desligado, em nome do decoro.
O careca Esperidião comparando os assuntos discutidos,
usando metáfora, parafraseando eminente político, diz “... ficamos mais ou
menos na situação da prostituta que, tendo se aposentado com o dinheiro que
ganhou, acha que a virtude pública exige o fechamento da zona”. Mais adiante se
torna mais claro e afirma que conforme o texto que prega a ortodoxia eleitoral
estará fechado o mercado, ou mais claramente a zona. Vale perguntar ao
deputado, zona da Câmara?
Roberto Freire PPS de São Paulo não gostou: “Quando o bordel
era para as prostitutas do governo ficou aberto”. Tudo pela televisão. O mero
espectador, gente do povo em voz alta incrédulo pergunta: “ Isso é ai é a
Câmara dos Deputados ou a zona”
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Margaret Thatcher , precursora da doutrina conservadora que
acabou conhecida como thatcherismo, a líder representante do neoliberalismo,
expoente de reacionários direitistas, rainha das privatizações, foi enterrada
quarta-feira, funeral que custou 30 milhões de reais, ironicamente, despesas
pagas com dinheiro público. Conforme seu pensamento o funeral deveria ser
privatizado. Margaret foi primeira ministra inglesa de 1979 a 1990. Afirmam que
salvou a Inglaterra da bancarrota, do descalabro econômico, mas a troco de quê?
Do fechamento de minas e milhares de mineiros desempregados.
Radical conservadora era amigona de Ronald Reagan, extremado
republicano direitista, admiradora do ditador chileno Pinochet, favorável ao
apartheid africano, taxava Nelson Mandella como terrorista. Na tragédia no estádio de futebol do Liverpool
96 torcedores morreram pisoteados. O governo de Thatcher disse que toda a culpa
foi em razão do mau comportamento da torcida. Ano passado ficou comprovado que
tudo aconteceu por incompetência policial que não abriu portões para a torcida
escapar. Até hoje a torcida do Liverpool tem gritos de guerra contra Margarete.
Em 1982 seu governo estava em decadência e provavelmente
perderia a eleição. Foi salva por patéticos e tresloucados militares da
ditadura argentina. Para fazer média com a população invadiram as Malvinas,
possessão inglesa. Foram derrotados, afugentados, escorraçados. Margaret antes
disso, da invasão se realizar, não quis negociar para a retirada dos
argentinos. Valia a vitória fácil por uma eleição difícil. Vitoriosos os
ingleses vibraram, Margarete reeleita, as custa de quase mil jovens argentinos
mortos.
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