A partir de 1930 o país passou a
ser comandado pelo ditador Getulio Vargas.
Por força do tiranismo subiu ao
poder com um golpe de estado pela revolução de 30, que despojou pela força das armas,
o presidente da República Washington Luiz e impediu a posse do presidente
eleito democraticamente naquele ano, Julio Prestes.
Esse movimento revolucionário
provocou queda da chamada República Velha e início de um processo político
denominado Governo Provisório, que de provisório nada tinha, perdurando por
alguns anos
A Revolução Constitucionalista de
1932 provocada pelos paulistas tinha como bandeira de luta o retorno pleno da
democracia. Superado e passado o momento revolucionário a questão política
recrudesceu. Eleições realizadas e uma Assembléia Constituinte proclamou a
Constituição de 1934, a segunda republicana.
Como toda a Constituição, foi
redigida para organizar um regime democrático assegurando a Nação a unidade, a
liberdade, a justiça, o bem-estar social e econômico.
Na realidade trata-se de uma
retórica com um conjunto de regras nem sempre fielmente obedecido, sem o
cumprimento à risca de seus princípios.
Foi a Constituição na história
brasileira que menos durou, três anos, na verdade oficialmente durou apenas um
ano. Em 1938, constitucionalmente, haveria eleições livres inclusive para
presidente da República.
Não houve. Em 1937 surge uma nova
constituição, essa autoritária, que foi outorgada por Getulio Vargas e assim
ele, Vargas, continuando presidente e ditador e o pleno estado revolucionário
autoritário.
Pois bem, todo esse preâmbulo, essa
lenga-lenga revolucionária ditatorial, o texto histórico republicano é para
afirmar que Farroupilha nasceu, emancipou-se, num interregno democrático de um
ano, num breve período de liberdade, durante a Constituição e o ano de 1934.
Sendo assim surgiu Farroupilha num
curto período de plena democracia, na verdade nem tanto assim, meio falseado,
meio fajuto.
Num momento constitucional
emancipou-se Farroupilha, mas foi necessário o poder despótico, o regime de
exceção, a participação dos homens, governantes e governados, pertencentes ao regime
autoritário, membros de um sistema ilícito, figuras da ilegalidade, para que o
grito emancipador da liberdade ecoasse, para que o povo dessa
terra farroupilha livra-se do
jugo, submissão, sujeição e opressão da autoridade caxiense. Estava prestes a terminar o espólio, a
privação das riquezas farroupilhenses por Caxias do Sul, através da cobrança de escorchantes
impostos, gente explorada pelo vizinho município por não possuir autonomia e
independência.
General Flores da Cunha era uma
dessas personalidades, protagonista ativo do momento revolucionário, da era Vargas,
de quem era amigo e companheiro, súdito fiel.
Flores da Cunha, no período do
governo totalitário de Vargas foi interventor nomeado, ou seja, representante do governo federal no
Rio Grande do Sul, desde 1930.
Com a Constituição de 1934, com
eleições programadas, Flores da Cunha tinha o desejo de legalmente se eleger governador
e foi nessa campanha eleitoral junto aos futuros farroupilhenses que o general
prometeu a emancipação política.
Há uma foto, já publicada pelo “O
Farroupilha”, em que Flores da Cunha, em campanha política prometendo a emancipação,
chega a antiga estação férrea de Nova Vicenza e aparece garbosamente
uniformizado, descendo do trem. Sua visita não foi em vão.
Algum tempo depois uma comitiva
de 35 farroupilhenses, liderada por Ângelo Antonello, representante das
comunidades de Nova Vicenza, Nova Milano, Nova Sardenha e Vila Jansen, entregou
a petição reivindicatória de emancipação.
E assim foi feito, criada a
cidade de Farroupilha através do decreto estadual 5.779 de 11 de agosto de 1934
e o neófito município daquela maneira batizado, em homenagem ao centenário da
Revolução Farroupilha, que seria comemorado no ano seguinte (1935).
De certa maneira sinto-me honrado,
me causa imensa satisfação nesse processo de emancipação, em razão de uma ligação
familiar. Meu avô, Faustino Gomes, espanhol, radicado em terra farroupilhense,
fez parte da comissão de emancipação.
Parabéns à Farroupilha e ao seu
povo pelos 79 anos.
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