sexta-feira, 25 de abril de 2014

10 melhores, 10 melhores RGS

Os 10 melhores e os 10 piores municípios do Rio Grande do Sul, segundo IDESE

1º lugar Carlos Barbosa 0,847;       2º Aratiba 0,834;      3º Nova Araça 0,833;
 4º Garibaldi 0,826;    5º Lagoa dos Três Cantos 0,825;  6º Vista Alegre do Prata 0,816.7; 7º Bento Gonçalves 0,816.3;      8º Nova Bassano  0,815.6;      º Não Me Toque 0,815.3; 10º Nova Prata 0,808.   
Os 10 piores
Jaquirana 0,521;       Alvorada 0,552;       Caraá 0,555;
 Redentora 0,556;     São Valério do Sul 0,558;      Barão do Triunfo 0,564;

Dom Feliciano 0,567;      Amaral Ferrador 0,568.7;      Mata 0,568.4;      Lagoão 0,570.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Judas: pancada e porrada

Era bem assim. Faz tempo. Semana Santa. Igreja do Divino Salvador, paróquia dos padres da Congregação dos Salvatorianos, no bairro Piedade, zona norte (RJ).
Como coroinha participava ativamente da liturgia, das cerimônias estabelecidas pelo ritual da Igreja que começava no domingo de ramos.
A imensa porta de madeira fechada no frontispício da igreja.
Pequena multidão do lado de fora agita incontáveis ramos, inumeráveis folhagens, de forma entusiasmada, com indescritível alegria, com a determinação da crença religiosa, a fé cristã.
O celebrante, com um cajado à mão, bate três vezes na porta e ela então se abre. 
Dessa forma, ali, naquele local paroquial, se reproduzia e se comemorava a entrada 
de Jesus Cristo em Jerusalém.
Eu estava lá, ajudando o padre, com a vestimenta adequada e determinada: batina vermelha, com uma sobrepeliz branca, rendada nas mangas e na barra inferior.
Quinta-feira santa é o dia em que Jesus e seus discípulos participam da Última Ceia. Cristo demonstra humildade lavando os pés dos apóstolos.
Na comunidade, na quinta-feira à noite, Jesus Cristo é o padre que lava os pés de fiéis. Um coroinha auxilia carregando um vasilhame com água. Eu sou o outro coroinha que trás uma toalha para os pés serem enxugados.
Naquele tempo quinta-feira santa era santa mesmo. Feriado. Hoje, ao que parece, nem ponto facultativo é mais.
Sexta-feira santa, para os cristãos, dia soturno, envolvido por uma atmosfera silenciosa e tristonha: Paixão e Morte de Cristo. A liturgia nessa sexta consisti numa procissão denominada popularmente, procissão do “Senhor Morto”.
Coroinha, lá estava na cerimônia. De modo compungido, enternecido, de maneira solene, tocava a matraca, instrumento de madeira onde estão presos pedacinhos de metal que quando sacudido produz som, na verdade estalos quase silenciosos, um ruído fúnebre quase inaudível, em razão da sonoridade cadenciada, repetitiva, monótona e tristonha. A característica do som religiosamente significa a introspectividade, respeito, paixão e piedade.
Sábado de aleluia, domingo da Páscoa. Ressurreição, alegria, missas festivas, comemorações. Eu, coroinha ajudando nas festividades.
No interior da igreja, na nave, outra aparência com a Páscoa. Estatuas e imagens de santos e anjos descobertas, depois de uma quaresma coberta com panos de cor roxa do mundo místico, da paixão, da espiritualidade, mistério.
Agora a cor púrpura, o vermelho da alegria, da vida.
Na Semana Santa entre tristezas e alegrias, o sábado de Aleluia quando acontecem brincadeiras, o alegre humor, a diversão, paradoxalmente, a malhação.
A malhação de Judas, discípulo traidor é hoje em dia representado por congêneres e genéricos, nas mais diversas atividades.
A malhação do Judas tinha dia e hora marcada para acontecer: Sábado de Aleluia, 10 horas pela manhã. No alto do poste lá estava pendurado o boneco de pano, o Judas a ser malhado, retratando alguém do bairro, da cidade, mas principalmente os políticos.
Para se saber quem seria aquele Judas condenado a malhação diversos bilhetes com vários nomes eram colocados em sua roupagem, identificado os políticos.
Começava a malhação. A turma se divertia, extravasava-se.
A ira contra a classe política era exteriorizada de forma forte.
O Judas político sofria. Apanhava muito, pancada por todos os lados, cacetada pelo corpo: cabeça, tronco e membros.
O Judas político, corrupto, traidor da honestidade, da confiança do eleitor, enganador do povo, foi tão surrado que despencou do poste.
Caído no chão, quase destroçado foi ainda chutado, pisoteado e finalmente com a mais febril da raiva, porém com alegria (parece ser um contrassenso, mas com Judas vale), foi literalmente judiado, depois queimado e finalmente destruído, sobraram as cinzas que foram lavadas, com vivas da multidão no sábado de Aleluia.       

    

50 Melhores municípios do Rio Grande do Sul (IDESE)

IDESE - Índice de Desenvolvimento Socioeconômico é um índice que serve de comparação para classificar os municípios do Rio Grande do Sul, apontando distorções e inconstâncias. O IDESE está dividido em três blocos. Para cada uma das variáveis componentes dos blocos é calculado um índice entre zero (nenhum desenvolvimento) e 1 (desenvolvimento total).
Considera-se a classificação do indicativo como ALTO acima de 0,800; como MÉDIO, entre 0,500 e 0,799; BAIXO, a baixo de 0.499.
Os 50 melhores municípios gaúchos segundo o IDESE.

     Município                       Idese               Município           Idese              Município            Idese
1º) Carlos Barbosa              0,847        11º) Porto Alegre     0,8068    21º) Veranopolis        0,796
2º) Aratiba                          0,834         12º) Lajeado            0,8063    22º) Arroio do Meio   0,795
3º) Nova Araça                   0,833         13º) Nova Brescia    0,804     23º) Três Arroios       0.794
4º) Garibaldi                        0,826        14º) Ivoti                  0,802      24º) Picada Café         0,7934          5º) Lagoa dos Três Cantos  0,825        15º) Ipiranga do Sul  0,801     25º) Vila Maria           0,7935
6º) Vista Alegre do Prata     0,8167      16º) Selbach             0,7998 
7º) Bento Gonçalves            0,8163      17º) Parai                 0,7997
8º) Nova Bassano               0,8156       18º) Capivari do Sul  0,7995    
9º) Não Me Toque              0,8153       19º) Marau               0,7991 
10º)Nova Prata                   0,808         20º) Horizontina       0,797


     Município                       Idese                 Município                 Idese             Municipio            Idese
26º) Teutonia                      0,7928     
27º) Santa Cruz do Sul       0,7921        37º) Nova Padua                0,7828    47º) Encantado      0,777
28º) Barra Funda                0,790          38º) Fagundes Varela         0,7823    48º) S. A.Palma   0,7758        29º) Estrela                         0,7896        39º) Tucunduva                  0,7819   49º) Flores da Cunha 0,7577
30º) Ibiruba                         0,7892        40º) Harmonia                    0,7813    50º) Victor Graeff    0,7753
31º) Serafina Correa            0,7891        41º) Erechim                      0,7807
32º) Caxias do Sul               0,7879        42º) Farroupilha                 0,7806
33º) Montauri                       0,7878       43º) Salvador das Missões  0,7802
34º) Dois Irmãos                 0,7874         44º) Rondinha                     0,7800
35º) Ijui                                0,786          45º) Fortaleza dos Valos    0,7789
36º) Casca                           0,785          46º) Nova Alvorada           0,7783

segunda-feira, 14 de abril de 2014

corpo esgualepado

O moço é um desses inúmeros comunicadores de uma rádio qualquer do interior.
O nome dele é Jair. Pela foto postada na internet trata-se de um rapaz de boa aparência, boa pinta. Deve fazer sucesso entre as mulheres. A cor dos seus olhos não se sabe, estão escondidos atrás das lentes escuras de um par de óculos conhecido pelo modelo “aviador”. Bem aquele tipo de óculos de sol, usado à noite por celebridades, principalmente quando vão a velórios de alguma outra celebridade.
Jair faz sucesso com o seu público e não é só de mulheres. Os homens também o escutam, até o Chico. Na tarde de sexta-feira passada Jair “ao vivo” apresentava seu programa. Programação definida, músicas escolhidas, a serem tocadas na ordem desejada. Corria tudo bem quando o telefone toca com um pedido musical. A solicitação é o sucesso de Xirú Missioneiro, Corpo Esgualepado.
Jair diz que a música é inadequada ao tipo de programação. O pedinte da música, dizem o tal de Chico, revoltado e indignado, pelo pedido não atendido, armado com uma adaga encara um Jair amedrontado, demonstra sua ira com uma sequência raivosa de algumas pancadas sobre a mesa do estúdio com a genérica da espada.
A situação dramática, periclitante, terminou com a interferência da polícia graças ao microfone aberto, o que tornou a cena prosaica, mas temerosa, pública. O programa do Jair nada tem a ver com o tipo de música solicitada, música do cancioneiro gauchesco. Além de que Corpo Esgualepado é uma música chamativa, apelativa, desbocada, esculachada, que invoca um erotismo pejorativo, de mau gosto com humor, como diz o gaúcho, bem bagaceira.
A música retrata um gaúcho esquisito, avariado, judiado, escangalhado, cansado, doente, enfim um corpo esgualepado, que a cada dia que passa surge sintomas de coisa ruim, resultado de uma dura vida campeira, da tropiada, da esquila, da doma e por isso vai buscar solução para os seus males com uma consulta médica.
Toda essa situação ele descreve a um parceiro. Conta os percalços, o incômodo e o transtorno da consulta junto a uma médica.
Inicia: “Sinhá dotora aresorva meu drama”. Prossegue no seu arrazoado ao companheiro, descrevendo os fatos da consulta.
“A dotora me atô pelo meu braço/Apertando uma bola medindo a pressão/Fez respiração boca a boca/Bateu chapa do meu coração/Atracou um apareio na luz/Que ela apelidou de tar computação/Viu minha carcaça toda esbodegada/E ela me amostrando minhas peça estragada/retratando na televisão.”
Conta ainda que a tal “dotora” lhe explicou:
“A tua vida tá muita atrasada/Os teu bofe não existe mais/A bebida de arco diluiu a buchada/Teus purmão tá igual a foles de gaita/Tua bexiga esgualepada”.
A consulta prosseguiu: “Me fez uriná em frente dela/Meio contrariando tive que mijá”.
O guasca diz ainda ao companheiro que naquele momento da consulta, de repente “a tar dotora” começou a rir muito.
“A dotora então dava de ri/Esse teu tareco de fazer xixi/ Tá sem serventia/ Já não serve pra mais nada”. No entanto, o otimismo, a satisfação: “Depois exigiu que eu sacasse a minha roupa/A dotora apertando os pertence, disse/A tua doença eu já sei o que é/Tua situação já muito agravada/Então pra te cuidá arruma duas muié”.
Conta ainda o esgualepado que a “dotora”, sem rir, muito séria e preocupada, diagnóstica: “Teu culesterol tá em quinhentos/As tuas veia tão tudo trancada/tua coluna afrouxou os quarto/A tua espinha tá descornotada”.
Assim termina a história de um corpo esgualepado, de um final de consulta médica, porém gaúcho macho, cheio da libido, ainda com muita energia pelo instinto sexual, diríamos chega ao seu epitáfio.
“A dotora já me desenganou/E já que eu tô virando um bagaço/Me agarrei nela e um pedido fiz/A última coisa que te pede um infeliz/Então me permita que eu morra em seus braços.”
  

 


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Águas de março

Acabou-se o que era doce em referência ao clima, especialmente para aquelas pessoas que gostam do calor, que fazem do verão a melhor estação do ano.
Final do mês de março, calor e verão se foram. Terminou o adorável tempo de estio, acabaram os deliciosos, claros e plenos dias do período estival. Fim da temporada de veraneio dos dias longos, luminosos, das horas bem desfrutadas que deveriam ser intermináveis, das vigílias nunca cansativas, das noites brilhantes com o céu cheio de estrelas espraiadas em todos os cantos do firmamento  estável e inabalável,  em que dormir é o menos que se deva fazer. Quem faz do verão a melhor estação é esperar, aguardar o próximo solstício em dezembro, a expectativa de realizar-se mais um movimento de translação, deixar passar as águas de março e esperar 276 dias. Deixar o tempo passar, o mundo girar. Verão que chegou ao seu fim, outono o começo, na sucessão das quatro temporadas que se repete anualmente, as estações da vida com o frio do inverno e a florida primavera. Aqui pelo sul quando sol alcança o equinócio de março, o tempo muda, o verão acaba, o outono chega o que determina o período sazonal chuvoso e ventoso. Tempo decadente do clima, do triste ocaso, do desaparecimento do sol no escuro horizonte, da chuva chata e miúda e infelizmente das enxurradas, das inundações, formadoras de catástrofes. Dos ventos uivantes que provocam nas esquinas soturnas um assobio de som prolongado, misterioso e amedrontador. Período das árvores ficarem desnudas, dos galhos secos, das folhas de cores vermelhas do plátano e de outras cores mortas pelo chão. Sim, também quando as cigarras não cantam mais.
Há outonos mais tristes, de maior melancolia como o outono de 31 de março de 50 anos atrás, quando as águas de março se transformaram em enxurradas de desrespeito a liberdade, quando uma corrente impetuosa da ditadura, do regime de exceção, do autoritarismo, de um golpe militar, levou de roldão os direitos do povo.
Tempo do pau, da pedra, do fim do caminho, das águas de março de Jobim.
Felizmente outros outonos vieram, novos meses de março surgiram, as águas de março mais amenas, os verões deslumbrantes com a democracia, o povo livre.
Ainda tem gente de mente retrógrada, de princípios cívicos obsoletos, da unilateralidade de governo, que deseja a volta daquele outono, do março antidemocrático, das caudalosas, obscuras, lamacentas e imundas águas de março daquele tempo, de 50 anos atrás.
O mundo deve ser democrático e livre, pois nem tudo é um outono obscuro, dos regimes despóticos, da tirania militar, dos civis a serviço do poder arbitrário e absoluto, outono de um desprezível e maculado trinta e um de março de 1964, data que é uma nódoa, uma mancha infame na história brasileira.
A Natureza á sábia, organizada e disciplinada. Para se chegar às belezas do verão, há necessidade de um inverno para fazer brotar os ramos das arvores, que irão florescer na primavera, tudo iniciado no outono com a fecundidade das sementes.
Na verdade, tem coisas boas derivadas do outono, como a deliciosa composição de Antônio Carlos Jobim Águas de Março. A inesquecível gravação de Nat King Cole, denominada Autumn Leaves, baseada no outono das folhas mortas. Enfim as águas de março fecharam o verão. Agora as folhas que caem, voam pela janela, as folhas dourada e vermelhas de outono. Ate o próximo verão.
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A primeira turma de Educação Física da UCS, vestibular de 1977, formatura em 1981. Daquela turma, 27 professores se reuniram na noite de sexta-feira numa pizzaria de Farroupilha comemorando 31 anos de formatura. Lembranças, recordações, reminiscências.
O encontro bem organizado pelas colegas farroupilhenses Carmem, Dorly e Adriana.