terça-feira, 26 de agosto de 2014

PERGUNTAS: HÁ RESPOSTAS?

Perguntar não ofende, diz o ditado popular, às vezes incomoda por alguma indiscrição. Há o direito à pergunta. Toda pergunta implica numa resposta, ou não. Perguntar é a interrogação que se faz para saciar uma curiosidade. A pergunta é feita para receber uma informação, uma explicação, uma consulta, que demanda, solicita sempre uma resposta. A pergunta é a ilação para investigar, indagar, inquirir, dirimir as dúvidas.
A pergunta numa frase de um escrito, no contexto em que ela está encadeada, é representada por um sinal gráfico, conhecido por ponto de interrogação.
 Pergunta-se: por quê? Pergunta-se mais:
ü  Você acha justo, legal, moral e decente, se utilizar a memória de um morto, explorar o sentimentalismo piegas para servir à propaganda eleitoral gratuita?
ü  Não se trata também de demagogia?
ü   Você tem coragem de assistir ao programa de propaganda eleitoral gratuita, protagonizado por enganadores, candidatos declinando ladainhas mentirosas?
ü  Quem assistiu aos jogos da seleção brasileira pode ver a propaganda eleitoral gratuita. Alguém discorda?
ü   Dilma, Marisa, mulheres. Eu voto em Luciana. E o caro eleitor em quem?
ü  Marina Silva eleita presidente da República. Governará com o PSB ou com o seu partido, a ser organizado, o Rede Sustentabilidade?
ü  Eduardo Campos morreu. Depois elogiadíssimo por todos os políticos. Homem de caráter sem jaça, idôneo, grande administrador, tinha tudo para ser presidente. Com todos esses predicados por que aparecia somente com 9% das intenções de votos. Pesquisas erradas?
ü  Marina Silva já está com 20% dos votos nas pesquisas eleitorais, efeito comoção nacional? Quando voltar a normalidade, passado o abalo comovente manterá o percentual?
ü  E ai como ficarão Dilma e Aécio?
ü  Você se lembra? Marina na eleição passada, quando era do PV, somou 20 milhões de votos. Quanto ela poderá somar agora com um partdo mais forte e uma coligação maior?
ü  O Católico Apostólico Romano votará na evangélica Marina?
ü  Empresários do agronegócio, preconceituosos e racistas votam em Marina?
ü  Quem perde mais com Marina candidata: Dilma ou Aécio?
ü  Os homófobos certamente votarão em Marina?
ü  Você viaja em Cesna?
ü  Você tem respostas para as perguntas?
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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Aluno expulso de escola: ilegal

Durante 30 anos, como professor, no desempenho do magistério, atividade realizada preferencialmente em âmbito da escola pública.
O ambiente da escola pública, a clientela de alunos – por estatísticas sabemos – é predominantemente de perfil da chamada classe média baixa (classe C e D) e até alguns de classes inferiores onde se inclui os excluídos. Por ser assim tão diversificada a escola pública em sua maioria apresenta problemas com a disciplina.
Nas três décadas de magistério foram poucos, raríssimos os casos graves de indisciplina por mim assistidos. Um ou outro caso de um aluno insolente, rebelde, atrevido por ofensas, casos que derivavam, como meio de coibição, como efeito de atitude exemplar, nada além de uma admoestação enérgica - exemplo de uma escola com autoridade que escuta e dialoga – ou às vezes o exagero de uma suspensão - exemplo de uma escola autoritária, que ameaça e pune. Sabemos de casos de escolas em periferias das grandes cidades que são gravíssimos, onde o cotidiano escolar para ter disciplina é de imensa dificuldade.  É aquela escola que agrega alunos de classe inferior, marginalizados, que vivem em ambientes familiares indignos marcados pela indigência, alunos que trazem de casa resquícios da desgraçada convivência e que chegam até a escola onde se tornam casos sérios e perigosos de indisciplina.
A escola esgota recursos para tornar o ambiente escolar disciplinado. A situação é difícil. Recorre às possibilidades permitidas para manter a ordem disciplinar até elas serem exauridas e depauperadas e então acontece a decisão simplista, negativa, a alternativa antipedagógica, a última entre as piores: expulsão do aluno.
O Conselho Estadual de Educação, por negativa repercussão, adiou a votação, o parecer sobre a proposta que pode proibir a suspensão e expulsão de alunos.
Vamos teorizar sobre a expulsão de determinado aluno de uma escola. Evidentemente que acompanhará o aluno, pela expulsão e para uma possível transferência o seu curriculum, totalmente desabonador, indesejável situação que motiva a nenhuma outra escola aceitar a transferência daquele um aluno com péssima vida pregressa escolar. Anteriormente, acima no texto mencionei amenos casos de indisciplina. No entanto, em determinada escola, tive conhecimento do comportamento agressivo de um aluno que ameaçava colegas com uma faca pontiaguda deixando o ambiente escolar tomado pelo medo e o pavor, com o sentimento de algo muito grave pudesse ocorrer. Por precaução medidas urgentes se faziam necessárias.
Solução pela direção escolar, expulsar o aluno. Na verdade foi usado um eufemismo, lhe oferecendo a transferência. O pai do aluno não gostou e insatisfeito procurou seus direitos, em beneficio da legitimidade do filho em estudar, junto ao Ministério Público. A autoridade do MP condicionou a transferência desde que outra escola admitisse sua matrícula, o que não aconteceu, que não foi possível pelo peremptório motivo de uma desculpa “não há vagas” e desse modo o imbróglio formado que somente foi solucionado mais tarde, quando a família do aluno, por questões profissionais  resolveu mudar de endereço para outra cidade.
Outro importante detalhe de ordem constitucional e que pode causar mais trapalhadas na ordem judicial: aluno expulso por indisciplina, pelo mau comportamento, inaceitável em qualquer escola aonde estudará?
A educação é um direito que a Constituição garante a todos sem distinção. Portanto não pode existir qualquer dispositivo que impeça alguém estudar, muito menos uma expulsão. Trata-se de uma encrenca jurídica, muito mais além do que uma questão da educação e disciplina. Envolve os difíceis problemas sociológicos, a dura realidade social do país. Soluções são necessárias e certamente elas não serão provenientes do setor educacional exclusivamente, das escolas dedicadas especificamente ao ensino, da expulsão ou não de alunos. Quem sabe para isso, como solução, a criação de instituições educativas como os reformatórios nos Estados Unidos, onde um conjunto de preceitos instrutivos e morais buscam a reforma, a correção da personalidade indisciplinada.







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terça-feira, 12 de agosto de 2014

Hino Nacional: margarida não; mais garrida, sim

Hinos. Gostei do assunto, especialmente porque me trás belas recordações do tempo de menino, lembranças das séries iniciais de colégio, das primeiras lições de ensino, da minha primeira professora, uma linda morena, de lindos olhos verdes, de nome Arlete.
Colégio Guariba, localizava-se à rua da Abolição, que começava no largo da Abolição, Rio de Janeiro. Ali fui estudante nas séries primárias, do 1º ao 4º ano.
Tempo do tempo passado, tempo do início de uma vida educacional. Inesquecível.
Rua da Abolição de leve aclive. No alto situava-se o colégio, apropriado e adequado numa casa residencial, que comportava no máximo 100 alunos.
Na descida, a rua tinha como percurso a direção da estação do Engenho de Dentro. Naquele bairro hoje, ali perto, onde funcionava a oficina de reparos da Estrada de Ferro Central do Brasil, está localizado o estádio Engenhão, construído para os Jogos Pan-Americanos. A EFCB antiga estatal, hoje privatizada, realiza o transporte urbano para subúrbios e cidades vizinhas do Rio através de trens elétricos.
A diretora e professora do Colégio Guariba era a Dona Ondina. O diretor e também professor era o seu Oscar, coronel da Policia Militar, rígido na disciplina com fortes traços do autoritarismo militar, inclusive, a partir do uniforme dos alunos, com todas as características do soldado: túnica de cor cáqui abotoada até o pescoço, calças também cáqui, sapato preto e como cobertura na cabeça usava-se o casquete, hoje, o mais usual seria o boné.
O seu Oscar passava dos limites impostos pela disciplina.  Ultrapassava o conjunto de prescrições para a boa ordem ser mantida, na verdade era o paradigma em certos momentos da estupidez. Seus acessos pela paranóia disciplinar eram ultrajantes, provocando em certos momentos o ponto crítico da ignorância, como por exemplo, colocando de joelhos um sobrinho e aluno, para servir de exemplo aos demais, agredindo-o com palavras (ofendia chamando-o de burro) e fisicamente com puxões de orelha.
Para todos nós, colegas pré-adolescentes, cenas chocantes, inesquecíveis para o mal.
A metodologia de ensino era a usual, a didática tradicional (português, matemática, ciências a etc.), mais havia uma matéria extracurricular, própria do colégio, versando o patriotismo, ressaltando fatos históricos, o civismo com o aprendizado de hinos.
Além do Hino Nacional e Hino da Bandeira, especificamente, tinha-se conhecimento de outros hinos, enaltecendo a dedicação e devoção à pátria. Exemplos:
Hino da Independência: “Já podeis da pátria filhos/ Ver contente mãe gentil/ Já raiou a liberdade no horizonte do Brasil... Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”.
Até um hino, na verdade uma canção ligada ao Exército, Canção do Expedicionário: “Você sabe de onde eu venho?/ Venho do morro do Engenho/ Da selva dos cafezais/ Da boa terra do coco/ Da choupana onde um é pouco/ Dois é bom, três é demais”.   
Nas quartas-feiras, determinação da escola, por influência militar, todos os alunos perfilados, um atrás do outro, numa distância regulamentar, que nem soldado, se cantava o Hino da Bandeira: “Salve lindo pendão da esperança/ Salve símbolo augusto da paz”. Nos sábados, do mesmo modo os alunos perfilados, a obrigação era entoar o Hino Nacional, cântico que na época, criança, pouco entendia sua letra:
“O lábaro que ostentas estrelado/ E diga o verde-louro dessa flâmula... Mas, se ergues da justiça a clava forte...”
O seu Oscar, o coronel, comandava os hinos e a entonação principalmente com a letra não poderia haver erros. Então, comumente, por exemplo, ele interrompia o hino naquela estrofe “Do que a terra mais garrida”, chamando atenção para a clareza do verso, evitando a pronúncia a ser confundida com “Do que a terra margarida”.
Passado, parte de um tempo. Lembranças de um tempo de encaminhamento da vida naquele presente, preparação para o futuro.




segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Allon enfants de lá Patrie/Le jour de glorie est arrivé

Copa do Mundo: “Pô, que chatice. De novo o passado. Fazer lembrar “aqueles sete”...saco”. Assim pode estar pensando o leitor (aquela meia dúzia). Não, nada disso. Trata-se mesmo, é verdade, de Copa do Mundo, não uma resenha de aspecto técnico e tático, mas sim uma inter-relação com o espetáculo como um todo - não somente o futebol propriamente dito –, mas a união com o civismo, o social, o cultural e a esportividade.
Pois bem. Do que se trata aqui está relacionado ao cerimonial que ocorria antes do início dos jogos. A entrada em campo das duas equipes, arbitragem e a execução dos hinos.
Foram realizados 64 jogos. Assisti a todos. Na verdade nem todos. Alguns antes do encerramento do primeiro tempo a paciência se esgotava com a ruindade do futebol e então procurava outra coisa para fazer.
Ruindades, como exemplo, Irã 0 x 0 Nigéria; Japão 0 x 0 Grécia; Inglaterra 0 x 0 Costa Rica, e mais duas ou três partidas bem ruinzinhas que não tiveram especificamente como resultados tão somente o empate de 0x0.
Uma conta de chegar. Foram 64 jogos. Partindo do princípio de que assisti o começo de todas as partidas, significa dizer que ouvi – levando-se em consideração, que são duas equipes representativas de dois países, portanto dois hinos – a execução de 128 e no mínimo a repetição de três hinos de cada país, considerando-se que na primeira fase, a de classificação, cada equipe atuou em três jogos, portanto três hinos.
Os hinos têm por peculiaridade evocar a história de luta de um país,
Cantos em louvores a pátria, reverenciar os seus heróis, estimular o sentimento patriótico do seu povo, reconhecer, não deixar cair no esquecimento, às tantas batalhas, lutas, guerras, até forjar, formar uma nação. Via de regra, assim, dessa forma, os hinos se expressam.
 Há hinos que se diferenciam desse tema. O Hino Nacional brasileiro, por exemplo, enaltece as belezas naturais (Se em teu formoso céu risonho e límpido), exalta o patriotismo ( O pátria amada, idolatrada, salve, salve).
O Hino da Inglaterra reverencia sua rainha, glorifica sua majestade (Deus salve nossa bondosa rainha; longa vida a nossa nobre rainha)
Há hinos longos como o brasileiro. Dos 3 min. 43 seg., tempo de sua duração e executados somente 90 segundos a cada jogo, obrigação exigida pela FIFA. Quem não teve problema com essa exigência foi o Japão com o seu hino, o mais curto que se tem notícia, 20 segundos. Nos três jogos que os japoneses disputaram longe dos 90 da FIFA, na verdade, se soma um total de 60 segundos.
Há hinos fortes, canções revolucionárias, com letras ásperas, incentivadoras de lutas e vinganças, mas com melodias belíssimas, de intensa musicalidade.
Hino da Argélia, agradável sonoridade, letra enérgica, enaltecendo o sentimento revolucionário, conforme estrofe inicial:
“Juramos pelo raio que destrói/ Pelos rios de generoso sangue derramado.../Com nossos mortos edificaremos a glória”.
Hino da mais linda musicalidade, marcante pela combinação bonita de sons, pela sucessão rítmica inesquecível, mas de uma letra contundente, cântico que rememora em séculos passados o domínio de exércitos, legiões estrangeiras em terras francesas.  
A famosa canção revolucionária, a Marselhesa, como é conhecido o hino francês tem a letra extremamente vingativa, alimenta intensa ferocidade:
“O estandarte ensanguentado se ergueu/Ouvis nos campos rugirem/Esses ferozes soldados?/Vem até nós/Degolar nossos filhos, nossa mulheres/Às armas cidadãos.../O que deseja essa horda de escravos, de traidores, de reis conjurados”.
Preferível a mais amena, a estrofe inicial da Marselhesa:
“Allon enfantes de lá Patrie/Le jour de glorie est arrivé.