Hinos.
Gostei do assunto, especialmente porque me trás belas recordações do tempo de
menino, lembranças das séries iniciais de colégio, das primeiras lições de
ensino, da minha primeira professora, uma linda morena, de lindos olhos verdes,
de nome Arlete.
Colégio
Guariba, localizava-se à rua da Abolição, que começava no largo da Abolição,
Rio de Janeiro. Ali fui estudante nas séries primárias, do 1º ao 4º ano.
Tempo do
tempo passado, tempo do início de uma vida educacional. Inesquecível.
Rua da
Abolição de leve aclive. No alto situava-se o colégio, apropriado e adequado numa
casa residencial, que comportava no máximo 100 alunos.
Na descida,
a rua tinha como percurso a direção da estação do Engenho de Dentro. Naquele
bairro hoje, ali perto, onde funcionava a oficina de reparos da Estrada de
Ferro Central do Brasil, está localizado o estádio Engenhão, construído para os
Jogos Pan-Americanos. A EFCB antiga estatal, hoje privatizada, realiza o
transporte urbano para subúrbios e cidades vizinhas do Rio através de trens
elétricos.
A diretora e
professora do Colégio Guariba era a Dona Ondina. O diretor e também professor
era o seu Oscar, coronel da Policia Militar, rígido na disciplina com fortes
traços do autoritarismo militar, inclusive, a partir do uniforme dos alunos,
com todas as características do soldado: túnica de cor cáqui abotoada até o
pescoço, calças também cáqui, sapato preto e como cobertura na cabeça usava-se
o casquete, hoje, o mais usual seria o boné.
O seu Oscar
passava dos limites impostos pela disciplina. Ultrapassava o conjunto de prescrições para a
boa ordem ser mantida, na verdade era o paradigma em certos momentos da estupidez.
Seus acessos pela paranóia disciplinar eram ultrajantes, provocando em certos
momentos o ponto crítico da ignorância, como por exemplo, colocando de joelhos
um sobrinho e aluno, para servir de exemplo aos demais, agredindo-o com
palavras (ofendia chamando-o de burro) e fisicamente com puxões de orelha.
Para todos
nós, colegas pré-adolescentes, cenas chocantes, inesquecíveis para o mal.
A
metodologia de ensino era a usual, a didática tradicional (português,
matemática, ciências a etc.), mais havia uma matéria extracurricular, própria
do colégio, versando o patriotismo, ressaltando fatos históricos, o civismo com
o aprendizado de hinos.
Além do Hino
Nacional e Hino da Bandeira, especificamente, tinha-se conhecimento de outros
hinos, enaltecendo a dedicação e devoção à pátria. Exemplos:
Hino da
Independência: “Já podeis da pátria filhos/ Ver contente mãe gentil/ Já raiou a
liberdade no horizonte do Brasil... Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo
Brasil”.
Até um hino,
na verdade uma canção ligada ao Exército, Canção do Expedicionário: “Você sabe
de onde eu venho?/ Venho do morro do Engenho/ Da selva dos cafezais/ Da boa
terra do coco/ Da choupana onde um é pouco/ Dois é bom, três é demais”.
Nas quartas-feiras,
determinação da escola, por influência militar, todos os alunos perfilados, um
atrás do outro, numa distância regulamentar, que nem soldado, se cantava o Hino
da Bandeira: “Salve lindo pendão da esperança/ Salve símbolo augusto da paz”. Nos
sábados, do mesmo modo os alunos perfilados, a obrigação era entoar o Hino
Nacional, cântico que na época, criança, pouco entendia sua letra:
“O lábaro
que ostentas estrelado/ E diga o verde-louro dessa flâmula... Mas, se ergues da
justiça a clava forte...”
O seu Oscar,
o coronel, comandava os hinos e a entonação principalmente com a letra não
poderia haver erros. Então, comumente, por exemplo, ele interrompia o hino
naquela estrofe “Do que a terra mais garrida”, chamando atenção para a clareza
do verso, evitando a pronúncia a ser confundida com “Do que a terra margarida”.
Passado,
parte de um tempo. Lembranças de um tempo de encaminhamento da vida naquele
presente, preparação para o futuro.
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