terça-feira, 12 de agosto de 2014

Hino Nacional: margarida não; mais garrida, sim

Hinos. Gostei do assunto, especialmente porque me trás belas recordações do tempo de menino, lembranças das séries iniciais de colégio, das primeiras lições de ensino, da minha primeira professora, uma linda morena, de lindos olhos verdes, de nome Arlete.
Colégio Guariba, localizava-se à rua da Abolição, que começava no largo da Abolição, Rio de Janeiro. Ali fui estudante nas séries primárias, do 1º ao 4º ano.
Tempo do tempo passado, tempo do início de uma vida educacional. Inesquecível.
Rua da Abolição de leve aclive. No alto situava-se o colégio, apropriado e adequado numa casa residencial, que comportava no máximo 100 alunos.
Na descida, a rua tinha como percurso a direção da estação do Engenho de Dentro. Naquele bairro hoje, ali perto, onde funcionava a oficina de reparos da Estrada de Ferro Central do Brasil, está localizado o estádio Engenhão, construído para os Jogos Pan-Americanos. A EFCB antiga estatal, hoje privatizada, realiza o transporte urbano para subúrbios e cidades vizinhas do Rio através de trens elétricos.
A diretora e professora do Colégio Guariba era a Dona Ondina. O diretor e também professor era o seu Oscar, coronel da Policia Militar, rígido na disciplina com fortes traços do autoritarismo militar, inclusive, a partir do uniforme dos alunos, com todas as características do soldado: túnica de cor cáqui abotoada até o pescoço, calças também cáqui, sapato preto e como cobertura na cabeça usava-se o casquete, hoje, o mais usual seria o boné.
O seu Oscar passava dos limites impostos pela disciplina.  Ultrapassava o conjunto de prescrições para a boa ordem ser mantida, na verdade era o paradigma em certos momentos da estupidez. Seus acessos pela paranóia disciplinar eram ultrajantes, provocando em certos momentos o ponto crítico da ignorância, como por exemplo, colocando de joelhos um sobrinho e aluno, para servir de exemplo aos demais, agredindo-o com palavras (ofendia chamando-o de burro) e fisicamente com puxões de orelha.
Para todos nós, colegas pré-adolescentes, cenas chocantes, inesquecíveis para o mal.
A metodologia de ensino era a usual, a didática tradicional (português, matemática, ciências a etc.), mais havia uma matéria extracurricular, própria do colégio, versando o patriotismo, ressaltando fatos históricos, o civismo com o aprendizado de hinos.
Além do Hino Nacional e Hino da Bandeira, especificamente, tinha-se conhecimento de outros hinos, enaltecendo a dedicação e devoção à pátria. Exemplos:
Hino da Independência: “Já podeis da pátria filhos/ Ver contente mãe gentil/ Já raiou a liberdade no horizonte do Brasil... Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”.
Até um hino, na verdade uma canção ligada ao Exército, Canção do Expedicionário: “Você sabe de onde eu venho?/ Venho do morro do Engenho/ Da selva dos cafezais/ Da boa terra do coco/ Da choupana onde um é pouco/ Dois é bom, três é demais”.   
Nas quartas-feiras, determinação da escola, por influência militar, todos os alunos perfilados, um atrás do outro, numa distância regulamentar, que nem soldado, se cantava o Hino da Bandeira: “Salve lindo pendão da esperança/ Salve símbolo augusto da paz”. Nos sábados, do mesmo modo os alunos perfilados, a obrigação era entoar o Hino Nacional, cântico que na época, criança, pouco entendia sua letra:
“O lábaro que ostentas estrelado/ E diga o verde-louro dessa flâmula... Mas, se ergues da justiça a clava forte...”
O seu Oscar, o coronel, comandava os hinos e a entonação principalmente com a letra não poderia haver erros. Então, comumente, por exemplo, ele interrompia o hino naquela estrofe “Do que a terra mais garrida”, chamando atenção para a clareza do verso, evitando a pronúncia a ser confundida com “Do que a terra margarida”.
Passado, parte de um tempo. Lembranças de um tempo de encaminhamento da vida naquele presente, preparação para o futuro.




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