Por tudo
aquilo que se viu por imagens da televisão, por fotografias nos jornais,
observou-se que a manifestação ocorrida domingo teve predominantemente a
presença de determinada classe social, aquele grupo de pessoas abastadas e
afortunadas, que o qualifica como rico ou da classe média, pertencente a
sociedade discriminada pelo epíteto de “elite branca”.
No que foi
mostrado, observou-se uma minoria de pessoas com rosto de cor negra, não foi
notada gente de vestimenta simples denotando ser pobre.
Segundo o
Instituto de Pesquisas Datafolha, os manifestantes eram assalariados entre 5 a
10 mil reais mensais, quando se sabe que os salários da classe média baixa e
dos pobres ultrapassam um pouco mais de mil reais e talvez nem isso, sem falar
nos renegados e excluídos sociais, os desamparados na indigência. Uma reflexão
importa dizer que na manifestação, de forma explicita, é mostrada a diferença
entre ricos, remediados e a pobreza.
No meio daquele
aglomerado, pessoas portavam cartazes com “Fora Dilma”, anúncios de pedido de
impeachment e até o retorno da ditadura militar. Nenhum cartaz pedindo ao
governo a preservação dos direitos trabalhistas, o resguardo e a permanência das
questões sociais alcançadas, pertinentes ao trabalhador.
Essa
desigualdade social, a diferença entre classes sociais, no ativismo recente
como protesto contra “aquilo que aí está”, foi denotada também pelo percurso
feito por diversos movimentos em forma de passeata, que partiram de bairros
sofisticados, de regiões burguesas. Em Porto Alegre a passeata iniciou-se no
requintado bairro Moinhos de Vento. Em São Paulo os manifestantes percorreram a
glamorosa Avenida Paulista. No Rio de Janeiro o movimento compreendeu a
refinada sociedade capitalista da Zona Sul. Não se teve notícia de qualquer movimentação
nos subúrbios e periferias das cidades, habitadas pela classe média baixa e pobres.
A partir
dessas observações se indaga se as manifestações são autênticas, abrangentes,
tem validade como representatividade absoluta da sociedade brasileira sem
separação de classes. É bem verdade, temos que respeitar toda e qualquer
manifestação. A democracia permite, dá o
direito ao protesto a quem quer que seja, indiferente as classes sociais.
A maior manifestação
ocorreu em São Paulo. A Policia Militar tucana acredita que 1 milhão de pessoas
foram às ruas. Mas segundo alguns paulistas, uma multidão inferior àquela da
parada gay. Por sua vez o Instituto
Datafolha calculou com recursos técnicos modernos a presença de 210 mil
pessoas.
Centenas de
faixas exibidas entre as quais o pedido de impeachment, solicitação
despropositada pela condição atual em respeito a Constituição, imperativo que
passa se entender como golpismo. Com total espírito antidemocrático sujeitos portavam
cartazes pedindo de forma descabida a volta da ditadura militar.
Indivíduos de pensamento retrógrado, estirpes
que pareciam extirpadas, golpistas querendo desestabilizar um governo eleito
democraticamente pelo povo.
Talvez não
saibam ou não querem saber que foi em São Paulo, em março de 1964, que ocorreu a
marcha denominada Família, com Deus pela Liberdade. Deu no que deu. No dia 1º
de abril as famílias com Deus e os militares golpistas destituiram do poder o
democraticamente eleito presidente Jango. Foi imposta a ditadura militar.
São os
falsos nacionalistas, adulterados e espúrios patriotas que indignamente se
vestem de verde e amarelo. Esses imbecis não sabem ou deixam de saber que a
democracia é o direito soberano do povo, a doutrina inalienável da liberdade.
Energúmenos, déspotas, discípulos da onipotência, da exceção as regras,
desconhecem que a democracia permite que as pessoas vão as ruas para se
manifestarem contra a própria democracia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário