O local não seria adequado. Naquele amplo
lugar, plenário de um dos poderes da República, venerável e respeitoso
ambiente, durante a histórica votação do impeachment a maioria dos deputados
não teve o comportamento desejado da figura idônea, a integridade de caráter,
como parlamentar digno representante do povo.
O plenário
da câmara naquele domingo parecia ser palco de cenas do teatro fantástico,
gênero centrado em narrativas não ficcionais. Nada ali era fantasia. Pura
realidade. Tudo ali acontecido poderia ser uma peça do teatro burlesco, que se
caracteriza por misturar tipos, poderia ser também um tablado do teatro do
absurdo em que os atores tem comportamentos estranhos e bizarros.
Lamentavelmente
o solene local para cerimônias públicas e republicanas ficou maculado por
muitos protagonistas, análogo a um picadeiro para um espetáculo circense.
Aconteceu
cusparada. Deputado enaltecendo a tortura. Corruptos julgando a corrupção, a
partir do líder maior, deputado Cunha (PMDB) com muita coisa a explicar conforme investigação da Lava-Jato.
Coisa do
teatro burlesco ou do absurdo. Paulo Maluf (PP) votou SIM contra a corrupção.
Deputados do PP também disseram votar contra a corrupção, embora 17 deles
estejam indiciados na Lava-Jato.
A deputada
votou SIM, e proclamou enrolada na bandeira brasileira que sua cidade, muito
bem administrada deveria ser um exemplo para o Brasil. No dia seguinte o
camburão da Polícia Federal prendia o prefeito da cidade que é o marido da
deputada.
Na verdade
parte do Brasil segue o exemplo solicitado pela deputada com políticos da estirpe do marido.
Os 10 segundos de fama foram proporcionados
aos deputados do chamado “baixo clero” – deputados de pouca expressão - diante
do microfone e à frente da televisão.
Assim mesmo
o tempo exíguo oportunizou que a língua portuguesa fosse vilipendiada por erros
crassos na linguagem. Cassaram a concordância nominal e verbal.
Votaram pela
família, a mulher, filhos e netos, ninguém votou pela pátria amada.
Deus também
foi muito lembrado pelos deputados em estado pecaminoso: “Não pronunciar o
santo nome de Deus em vão”. Pecado maior é misturar Deus com comparsas da
desonestidade, da corrupção.
Deputado, no
momento do voto, desejava votar com o filho no colo tentando torná-lo
celebridade. Não conseguiu, não foi permitido.
A fuzarca
prossegue. Deputados em volta do microfone se espremem no apertado local
querendo aparecer, como papagaio de pirata, no vídeo da televisão.
Horas e
horas insuportáveis com desfile de personagens bizarros, excêntricos,
esquisitos. Por outro lado conhecemos deputados, que permite uma indagação:
quais foram os “eleitores” que votaram neles?