segunda-feira, 20 de junho de 2016

QUE PAÍS É ESSE?

Gerações de brasileiros sempre ouviram no passar do tempo a exclamação, o brado esperançoso de progresso, o tempo que há de vir promissor: “Brasil, país do futuro”.
Até hoje, desde o Brasil colônia, do império, das ditaduras, das republicas novas e velhas, aquela disposição de espírito dos brasileiros que induz a esperar a realização, ter a expectativa da coisa prometida virou lamuria.
Lamentavelmente fica tudo perdido nos descaminhos da política nacional. Políticos, parlamentares salafrários, empresários patifes, formam um conluio determinado pela canalhice. Por tantos desmandos, de falcatruas e corrupções, o país do futuro ficará sempre no passado, vivendo um presente de muitos anos, de passagem para o futuro desejado, prometido que pelas circunstâncias do passado e presente inexistirá.
País do futuro já se pensava ao final dos anos de 1970, que é passado, foi presente de uma época e é o presente de agora. Nada mudou. O futuro ficou naquele presente de crise, de dificuldades. A música de Renato Russo “ Que país é esse”, gravada pela banda Legião Urbana, tinha profundo sentido crítico retratando as mazelas daqueles momentos, nada diferentes de hoje:
“Nas favelas, no senado
Surpresa por todo o lado
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Terceiro mundo se foi
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos irmãos num leilão
Que país é esse?
Década de 1980. A banda Biquíni Cavadão, grava a música Zé Ninguém, reproduz a imagem, representa com exatidão a caótica situação política e econômica de um momento que ficou no passado, nada diferente da existência dos fatos do presente.
“Quem disse que amar é sofrer?
Quem foi que disse que Deus é brasileiro?
Que existe ORDEM E PROGRESSO
Enquanto a zona corre solta no Congresso
Quem disse que a Justiça tarda mas não falha
Os dias passam lentos
 Aos meses seguem os aumentos
Cada dia eu levo um tiro, que sai pela culatra
Eu não sou um monstro, eu não sou um magnata
Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém
Aqui embaixo as leis são diferentes
Quem foi que disse que os homens são iguais
Quem foi que disse que dinheiro não trás felicidade
Se tudo acaba em samba
No país da corda bamba, querem me derrubar

Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém”

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