Dias desses. Mais exatamente, uns dias da semana
passada. Acordo. Levanto da cama. Antes de tudo preciso ter a certeza de que a
chuva cessou. Há dias ela está se tornando intolerável. Dias pachorrentos,
nublados, sem qualquer luminosidade. Aproximo-me da janela. Nada é diferente de
outros dias. Prossegue a chuva intermitente. Cessa, retorna, num vai e vem
enfadonho. Continua chovendo. Iludi-me, me enganei aguardando um dia de sol.
Chove e como chove. Na vidraça, componente da janela. onde tenho perfeita
visibilidade pequenas gotas se formam. Escorrem, se arrastam lenta e
delicadamente, deslizam preguiçosamente pelo vidro até a parte inferior da
janela onde desfazem-se graciosamente, num silencioso espocar, inconfundível
sinal de uma chuva fraca e persistente. Apesar da incomodativa chuvinha aquelas
gotículas proporcionam momentos de
observação indelével, a visão romanesca de sentimental devaneio, de intenso
prazer. Observo extasiado o sonhador fenômeno. No vai e vem da chuva, agora chove a cântaros. Chove intensamente.
Não há possibilidade na formação das encantadoras gotinhas. Acontecem, isso sim
fortes respingos. Chegam formar certo ruído no encontro diante da substância
sólida e transparente da vidraça. Assim perde-se todo o deleite em observar aquelas
gotinhas. Chove...chove chuva. Mau tempo maçante, importuno e inconveniente
durante uma semana, exatos sete dias chuva. Compreende-se chuva é da natureza,
é necessário assim entender, mas não precisa ser em tão grande quantidade.
Sabe-se que se trata de um fenômeno meteorológico indispensável ao meio
ambiente, ao processo ecológico.
Aprendemos que é um processo que
consiste nas precipitações causadas pelo encontro de uma frente fria e seca com
outra quente e úmida. Há chuvas de convecções ou convectivas, as conhecidas
chuvas de verão. Outra nomenclatura são as chuvas que tem tudo a ver com a
região serrana, chuvas orográficas chamadas também de chuvas da serra ou ainda
mais didaticamente, chuvas de relevo que ocorrem quando ventos úmidos se elevam
e se resfriam pelo encontro de uma barreira montanhosa. É chuva é incomodativa
por ser persistente é a qual dificilmente as pessoas se habituam ressalvando-se
aquelas que têm infinita tolerância.
Chuva é isso tudo pelo conhecimento
científico que para muitos, no caso, pode ser desnecessário, a chamada cultura
inútil. Porém para determinadas pessoas, assim sonhadoras, sensíveis ao
romantismo a chuva é poesia. Para outras é aconchegante, terapêutica, quando se
tem oportunidade de ouvir os pingos em telhado de zinco. Tem gente que gosta do
banho de chuva. Correr pelas corredeiras formadas, água escorrendo ladeira
abaixo, esvaindo-se pelo declive sem se saber qual o seu destino. Chuva.
Pessoas caminham, percorrem distâncias a pé e a necessidade de carregar e
utilizar o inseparável, protetor e incomodo guarda-chuva. Os menos favorecidos,
os distraídos, esquecidos e desavisados enfrentam a intempérie, naturalmente,
sem qualquer proteção. Chove. Não sei o quanto é poética a chuva, com sete dias
de chuva. É poesia desagradável. Dois ou três dias de chuva pode dar incentivo para a arte compor e escrever
versos.
Desculpe-me a chuva, mas sou mais o
cintilante, brilhantismo, do radioso
sol.
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