segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Direita volver...ordinário marche


O Serviço Militar Obrigatório é exigência na forma da lei para ser cumprindo pelo jovem aos 18 anos de idade, consistindo no exercício de atividades especificas desempenhadas nas Forças Armadas (exército, marinha ou aeronáutica). A obrigação a ser executada inicia-se com o alistamento militar. Sucede-se então uma seleção geral (principalmente com exame médico) e quem estivesse apto seria incorporado às fileiras militares. Numa época, anos passados, o jovem torcia para ser reprovado na seleção ou, ia em busca de um “pistolão” (recomendação de uma pessoa influente) para ser dispensando do serviço, por duas razões: uma, atrapalharia a continuidade na vida civil (trabalho, estudo), a outra, odiar a rígida disciplina militar, sentir-se cerceado em sua liberdade.
Hoje, devido a precária situação econômica nacional, o “serviço à Pátria” é desempenhado em sua maioria por voluntários.
Pois bem. Completei 18 anos. Faz tempo. Aprovado na seleção, sem pistolão, fui “servir a pátria”, incorporado ao quartel da Polícia do Exército, conhecida PE, em Porto Alegre, guarnição que tinha a responsabilidade de policiar soldados, atender ocorrências de trânsito com viaturas militares e, eventualmente atender conflitos entre civis.
Dura e disciplinada rotina de caserna. Eu e tantos outros recrutas procediam do interior, o que significava ser chamados de “ratões” (aqueles que vivem diariamente dentro quartel), na verdade no militarismo é ser engajado. Outro termo militar é “soldado arranchado” o que significa alimentar-se no quartel. Como soldado recebia um salário inferior ao mínimo e tinha ainda o desconto devido ao rancho, termo também militar, na verdade alimentação.
A rotina militar começava no interior do alojamento com a alvorada, acordando e ouvindo, o toque de corneta às seis horas da manhã. A partir daí tudo depressinha, tempo cronometrado. O levantar da cama tinha que ser rápido. Arrumá-la, lençol e coberta esticadinhos. Tinha sargento “caxias” (o sargentão super crente em suas funções) que jogava uma moeda sobre as cobertas para verificar se estavam rigorosamente estendidas. Não poderiam enrugarem. Higiene corporal. Pronto. Direção ao pátio para a cotidiana e infalível formatura em pelotões, obedecendo a hierarquia, com tenentes, sargentos, cabos e soldados.
Inúmeras eram as atividades a ser desenvolvidas na rotina militar, entre elas a “ordem unida” que consistia em treinamento as marchas militares e desfiles cívicos, na formação de um conjunto rigorosamente harmonioso, equilibrado e principalmente cadenciado. Existem movimentos com ou sem armas, que tem forma padronizada por uma voz de comando, pelas quais o comandante exprime verbalmente a sua vontade. A ordem unida começa com os soldados perfilados quando acatam o comando de “sentido”. As mãos ficam unidas, espalmadas lateralmente, grudadas poderia assim dizer-se, as pernas. A cabeça firmemente posicionada com o olhar à frente, peito estufado.
Em seguida, tomada a posição de sentido, continência ao comando (dedos da mão direita rigidamente unidos de encontro parte lateral do osso da fronte), obedecendo mais ordens: “Direita volver, ordinário marche”.
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Na Polícia do Exército cheguei a condição de cabo. Se tivesse optado por um engajamento poderia chegar, quem sabe... a patente de capitão, quem sabe... ser presidente.           
                                                        
  


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