O Serviço Militar Obrigatório é
exigência na forma da lei para ser cumprindo pelo jovem aos 18 anos de idade,
consistindo no exercício de atividades especificas desempenhadas nas Forças
Armadas (exército, marinha ou aeronáutica). A obrigação a ser executada
inicia-se com o alistamento militar. Sucede-se então uma seleção geral
(principalmente com exame médico) e quem estivesse apto seria incorporado às
fileiras militares. Numa época, anos passados, o jovem torcia para ser
reprovado na seleção ou, ia em busca de um “pistolão” (recomendação de uma
pessoa influente) para ser dispensando do serviço, por duas razões: uma,
atrapalharia a continuidade na vida civil (trabalho, estudo), a outra, odiar a
rígida disciplina militar, sentir-se cerceado em sua liberdade.
Hoje, devido a precária situação
econômica nacional, o “serviço à Pátria” é desempenhado em sua maioria por voluntários.
Pois bem. Completei 18 anos. Faz
tempo. Aprovado na seleção, sem pistolão, fui “servir a pátria”, incorporado ao
quartel da Polícia do Exército, conhecida PE, em Porto Alegre, guarnição que
tinha a responsabilidade de policiar soldados, atender ocorrências de trânsito
com viaturas militares e, eventualmente atender conflitos entre civis.
Dura e disciplinada rotina de caserna.
Eu e tantos outros recrutas procediam do interior, o que significava ser
chamados de “ratões” (aqueles que vivem diariamente dentro quartel), na verdade
no militarismo é ser engajado. Outro termo militar é “soldado arranchado” o que
significa alimentar-se no quartel. Como soldado recebia um salário inferior ao
mínimo e tinha ainda o desconto devido ao rancho, termo também militar, na
verdade alimentação.
A rotina militar começava no interior do
alojamento com a alvorada, acordando e ouvindo, o toque de corneta às seis
horas da manhã. A partir daí tudo depressinha, tempo cronometrado. O levantar
da cama tinha que ser rápido. Arrumá-la, lençol e coberta esticadinhos. Tinha
sargento “caxias” (o sargentão super crente em suas funções) que jogava uma
moeda sobre as cobertas para verificar se estavam rigorosamente estendidas. Não
poderiam enrugarem. Higiene corporal. Pronto. Direção ao pátio para a cotidiana
e infalível formatura em pelotões, obedecendo a hierarquia, com tenentes,
sargentos, cabos e soldados.
Inúmeras eram as atividades a ser
desenvolvidas na rotina militar, entre elas a “ordem unida” que consistia em
treinamento as marchas militares e desfiles cívicos, na formação de um conjunto
rigorosamente harmonioso, equilibrado e principalmente cadenciado. Existem movimentos
com ou sem armas, que tem forma padronizada por uma voz de comando, pelas quais
o comandante exprime verbalmente a sua vontade. A ordem unida começa com os
soldados perfilados quando acatam o comando de “sentido”. As mãos ficam unidas,
espalmadas lateralmente, grudadas poderia assim dizer-se, as pernas. A cabeça
firmemente posicionada com o olhar à frente, peito estufado.
Em seguida, tomada a posição de sentido,
continência ao comando (dedos da mão direita rigidamente unidos de encontro
parte lateral do osso da fronte), obedecendo mais ordens: “Direita volver,
ordinário marche”.
*** ***
Na Polícia do Exército cheguei a
condição de cabo. Se tivesse optado por um engajamento poderia chegar, quem
sabe... a patente de capitão, quem sabe... ser presidente.
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