A não ser os desmedidos erros na língua portuguesa, como por exemplo, usar “com nós” quando o certo é conosco, o treinador da seleção brasileira de apelido Dunga, saiu-se de forma razoável ao explicar, porém sem convencer, as convocações de matungos e macróbios no lugar de jovens jogadores ascendentes
No entanto, quando Dunga quer se tornar um professor de civismo, apelar para o discurso da cidadania, o chamamento ao patriotismo ele se perde totalmente. Conservador mistura patriotismo com uma atividade essencialmente profissional como o futebol, que nada tem a ver com a devoção à pátria. Reacionário parece ser personagem do discurso anacrônico, obsoleto e superado.
Lembra uma época, Copa do Mundo de 1970, dos anos de chumbo, da ditadura dos militares, do ditador Médici, do ufanismo misturado ao cretinismo do “Brasil. Ame-o ou deixe-o”, daquela música megalômana ... “90 milhões em ação/Prá frente Brasil/Salve a seleção”. De repente, por tudo isso, numa reflexão comedida, a lembrança vem com o escritor inglês Samuel Johnson e sua famosa frase: “O patriotismo é o refúgio de um canalha”. Nesse aspecto Dunga nada se diferencia do seu também colega treinador de seleção conhecido pela alcunha de Felipão, que era admirador do ditador Pinochet.
Na entrevista coletiva concedida, em certo momento da entrevista, quando ele se refere ao assunto do tempo da escravidão ou a ditadura militar diz não saber de nada, que não viveu aqueles momentos. Não precisava viver naquela época porque a história conta os fatos, se aprende na escola, nos livros, se adquiri conhecimentos, principalmente para quem é filho de uma professora de História para se saber os malefícios da escravidão e a tirania da ditadura.
Dunga falou, insistiu na coerência, comprometimento e patriotismo. Dunga se mostra um sujeito sadio, sem vícios – e parece ser assim. Mas a coerência Dunga, como fica? Para quem faz publicidade de bebida alcoólica de uma cervejaria, quando se é brahmeiro a coisa parece incoerência? Nem aspecto não parece ser bom exemplo.
Ainda a coerência de Dunga!!! Na entrevista disse Dunga que na dispensa de Adriano falou mais alto a razão do que o coração. Procurou ajudá-lo, mas não conseguiu. Ficou fora. Quanto ao goleiro Doni o coração foi mais importante que a razão. Reserva no time italiano do Roma foi chamado em detrimento de outros goleiros, como Vitor. Explicou Dunga que numas convocações da seleção Doni foi convocado a contragosto do time italiano e por isso o puniu, colocando-o na reserva. Em reconhecimento ao fato foi convocado para a Copa do Mundo. Nesse caso o coração falou mais alto que a razão.
E o comprometimento que fala Dunga. Será o compromisso com todos aqueles patrocinadores da CBF: empresa telefônica, guaraná, banco e até uma empresa fabricante de salsichas. Fala em patriotismo o Dunga. Mas isso tudo, todos os interesses capitalistas, milhões de dólares em jogo certamente nada tem a ver com o amor a pátria, a consciência dos deveres expressamente cívicos. O autentico patriotismo não está na ponta das chuteiras, na bola rolando, numa Copa do Mundo. O máximo que pode haver é uma admiração pelas coisas do país como, por exemplo, o futebol.
A sua ideia de patriotismo Dunga, com nós não. Desculpe, conosco não. O patriota não busca refúgios. O verdadeiro não se trata como um canalha.
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