Para a constatação e convicção de alguns adultos até então iludidos, para desencanto das crianças, para prejuízo daqueles que buscam trabalho temporário nessa época, Papai Noel não existe. A campanha de um bispo argentino é no mínimo inusitada. O prelado exige que se torne oficial a inexistência de Papai Noel. O bom velinho de roupa vermelha trata-se de uma mistificação, uma concorrência direta com o nascimento de Jesus Cristo. Gente grande que acredita em Papai Noel, que acreditava na vitória de Serra diante Dilma, na conquista do hexacampeonato mundial de futebol, oficialmente, segundo o bispo, pode desacreditar também em Papai Noel. Com a atitude do bispo quem irá entregar os presentes às criancinhas? Dano para o aposentado que se vestia de Papai Noel em busca de uns trocados a mais.
O bispo é da diocese na cidade de Resistência, capital da província de Chaco. Ele avisa:
- Não devemos nos confundir, não devemos misturar o Natal com isto que está por ai. Pais católicos têm a obrigação de contar a verdade sobre o Papai Noel aos filhos.
Para o bispo, Papai Noel é simplesmente “um homem de vermelho”.
- Outro dia perguntei a uma criança sobre o Natal, e ela me respondeu que sabia que a data havia chegado porque tinha cidra e panetone.
Na verdade o bispo fundamenta-se na materialização do Natal. Tornou-se um período atraente para a indústria do consumo, o mercantilismo desenfreado. O Natal tornou-se um acontecimento significativo com o aumento da atividade econômica. É natural e necessário que assim aconteça, mas não em demasia, com o exagero próprio de uma sociedade de consumo. O materialismo tornou-se tão preponderante que o aspecto religioso é colocado em segundo plano. O capitalismo devorador consome até a crença cristã. A imaterialidade, diante da dimensão da ausência da sensibilidade religiosa, ainda persiste pela fé de pouco em que o mais importante é a comemoração do nascimento de Cristo. Sou do tempo de criança, que guloseimas, a mesa farta e ostensiva de riqueza, eram perfeitamente dispensáveis. Sou da época, levado pelos meus pais, do Natal que se comemorava dentro de uma igreja com a celebração da Missa do Galo (diz a lenda que à meia-noite do dia 24 de dezembro, um galo teria cantado anunciando a vinda do Messias). Nem sei se ainda é celebrada a Missa do Galo, talvez por falta de crença. A certeza é de que uma missa, nos dias de hoje, à meia-noite, é uma temeridade.
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