segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Ah, Ah, Ah...2

Contei semana passada as minhas peripécias numa caminhada na cidade na extensão de mais ou menos cinco quilômetros e duração aproximada de 40 minutos.
Pois bem. Tudo o que foi narrado não foi verdadeiramente tudo, em razão do esgotamento de espaço reservado à escrever a coluna. Sim, aconteceram mais coisas e que posso contar no espaço disponível nessa edição, a saber:
Caminho. Sigo pela calçada. Atrás de mim sinto aproxima-se um barulho ensurdecedor, uma total algazarra, uma grande presepada, formada por intermitente zoada de buzinas causadas sob a pressão do ar comprimido, evidentemente para me chamar a atenção. Trata-se de uma carreta, uma daquelas de cinco rodados e 22 pneus. O potente caminhão para no acostamento ao meu lado. A parada, com a freada motivada por freios a vácuo, com aquele som característico de chiado fortíssimo é outro festival de estrepolia sonora, fuzarca em altos decibéis.
Do alto da cabine de quase três metros de altura uma voz conhecida me sacaneia:
- Hei, Carioquinha, vai pro Rio a pé? Sobe aqui na boleia que lhe dou uma carona.
Invocado, apoquentado, sacaneado, respondo em alto e bom som, sem pestanejar:
- NÃÃÃÃÃO. Quer saber? Sabe para onde estou indo? Para a ponte que caiu.
Ando, penso, e chego a conclusão que é melhor deixar pra lá. Quem mandou andar a pé.
Fico resignado com as gozações recebidas, na verdade, com um jeito de vaidade, satisfeito e gratificado pelo reconhecimento.
No entanto nem todos que por mim passaram possuíam o espírito jocoso, o engraçado como natural. Um conhecido, de forma séria, prestativo em me fazer um favor, para ao meu lado. Baixa o vidro da porta e gentilmente pergunta se eu desejo uma carona.
Como até aquele momento todas as interpelações foram de forma espirituosa, provocações com gracejos, dessa maneira entendi o amável convite e a resposta foi dada naquele tom um tanto quanto descortês:
- Não enche o saco, prefiro ir pé.
O sujeito, naturalmente por não aceitar o obséquio e pela resposta interpretada como mal-educada, se mostrou desvairado pela arrancada repentina com o seu carro, cantando pneus. Meditei e me indaguei. Qual seria o motivo que deixara a pessoa fula da vida? Não haveria causa aparente e me propôs a responder aleatoriamente com três respostas: de fato fui malcriado, ou o sujeito sentiu que o tinha menosprezado ou ainda porque não teria qualquer confiança com ele ao volante.
Enfim cheguei à Linha Julieta na concessionária de automóveis. Então voltei e voltei motorizado, a bordo – sorry periferia - de uma Captiva.
Chegou a minha vez: ah, ah, ah...

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