domingo, 26 de fevereiro de 2012

Jurere

Desde o ano de 1980, no período de verão, frequento o litoral catarinense, especialmente o litoral norte de Florianópolis, na ilha de Santa Catarina, que compreende a praia da Ponta das Canas até Jurerê. Em tempo de veraneio meu ponto preferencial e costumeiro era o camping em Cachoeira de Bom Jesus.
Sempre gostei dali e da região por suas agradáveis características. Qualquer praia vizinha (Ponta das Canas, Cachoeira de Bom Jesus, Canasvieiras e Jurerê) o cenário é o mesmo. De uma ponta a outra das praias citadas toda a beleza do mar se mistura com o verde de alguns morros que sobrou da exploração imobiliária. A paisagem bucólica é maravilhosa, de encanto gracioso. Continuo passeando por Florianópolis e se passaram mais de 30 anos. Naquele tempo do início da década de 80 havia alguma coisa que restou de original e autêntico na formação da ilha. Coisas muito rudimentares do jeito de viver, aquela simplicidade natural, que o progresso, a chamada indústria do turismo está arruinando.
Um exemplo de antigamente em que quase tudo tinha um modo de ser meio primitivo situava-se em Cachoeira de Bom Jesus. O caminho para ir a praia tinha como piso uma mistura de areia com terra. Dali (do camping que hoje já não mais existe tomado por um condomínio residencial) até à praia dos Ingleses distam aproximadamente cinco quilômetros. Naquela época parte do trajeto, na subida do morro, era puro barro vermelho. Sob o sol a poeira insuportável. Em dia de chuva a estrada se tornava quase intransitável. Assim se mostrava naquele tempo a tranquila e agradável região. Hoje há asfalto para tudo que é lado e dezenas de lançamentos imobiliários.
Decididamente a evolução urbanística, o crescimento imobiliário e por conseqüência a mudança do cenário de casas tradicionais para prédios modernos, a transformação do jeito de ser da região modificando-a pelo apetite devorador de empreendimentos de toda a sorte a fez perder sua antiga simplicidade, a natural singeleza, a magia da ilha.
Mudança drástica imposta pela urbanização foi a transformação de uma praia conhecida simplesmente como Jurerê, que passou a ser Jurerê Tradicional pelo surgimento da nova Jurerê Intarnacional. O avanço imobiliário que começou na região ao final da década dos anos 70, obrigou, empurrou dali a população primitiva, os chamados “manezinhos”, em sua maior parte pescadores. O infortúnio do primeiro povo a existir naquelas paragens foi ter que abandonar o local, suas origens. O pobre e trabalhador nativo teve que se mudar para dar lugar aos abastados gaúchos, aos aquinhoado paulistas e porque não ricos catarinenses da metrópole em busca da relevância social.
Jurerê Internacional seria o lugar ideal para viverem os donos do dinheiro. Igual aos milionários americanos aposentados que passam a viver em Miami, Jurerê Internacional seria o local ideal para esse tipo de gente brasileira nem que para isso fosse necessário fazer uma devastação.
Assim foi simplesmente Jurerê e agora é Jurerê Internacional.

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