terça-feira, 13 de março de 2012

O Principe e o Apanhador

Demorei muito tempo para ler O Pequeno Príncipe, obra de Saint-Exupery. Não fiz antes, muito antes, por uma bobagem conhecida por preconceito. O conceito formado antecipadamente e sem fundamento razoável quanto ao livro adveio daquelas entrevistas das candidatas em concursos de miss que respondiam invariavelmente e em sua maioria, que o livro preferido era O Pequeno Príncipe. Num prejulgamento errôneo, numa conclusão distorcida, acreditava que mocinhas bonitinhas só podiam ler mesmo historinhas infantis e é nesse ponto do pensamento que se expressa o preconceito. Motivo tolo para deixar de ler O Pequeno...
Algum tempo atrás, na estante de casa para a guarda de livros, remexendo e vasculhando para encontrar determinado texto me deparo com uma edição do O Pequeno...O livro de pequena espessura, fino, 90 páginas, estava perdido, espremido e apertado entre outros de bem maior densidade. Não o tinha adquirido e nem o faria em razão do preconceito. Não sendo eu, claro, a aquisição foi de minha mulher.
Outra vez preconceitualmente e em forma de gracejo, pergunto para ela se já tinha lido o livro. A resposta foi firme, sem titubear, sem qualquer preconceito:
- Sim li. Adorei e é o que você deveria fazer.
Foi o que fiz. Li e adorei.
Um outro livro que levei um bom tempo para ler: O Apanhador no Campo de Centeio de J.D. Salinger. Com este não tive qualquer preconceito. Não o li muito por não encontrá-lo, estava fora de catalogo por sua editora. Com a morte do seu autor em 2010, o livro foi reeditado em diversos paises, inclusive no Brasil.
Como o livro de Saint-Exupery, o Apanhador... pode ser referendado como aparentemente simples. No O Pequeno.. há o relato de fantasias e sonhos de uma criança numa narrativa poética, cheia de encantamento, rica em simbolismos.
Salinger lida com temas tipicamente de adolescentes como confusão, alienação e rebelião. Nada mais de trágico ou dramático expondo o universo dos jovens de modo absolutamente natural. Trata-se de um clássico da inocência perdida num singelo romance. Foi escrito nos anos 50. A linguagem aberta do autor foi censurada em muitos lugares pelo uso de palavrões, palavras de baixo calão, que hoje soam na televisão, por exemplo, de maneira natural, sem qualquer constrangimento. Foi liberal demais afirmavam conservadores, na discussão dos dilemas dos jovens em suas angústias com a abordagem aberta de temas cheios de tabus e preconceitos, como a sexualidade. O universo dos jovens na época de Elvis Presley, em termos de drogas era o cigarro. O rapaz Holden, protagonista principal, narrador da história fumava desbragadamente, algo de muito ingênuo no mundo atual de cocaína, maconha e crack.
Pois não. Por reles motivo ou empecilho qualquer, deixamos de ler muita coisa interessante, agradável, de verdadeiro lazer.

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