sábado, 23 de junho de 2012

Os depoimentos

Foi bem assim. O governador de Goiás Marcos Perillo do PSDB chega ao Congresso Nacional para num auditório realizar seu depoimento diante dos membros da CPIM. Sua chegada foi digna de um espetáculo grotesco, nada consoante com um local que deva expressar respeito, ordem e bom comportamento. Perillo chegou saudado e cercado por um grupo de puxa-sacos que davam urras ao seu líder. Protegia ao governador recomendando: “Ninguém encosta, ninguém coloca a mão”. Só faltava ser levado nos ombros como herói vencedor de um combate, tipo assim, um lutador de boxe, no centro do ringue, sendo ovacionado, coisa de causar inveja aos adversários, no caso o PT. De repente, no depoimento, o relator da Comissão que é do PT sugeriu que Perillo quebra-se seu sigilo bancário e telefônico. A platéia formada pela turma do PSDB não gostou. Pulou em cima das cadeiras, berrou e num faniquito histérico batendo os pés disse tratar-se de uma ofensa. Inadmissível oferecer sigilo bancário e telefônico de tão honrada pessoa e o que não aconteceu de fato. Quanto ao depoimento Perillo deveria explicar seu envolvimento com o bicheiro contraventor conhecido pela alcunha de Carlinhos Cachoeira. Nada foi esclarecido. Tudo não passou de um lero-lero. *** *** Também foi bem assim. O governador de Brasília Agnelo Queiroz do PT chega a uma sala da Câmara de Deputados para prestar seu depoimento. Seus apoiadores, todos bajuladores fazem verdadeira aclamação pública. O cercam. Aos berros clamam: “Ninguém bota a mão, ninguém tasca”. O levantam entusiasticamente como se fora no centro do octógono como campeão do MMA. Algazarra e baderna. Desrespeito total a um dos templos representativo da democracia. Mais político, para decepção da turma do PSDB, Agnelo coloca a disposição seu sigilo bancário e telefônico. A claque petista vibra, numa manifestação neurótica. Quanto ao depoimento um arrazoado nada convincente, um discurso pela politicagem. Nada foi dito de seu envolvimento com o corruptor de epíteto Carlinhos Cachoeira. *** *** As degradantes cenas ocorridas nas dependências do Congresso Nacional, paladino da plena democracia, seja o local para atos degradantes que aviltam a consciência nacional, são infames aos civilizados, ofensivos a Nação. Tornou-se a Câmara Federal local de um espetáculo circense de profundo mau gosto, palco de uma comédia de roteiro inconveniente, indesejável. A democracia permite que políticos abusem desse poder, para proporcionarem atos e fatos caricatos, aproveitando-se da tibieza de eleitores, da indolência do povo de apenas assistir a todo descompasso da política nacional. Na verdadeira política se deseja que PT (situação) e PSDB (oposição) se embatem pelo melhor da política. No entanto os dois partidos, como duas torcidas de clubes, aplaudem, se regozijam pelas besteiras de suas lideranças.

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