sexta-feira, 12 de outubro de 2012

As urnas punem

Peço perdão pela ousadia em utilizar para meus argumentos uma obra literária respeitadíssima de um eloqüente e excelente escritor como Gabriel Garcia Márquez. Na verdade eu nem sei porque busquei como fonte inspiradora e de raciocínio para se chegar a uma conclusão, uma das obras do consagrado colombiano. Vou usar, parafrasear, no início desse texto com a comum frase, título de livro “A crônica de uma morte anunciada”. Aqui a citação fica modificada: “a crônica de uma derrota eleitoral anunciada”. O observador atento que acompanha a política local não precisa de qualquer pesquisa eleitoral para saber que a debacle do PMDB, a queda do poder, a hegemonia política estava prestes a ser perdida desde quatro anos atrás e para tudo acabar necessitava-se somente de uma eleição. Aconteceu. A crônica de uma derrota eleitoral anunciada. Em 2008 o PMDB teve sorte. Adorou o desacerto político dos adversários, as não superadas incompatibilidades pessoais de uns, o egocentrismo de outros, enfim o esfacelamento de uma oposição que tinha tudo para ser governo municipal. Perdeu-se nas picuinhas, o PMDB agradeceu e ficou mais quatro anos no poder totalizando 12 anos de preponderância governamental, de supremacia política. Foi há quatro anos. Eleição municipal com o PMDB confiante, mas nem tanto. A oposição se mexe. Existe a oportunidade de vencer. Começa negociações políticas. Lideranças políticas de um lado desejam isso, as do outro lado também desejam aquilo. Oposição repartida oferece condição ao PMDB de vencer. Sorte dos peemedebistas em não haver em Farroupilha o segundo turno, senão já era. Retorna-se ao passado. Confere-se junto aos arquivos o resultado eleitoral de quatro anos atrás e verifica-se então que o PMDB venceu pela fragilidade oposicionista. O eleitor desejava mudança, o PMDB depois de oito anos tinha hora marcada para sair do poder. O povo em sua maioria assim desejava, mas a oposição egocêntrica e por isso dividida, não lhe ofereceu essa condição. Na verdade ofereceu em dose dupla e então foi dupla a derrota. Verificam-se os dados eleitorais. Em urnas no centro da cidade o PMDB o PMDB fez 44% dos votos, a oposição dividida, mas paradoxalmente somada faria 40% dos votos. Melhor nos bairros. A oposição unida somaria 49% dos votos contra 44% dos votos do candidato do PMDB. No interior o candidato Ademir Baretta fez 47% dos votos, Paulo Dalsochio (PDT ) 36%, Pedro Pedrozo (PSB) 11%, que significa 47% para a oposição. Com esses resultados, depois de quatro anos, a oposição refletiu, uniu-se e chegou a conclusão de que estava fácil, pela retrospectiva eleitoral, vencer em 2012. Vaidades, suscetibilidades aparadas. Aconteceu. Crônica de uma vitória anunciada. O PMDB pelo resultado da eleição de 2008, deveria reagir, como por exemplo, ter mais presença popular. Buscar, formar líderes com carisma, renovar-se. Ficou perdido no tempo ou o espaço. Acomodou-se. Deu no que deu. As urnas punem. Próceres peemedebistas tentar encontrar causas para a derrota é perda de tempo. O PMDB como um todo é o culpado. Na verdade a culpa pelo fracasso peemedebista foi somente um: a oposição unida. Vale o clichê de todos os tempos: “A oposição unida jamais será vencida” Depois de 12 anos sai do governo gente importante que muito realizaram nesse período, Sai também aquele grupo de CCs, dos companheiros beneficiados pelas benesses, das mamatas. Vão ter que trabalhar agora, mesmo. Procurar emprego. Na verdade, na política a coisa é assim. Mamatas continuam. Outros virão.

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