segunda-feira, 10 de junho de 2013

Pedágio:nunca mais


Pedágio é uma palavra que etimologicamente tem sua raiz no médio latim, de pedaticum, “direito de passar, de por o pé”.

A origem do vocábulo é clara e democrática, quando diz “direito de passar”, portanto o direito de ir e vir e por isso se entende explicitamente, sem pagar nada.

Entretanto pedágio virou sinônimo de exploração financeira, que tem correlação única com o sistema socioeconômico que consiste no caso, o pagamento de uma taxa pelo usuário, a uma empresa privada explorando um serviço público, qual seja, trafegar pelas estradas, o que acontece em todos os casos nesse tipo de concessão.

Na verdade pedágio é coisa antiguíssima. Já se pagava para trafegar pelos logradouros na Roma Antiga no século III A.C., em carruagens e liteiras, não se sabendo o valor pago em áureos, denários ou sestércios, moedas cunhadas em ouro, prata e bronze respectivamente, mas certamente não equivaleriam nos dias de hoje aos sete reais que se pagava para trafegar por 17 quilômetros entre Farroupilha e Caxias do Sul.

Cobrança de pedágio no Brasil é também coisa antiga. Afirma-se que a primeira instituição pedagiana brasileira teve a exploração pecuniária de um holandês. O príncipe Mauricio de Nassau, em certo local de terras nordestinas construiu uma ponte. Teve imensas dificuldades financeiras, realizou empréstimos para terminá-la. Quando da inauguração para ressarcir o prejuízo foi logo avisando: será cobrado pedágio.

No século XVIII, Coroa Portuguesa, no tempo de Brasil colônia, só autorizava circular pela Rota dos Tropeiros se tivesses lucro e para isso estabeleceu postos de registros que nada mais eram que os pedágios da atualidade. O pedágio na Rota dos Tropeiros deu muito lucro. Foi parte dessa dinheirama brasileira de pedágios que ajudou na reconstrução de Lisboa, destruída pelo terremoto de 1755.

Sabemos que o pedágio em todo o mundo é a forma moderna de se manter bem conservadas as estradas.  O que não sabemos é se por lá existe o IPVA ou o CIDE (imposto embutido no preço da gasolina) cobrados para manutenção das rodovias.

Por aqui, em determinados pontos se entende, por sua competência, a cobrança de pedágios, por exemplo, na freeway pois os resultados são elogiáveis pela conservação e obras na estrada. O pedágio comunitário em Portão é outro bom exemplo que resultou na duplicação da RS-122 no Vale do Cai. Intolerável, verdadeira exploração capitalista, uma afronta pecuniária é pagar R$ 7,00 por 17 quilômetros.

Exploração por despropositados R$ 14,00 para quem precisava trafegar num percurso de 34 quilômetros (Farroupilha/Caxias/Farroupilha). Muito dinheiro numa simples comparação com o gasto de combustível. Considerando-se o veículo que gaste um litro de gasolina para cada 12 quilômetros percorridos, considerando-se o pagamento, em números redondos de três reais pelo litro, a conclusão é de um gasto de nove reais pelos 34 quilômetros. Pelos mesmos 34 quilômetros se pagava 14 reais no pedágio.

Além disso, o pedágio proporcionava a injustiça social. A carcomida Kombi de fretes, o antigo Chevette do humilde trabalhador, o carrão importado do magnata, pagavam as mesmas tarifas. Não há dúvida que na escala social de valores no pedágio havia discriminação. Pouco importa. O que interessava era faturar em cima de pobre e rico.

Nessa situação usurpadora capitalista, na tentativa de fazer prevalecer “o direito de ir e vir” não se deveria condenar, considerar-se como infrator o decidido cidadão que burlava, de uma forma ou outra, o pagamento no famigerado posto de arrecadação.

O ótimo é de que, de agora em diante, em relação ao pedágio, se conjuga o verbo no pretérito perfeito, conforme se pode notar no texto.

Fim de pedágios, fim da exploração comercial. Depois de 15 anos a desativação do posto privado de arrecadação proporcionou euforia imensa aos usuários, o grito de liberdade, a alforria da escravidão dos senhores do pedágio. Esse, nunca mais

 

  

 

 

 

 

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