Pois então o Brasil ganhou a Copa do Mundo 2014. Nesse
momento, nessa hora, hoje, positivamente alguém se surpreenderá com a manchete,
o inesperado comunicado é fora de hora, a inusitada manchete é uma brincadeira
mentirosa. A Copa nem foi jogada.
Mas nada impede que alguém possa ter esse vaticínio,
profetizar dessa maneira.
Decididamente não há como afirmar agora uma futura vitória
brasileira. Quem sabe alguém, com percepção extrassensorial, com a faculdade da
premonição, possa assim garantir de forma antecipada a conquista desejada.
O que se prognosticou no passado e confirmou-se no presente
é de que o Brasil venceu o jogo político dos gabinetes da Fifa em Zurique e com a vitória administrativa ganhou a
primazia, o privilégio de sediar a Copa do Mundo.
A partir daí, o Brasil escolhido, surge uma disputa política,
envolvendo prestígio, astúcia, esperteza de governantes e outras coisas menos
dignificantes para a escolha das cidades-sedes que abrigariam os jogos.
Demonstraram interesse 18 capitais com a pretensão,
candidatas a serem cidades-sede, número expressivo pelo exagero, o que acabou
por levar a uma disputa impar relacionada às influências e o poder político. A
concorrência foi enorme. Pelo desejo da FIFA somente 10 (em 2010 na África do
Sul foram nove) por questões econômicas, seria o número ideal de cidades-sede,
mas os cartolas da CBF queriam contentar mais governadores e prefeitos. Pedido
feito à federação internacional e atendido: 12 as cidades-sede, significando
mais despesas, mais dois estádios construídos (custos em torno de 1 bilhão de
reais) sem necessidade, conforme vontade inicial da FIFA.
Na escolha das 12 cidades, em alguns casos, o critério técnico
não foi privilegiado e até subestimado pelos interesses políticos. Pela região
centro-oeste, uma das cidades escolhida foi Cuiabá (MT) com uma população de
561 mil habitantes, em detrimento a Campo Grande, bem maior populacionalmente e
economicamente, capital do Mato Grosso do Sul, com mais de 800 mil habitantes.
Explica-se a escolha: o governador do Mato Grosso sempre foi amicíssimo de
Ricardo Teixeira, presidente da CBF, que deve alguns favores ao governante. Na
verdade, no aspecto futebolístico – clubes inexpressivos, futebol sem projeção
nacional - nenhuma das duas capitais mereceriam uma escolha. Mais. Em Cuiabá o
esporte preferido e mais praticado é o beisebol. Decididamente em qualquer uma
das duas cidades citadas, pelos argumentos colocados, não teria suporte para
ser sede, por conseguinte nenhuma arena construída e a economia de 500 milhões
de reais. O Distrito Federal, com Brasília, será a outra sede no centro-oeste
do país, outra capital sem tradição
esportiva, sem clubes de projeção. Goiânia, com equipes de maiores tradições, com
um público que gosta de futebol perdeu na concorrência de forma injusta pelo
aspecto técnico e de interesse esportivo. Sejamos sensatos: ninguém poderia
vencer a força política e econômica da capital do país. No norte do país a
cidade sede escolhida foi a capital Manaus. A escolha na região é outra coisa
com argumentos a discutir quando entra em pauta a sensatez, a lógica, o aspecto
técnico, a tradição e o gosto pelo futebol.
A cidade concorrente na região foi Belém que como é sabido
não levou. Poucos serão aqueles que apreciam o futebol a citar um dos clubes da
capital manaura. Vai ser difícil.
Belém tem três clubes tradicionais cujos jogos entre si,
pela tradição e rivalidade, levam milhares e milhares de torcedores aos
estádios. Argumenta-se que Manaus foi escolhida para incrementar o turismo
internacional na região, entre cobras e lagartos.
A Capital Natal será mais uma sede na região nordeste e para
isso gastará 500 milhões de dinheiro público na construção de uma arena. Essa
sede deveria ser em Florianópolis com a ampliação do estádio do Figueirense com
recursos privados. Não levou. Por quê!
Um senador do estado catarinense iria presidir a CPI contra
a CBF e claro envolveria Ricardo Teixeira. Esse é o Brasil de todas as Copas,
da política, das artimanhas e porque não, do futebol.
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