Aquele sujeito preconceituoso, da ideia preconcebida de que
o ruim, o atraso, a ignorância é de outra gente, não do meio em que vive - já
esse juízo é uma manifestação na forma de uma atitude discriminatória - que
costuma ter sempre um aspecto pejorativo contra alguém, um mau-caráter com
determinados grupos sociais, pode também fazer surgir o preconceito, nesse caso
exclusivo, para com os brasileiros do norte e nordeste.
Provavelmente será assim que esse tipo de individuo denotará
e expressará sua insatisfação com a divulgação do IDHM brasileiro, em que os
baixos indicadores das regiões norte e nordeste do país se contrapõem
drasticamente com os bons resultados do sudeste, centro-oeste e sul, o que permite
aqueles do pensamento retrógrado, desqualificável e insultuoso, do preconceito
nordestino e nortista, que o Brasil seria outro, próximo ao primeiro mundo,
desde que não fizessem parte daquele Brasil, nortistas e nordestinos.
Vamos abrir mão da retórica sobre o comportamento humano,
deixar de lado sentimentos e sensibilidades e reportar a questão unicamente
técnica do IDHM recentemente apresentado.
Sim, existentes diferenças severas e desproporcionais com os
índices de desenvolvimento entre as regiões sul, sudeste e centro-oeste,
comparadas as do norte e nordeste. O IDHM revelou que cerca de 74% dos
municípios brasileiros (ou 4.122 deles) se encontram nas faixas de Médio e Alto
Desenvolvimento concernente aos números de classificação 0,800 a 1 e 0,700 a
0,799 respectivamente, enquanto cerca de 25%
deles,ou seja 1.431 municípios, estão nas faixas de Baixo (0,500 a
0,599) e Muito Baixo (0 a 0,499). De forma especifica somente 0,8% dos
municípios brasileiros, ou seja, 44 deles fazem parte da faixa de Muito Alto
desenvolvimento humano.
As regiões sul, 769 municípios (64.7%) e Sudeste 871
municípios (52,2%) tem a maioria de seus municípios concentrada na taxa de Alto
desenvolvimento. No centro-oeste em 265 municípios (56,9%) e no norte 226
municípios (50,3%) a maioria está no grupo de Médio desenvolvimento
humano.
O nordeste tem a maioria dos seus municípios - começam a ser
reveladas as acachapantes diferenças – no grupo do Baixo desenvolvimento
humano, 61,3% ou 1.099 municípios, enquanto no norte somam 40,1% , ou seja
1.099 municípios.
As desigualdades acentuadas se mostram por mais dados: as
regiões sul, sudeste e centro-oeste não possuem qualquer município qualificado
de Muito Baixo desenvolvimento. Em contraposição as regiões Norte e Nordeste
não contam com nenhum município na faixa de Muito Alto desenvolvimento.
Na unidade federativa Distrito Federal tem o IDHM de 0,824 o
mais elevado e se destaca também como único da federação a figurar na faixa do
grupo Muito Alto. O DF é melhor em tudo em termos de IDHM: renda (0,863),
Longevidade (0,873) e Educação (0,873) . Enquanto isso o estado de Alagoas tem
o pior indicativo de 0,631, seguido do Maranhão 0,639). Alias os 10 piores
estados no IDHM são do norte e nordeste, como também as 10 piores capitais. Os
10 piores indicadores dos municípios brasileiros situam-se em quatro no Pará,
dois no Maranhão, dois no Amazonas, um de Roraima, outro do Acre, sendo que o
pior deles, Melgaço, está no Pará.
Há comparações abismáticas. São Caetano do Sul (SP) é o
primeiro colocado entre os municípios brasileiros, índice de 0,862. que
registra uma renda per capita de R$ 2.043,00
enquanto em Marajá do Sena (MA) soma insignificantes R$ 96,25.
Decididamente o Brasil do sul, sudeste e centro-oeste seria
outro, sem qualquer preconceito ou discriminação.
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