terça-feira, 26 de novembro de 2013

Me deixa em paz

Eu compreendo perfeitamente, faz parte do jogo do amor. Na vida da gente tudo sempre acaba até a própria vida. O amor não é diferente, não é eterno. Como tudo, um dia qualquer, está sujeito a chegar ao fim.
Comovidamente entendo quando você disse que já não me queria.
Tudo acabado entre nós, a partir do amor acabado. Você já não me queria.
Não há o que discutir. Tudo terminado. Você nem chorou, na sua espontaneidade amarga, até maldosa, porque decididamente tudo havia acabado.
Você foi embora, firme, sem qualquer ressentimento ou arrependimento, sem olhar para trás, nem que fosse de soslaio, com o canto do olho.
Impassível, foi embora. Em busca de outro amor. Afinal você já não me queria.
Você se foi, eu fiquei sozinho. Sem o teu amor, o amor perdido.
Solitário e sofrido fiquei me remoendo no meu âmago. Na profundeza do meu íntimo não aceitava a desilusão de um amor perdido.
Fiquei perdido na penumbra amorosa, os raios luminosos do amor desaparecera.
Decepcionado e desiludido, fiquei. Ficaram também somente as lembranças.
A foto que está no mesmo lugar, agora, mais do que nunca idolatrada,com o seu sorriso aberto, magnificamente lindo, é a eterna recordação.
Da felicidade à saudade. Fui amado, deixei de ser amado.
Resignado estava tentando me acostumar com a desventura amorosa, com a sua ausência. Estava assimilando e me fazer compreender com o bem passado perdido, lindo e suave, embora triste.
De repente, quando de fato o passado era o tempo decorrido, você aparece, surge por detrás da cortina das recordações, quando quase tudo estava esquecido.
Me procura. Não devia me procurar, jamais. Fez isso, por quê?  
Para endemoninhar minha vida, satirizar minha pessoa, ironizar, zombar de uma paixão perdida?  Maldosa, se trata de uma perfídia?
Você não pode ser tão cruel amaldiçoando alguém.
Se você não me queria, não devia me procurar.
Não devia me iludir, me causar a sensação do logro amoroso, enganar meus sentimentos, equivocar um sentido sincero, o que agora se afigura como falso.
Não devia deixar me apaixonar. Me entusiasmar de novo com o seu amor, um novo amor impossível. Não deveria exaltar esquecidos sentimentos.
Despertar o sentimento feliz e profundo do amor e que paradoxalmente que agora pode se tornar em uma paixão odiosa.
Agora evitar essa dor é impossível. A dor, essa sensação desagradável, o desconforto destrutivo ao termino de uma relação. A dor dilacerante da separação, da rejeição, do amor magoado, do sofrimento moral.
Entenda que evitar essa dor é impossível.
Compreenda muito mais que evitar essa dor decorrente de um falido amor é muito mais que uma possibilidade. Seria impraticável e insuportável, algo como uma extravagância.
Você não me queria, mas de forma incompreensível me procurou.
Não devia me deixar iludir, me apaixonar. Não me querer e ainda assim me procurar. Para que isso? Essa dor poderia ser evitada, evitando esse amor.
Muito mais que tudo isso você acabou arruinando a minha vida.
A agora por favor, desconsolado, peço: me deixa em paz.
                                                     *** ***
Esse texto foi baseado no bonito samba do genial compositor Monsueto, Me deixa em paz.

   










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